sábado, 5 de novembro de 2016

A contradição será advertência?

                                
        Como a reportagem do New York Times vem mostrando, a campanha da candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton  se vê, nesta reta final, flanqueada por amigos  e celebridades.
        Por sua vez, o candidato republicano, Donald J. Trump é cuidadosamente evitado pelas grandes figuras do GOP. E tal ocorre mesmo na presente eventualidade, em que paradoxalmente cresce a popularidade do bilionário nova-iorquino. Os figurões republicanos, por motivos vários, lhe evitam a companhia, mormente nos estados imprevisíveis (swing states),  em que a sua paradoxal má-fama possa vir a prejudicá-los.
         Entrementes, grandes figuras do Partido Democrata não hesitam em dar força à candidata do seu partido, seja acompanhando-a em grandes eventos, seja fazendo campanha em seu nome.
         Senão, vejamos. Na sexta-feira, Hillary fez campanha em Pittsburgh e Detroit, ladeada pelo bilionário Mark Cuban, e mais tarde, em um concerto, em Cleveland, com Jay Z e Beyoncé.
        Seus auxiliares tampouco foram de pequena monta: o Presidente Obama fez comício na Carolina do Norte, e  seu marido, o ex-Presidente Bill Clinton, a representou no estado de Colorado.
        Ainda que o comparecimento aos seus comícios seja grande - o que já é surpresa - o Partido Republicano não se fez representar pelas suas grandes personalidades, que se afastam de Mr Trump, como o diabo da cruz. O bilionário hoteleiro, na sua campanha, tem feito uma espécie de tostão contra o milhão, como fora a tônica de um conhecido demagogo no Brasil.
         E não é por acaso, ou desorganização que as grandes figuras não dão as caras, enquanto do republicano se trate. Por exemplo, em New Hampshire,  não apareceram para apoiá-lo tanto a Senadora Kelly Ayotte, que tenta a reeleição, quanto o candidato a governador, Chris Sununu, que se cingiu a fazer-se representar pelo seu genitor, John H. Sununu,  que compareceu com uma piada grosseira sobre o casal Clinton.
          Já os  ajudantes de Hillary - e o foram de nomeada, como o Presidente Barack Obama, enviados para os principais estados, aqueles que decidem o pleito.  Assim o Presidente Obama encareceu aos votantes que sufragassem Hillary em Fayetteville, North Carolina (um dos swing states - os chamados estados  imprevisíveis que costumam decidir os pleitos) ainda antes do fim da votação antecipada, que vai até hoje, sábado, cinco  de novembro.
            Nessa ocasião, o Presidente leu uma carta de Grace Bell Hardison, uma centenária natural da Carolina do Norte, a que funcionários republicanos haviam tentado desqualificar como votante... Barack Obama, além de fornecer o endereço do próximo posto de votação, ainda interveio, pedindo calma, quando um energúmeno apoiador de Trump, agitando uma bandeirola, foi retirado do local, em Fayetteville.
             Se alongaria demasiado este blog com os tropeços e as perdas de apoio do candidato republicano, o duro golpe aplicado no governador Chris Christie por haver preparado  incrível engarrafamento monstro na Ponte George Washington (que liga o estado dormitório de New Jersey com Nova York).  Dois dos associados de Christie foram condenados pela Justiça. Com essa notícia de última hora, o chefe da campanha da Senhora Clinton, John  D. Podesta, disse aos repórteres que Mr Trump "deveria começar a esvaziar o seu próprio pântano, assim  como solicitar a Mr Christie renunciar como chefe do seu gabinete de transição".
           Por fim, o Speaker da Câmara de Representantes, Paul D. Ryan, apoia Trump, mas se escusou de fazer campanha por ele.  Tampouco mencionou Trump o ambicioso Senador pelo Texas, Ted Cruz.
           Se há muito posturing - gestos vazios - na campanha republicana, forçoso será admitir que cerca o contendor Donald Trump  embaraçante e embaraçoso silêncio, de parte das grandes figuras do GOP.
           Quiçá o único mistério que resta a ser determinado é o da atitude de alguns correspondentes de jornais brasileiros, que teimam em levantar a bandeira de Mr Donald Trump por sabe-se lá que motivos...


( Fonte: The New York Times ) 

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