terça-feira, 15 de novembro de 2016

Trincheiras da Liberdade XVII

                         
       Beijing ou quem sabe o próprio Xi Jin-ping faz bem pouco atribuíu os problemas da Superpotência à circunstância de ser democracia. No entender da presente liderança chinesa, tal cria dificuldades que, a crer na respectiva desenvoltura, podem ser facilmente resolvidas pelo fuzil, embora seja notoriamente dificil sentar-se nele.

       No entanto, a arrogância das ditaduras pode ter a vida curta. Não vou dizer que a formiga de Hong-Kong vá preponderar já sobre o dragão da China, mas com a torpe arrogância dos que se crêem poderosos, a corajosa postura de dois deputados da ex-colônia inglesa, eleitos recentemente para o Conselho dessa Cidade, pode catalisar forças que antes estavam dormentes.

       É notória a fraqueza das ditaduras. Ao não admitirem qualquer contestação, a sua força será sempre relativa, pela própria inerente falta de maleabilidade. A frase de que é difícil governar com o fuzil pode parecer um paradoxo, mas como outros regimes ditos fortes já o comprovaram, a própria falta de elasticidade desta arma pode ser um estímulo para um processo de contestação.
       Se o medo desaparece, das duas uma: a suposta ameaça não mais funciona, e o recurso último ao seu emprego pode negar fogo na medida em que quem o aciona também é povo, e, nas circunstâncias, pode acordar para esse fato comezinho. Por isso, os regimes ditos  forte na verdade são fracos, eis que pode bastar um não para pô-los a perder.    

        Para esse tardio discípulo de Mao Zedong que diz menosprezar a democracia, seria interessante que se informasse mais sobre a Imperatriz Ci-Xi (1835-1908), que de concubina chegaria, pela própria capacidade, inteligência e mérito, à Imperatriz, e que pensou legar a democracia ao Império do Meio, fundada nas qualidades e na intrínseca força de tal de modo governar, que no entender de Winston Churchill é o pior deles, excluídos, porém, todos os outros...
         Entrementes, escrevamos em nossos cadernos os nomes dos conselheiros Sixtus Leunge e Yau Wai-ching, por se recusarem a pactuar com a China imperial. Enquanto uns se empanzinam com gordas verbas e dotações, outros lutam por nobres convicções...



( Fontes: Folha de S. Paulo; Jung Chang )

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