terça-feira, 15 de novembro de 2016

Entrevista do Ministro Barroso

                             

       Na entrevista da 2ª Feira, gostei do tom e da franqueza - quando possível - do Ministro Luís Roberto Barroso. 
        Com relação a tópicos da entrevista, há pontos a elogiar, outros a ressaltar, e alguns, a calar.
Folha:      "Esse país que o senhor preconiza pode conviver, por exemplo, com um juiz que divulga conversas privadas, como fez Sergio Moro com as da família de Lula, quando a lei diz que devem ser destruídas?"
Ministro Barroso: "Eu não comento casos concretos. Mas, falando genericamente, vazamentos de conversas privadas não associadas à investigação são reprováveis."
Folha: "Em algum momento limites legais estão sendo rompidos?"
Ministro Barroso: "Não, não tenho esse sentimento, não tenho. A minha percepção é a de que  não há um Estado policial e sim um Estado democrático de direito querendo mudar seu patamar ético e civilizatório, com todas as dores que isso traz."        
         A questão talvez mais importante está na resposta do Ministro Barroso à pergunta da Folha sobre se há operação abafa no ar: "Eu acho que não. Mas a quantidade de interesses que foram revolvidos (pela Lava-Jato) faz com que isso seja uma possibilidade. É preciso estar atento. Uma das sensações que me entristecem no Brasil é a  gente ser menos do que pode ser. Se andarmos na direção certa, nós viveremos uma ascensão mundial inexorável."
Folha:        "O senhor defende o fim do foro privilegiado?
Ministro Barroso:    "Eu falo sobre isso há mais de dez anos. Quem deve ter foro no Supremo? Os chefes de Poder e talvez os ministros do Supremo, e mais ninguém.
          " Aí você tem duas possibilidades: ou todas as autoridades passam a ser julgadas pelo foro que julgaria qualquer cidadão comum, ou talvez elas precisem de algum grau de proteção institucional.
          " O parlamentar, o político em geral é um homem sujeito a paixões e ódios. Portanto, no seu foro de origem, na sua comarca, ele pode ser protegido ou pode ser perseguido.
          "Se criássemos um juízo de primeiro grau especializado, em Brasília, ele poderia ter uma isenção. E daria uma certa unidade ao modelo."
 FolhaA comarca de um ex-presidente é o Brasil inteiro. Lula foi à ONU dizer que não está tendo um julgamento justo no país.
Ministro Barroso: "Eu não posso comentar."       
Folha:  Ele pode eventualmente sofrer perseguição ?
Ministro Barroso:  "Tenho muitas opiniões, mas eu vivo um momento em que não posso compartilhá-las todas. Peço que entendam a minha situação.
"Agora, eu não acho que corrupção possa ser carimbada, a corrupção do PT, a do PSDB, a dos que eu gosto mais, a dos que eu gosto menos. A corrupção é um mal em si, venha de onde vier, e não deve ser politizada.
"A lógica da Justiça não pode ser a do amigo ou inimigo.
 " Há de a do certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo.
"Quem se dispõe a participar desse movimento do Estado democrático de direito, justo, tem que se despir de suas convicções e preferências políticas. Aprendi a fazer isso aqui e, honestamente, procuro viver assim."


( Fonte: Folha de S. Paulo - Entrevista da 2ª )              

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