A Administração Trump pelas suas
indicações para Procurador-Geral (Attorney General), o Diretor da CIA e
Assessor de Segurança Nacional já assegura um lamentável retrocesso, e
antecipa não poucos graves problemas para o que era visto como a Democracia
Americana.
Só um sistema como o atualmente vigente
nos Estados Unidos da América, que favorece a eleição de um presidente
minoritário, pode canalizar tanto ressentimento, ódio racial e estreiteza
política.
A cobertura pelo New York Times das
indicações presidenciais para lugares da importância dos três postos acima
referidos já garantem o reaparecimento na cena política de personagens da
direita raivosa e preconceituosa. O problema de que essa gente ocupe o
proscênio da nova Administração vai proporcionar para alguns uma viagem não
para o futuro, mas para o passado de um Sul atrasado e preconceituoso, a
exacerbação do ódio racial e a vitimização dos afro-americanos, assim como
problemas para a democracia no varejo e no atacado.
Se o Attorney-General no último século
teve a própria indicação por Ronald Reagan denegada pelo Senado, não esperemos
que surja nas vestes de personagem
contrito e disposto a aprender com os erros do passado. Como os Bourbon, eles
voltam para o poder federal, dizendo que nada aprenderam, nem nada esqueceram,
depois da Revolução Francesa. Como os seus longínquos guias, a respectiva ação
poderá pautar-se pelos agravos passados.
O ressentimento é a erva daninha que
nada promete de bem, eis que ele próprio é uma criatura que se retroalimenta,
com supostas ofensas e os crimes inafiançáveis das mentes mesquinhas.
Por sua vez, o Representante Mike
Pompeo, da Câmara de Representantes, dedicou-se à critica sectária e impiedosa
de Hillary Clinton, tudo fazendo para
prorrogar as sessões dedicadas à invasão da embaixada em Tripoli. A ânsia republicana não colheria
resultados por sua descarada instrumentalização política da morte do Embaixador
Christopher Stevens, e dos demais funcionários que caíram vítima dos terroristas em Benghazi.
Hillary Clinton, já na época considerada a provável candidata democrata foi
convocada para vários interrogatórios pela "maioria republicana"
nessa Câmara, cujo único projeto era valer-se do assassínio do Embaixador para
tentar manchar a imagem política de
Hillary, e prejudicar-lhe, por conseguinte, o projeto político de apresentar-se
como a candidata democrata às eleições presidenciais.
Como já assinalado anteriormente,
Senador Jeff Sessions, como designado para Procurador Geral (Attorney General)
tem um histórico de racismo e preconceito (bigotry) que reforçará a imagem
negativa em termos de promover a concórdia social.
Por outro lado, as posições heterodoxas
do Tenente-General Michael T. Flynn, cuidando de posição tão delicada quanto a
de Assessor de Segurança Nacional, deverá contribuir de forma negativa ao
estimular os piores impulsos de
presidente sabidamente preconceituoso em termos de estrangeiros, assim como
ainda piorar ainda mais a atmosfera no que tange a muçulmanos.
Dado o baixo nível intelectual e
também por sua avaliação pejorativa de comunidades estrangeiras, notadamente
islâmicos, a Administração Trump não só por sua atitude negativa contra os
estrangeiros (notadamente da nação árabe, mas também de sociedades negras) tem
todas as condições para promover um grande retrocesso nas relações com o
Terceiro Mundo. Ao fazer-se assessorar por indivíduos de menor peso
intelectual, a par de uma postura menos
aberta para os grupos estrangeiros, a
atmosfera propiciada pela Administração Trump tem tudo a esperar de um
relacionamento por vezes até tempestuoso, marcados por incidentes e por uma
sólida contribuição para intentar desfazer o trabalho sócio-político de Barack Obama.
( Fonte: The New York Times )
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