sábado, 19 de novembro de 2016

Desastre Anunciado

                                 
        A Administração Trump pelas suas indicações para Procurador-Geral (Attorney General), o Diretor da CIA e Assessor de Segurança Nacional já assegura um lamentável retrocesso, e antecipa não poucos graves problemas para o que era visto como a Democracia Americana.       
        Só um sistema como o atualmente vigente nos Estados Unidos da América, que favorece a eleição de um presidente minoritário, pode canalizar tanto ressentimento, ódio racial e estreiteza política.
        A cobertura pelo New York Times das indicações presidenciais para lugares da importância dos três postos acima referidos já garantem o reaparecimento na cena política de personagens da direita raivosa e preconceituosa. O problema de que essa gente ocupe o proscênio da nova Administração vai proporcionar para alguns uma viagem não para o futuro, mas para o passado de um Sul atrasado e preconceituoso, a exacerbação do ódio racial e a vitimização dos afro-americanos, assim como problemas para a democracia no varejo e no atacado.
         Se o Attorney-General no último século teve a própria indicação por Ronald Reagan denegada pelo Senado, não esperemos que surja nas  vestes de personagem contrito e disposto a aprender com os erros do passado. Como os Bourbon, eles voltam para o poder federal, dizendo que nada aprenderam, nem nada esqueceram, depois da Revolução Francesa. Como os seus longínquos guias, a respectiva ação poderá pautar-se pelos agravos passados.
          O ressentimento é a erva daninha que nada promete de bem, eis que ele próprio é uma criatura que se retroalimenta, com supostas ofensas e os crimes inafiançáveis das mentes mesquinhas.
           Por sua vez, o Representante Mike Pompeo, da Câmara de Representantes, dedicou-se à critica sectária e impiedosa de Hillary Clinton, tudo  fazendo para prorrogar as sessões dedicadas à  invasão da embaixada em Tripoli. A ânsia republicana não colheria resultados por sua descarada instrumentalização política da morte do Embaixador Christopher Stevens, e dos demais funcionários  que caíram vítima dos terroristas em Benghazi. Hillary Clinton, já na época considerada a provável candidata democrata foi convocada para vários interrogatórios pela "maioria republicana" nessa Câmara, cujo único projeto era valer-se do assassínio do Embaixador para tentar manchar a  imagem política de Hillary, e prejudicar-lhe, por conseguinte, o projeto político de apresentar-se como a candidata democrata às eleições presidenciais.  
            Como já assinalado anteriormente, Senador Jeff Sessions, como designado para Procurador Geral (Attorney General) tem um histórico de racismo e preconceito (bigotry) que reforçará a imagem negativa em termos de promover a concórdia social.
            Por outro lado, as posições heterodoxas do Tenente-General Michael T. Flynn, cuidando de posição tão delicada quanto a de Assessor de Segurança Nacional, deverá contribuir de forma negativa ao estimular os piores impulsos  de presidente sabidamente preconceituoso em termos de estrangeiros, assim como ainda piorar ainda mais a atmosfera no que tange a muçulmanos.

            Dado o baixo nível intelectual e também por sua avaliação pejorativa de comunidades estrangeiras, notadamente islâmicos, a Administração Trump não só por sua atitude negativa contra os estrangeiros (notadamente da nação árabe, mas também de sociedades negras) tem todas as condições para promover um grande retrocesso nas relações com o Terceiro Mundo. Ao fazer-se assessorar por indivíduos de menor peso intelectual, a par de uma postura  menos aberta para os grupos   estrangeiros, a atmosfera propiciada pela Administração Trump tem tudo a esperar de um relacionamento por vezes até tempestuoso, marcados por incidentes e por uma sólida contribuição para intentar desfazer o trabalho sócio-político de Barack Obama.

( Fonte: The New York Times )

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