Beijing ou quem sabe o próprio Xi
Jin-ping faz bem pouco atribuíu os problemas da Superpotência à circunstância
de ser democracia. No entender da presente liderança chinesa, tal cria
dificuldades que, a crer na respectiva desenvoltura, podem ser facilmente
resolvidas pelo fuzil, embora seja notoriamente dificil sentar-se nele.
No entanto, a arrogância das ditaduras
pode ter a vida curta. Não vou dizer que a formiga de Hong-Kong vá preponderar
já sobre o dragão da China, mas com a torpe arrogância dos que se crêem
poderosos, a corajosa postura de dois deputados da ex-colônia inglesa, eleitos
recentemente para o Conselho dessa Cidade, pode catalisar forças que antes
estavam dormentes.
É notória a fraqueza das ditaduras. Ao
não admitirem qualquer contestação, a sua força será sempre relativa, pela
própria inerente falta de maleabilidade. A frase de que é difícil governar com
o fuzil pode parecer um paradoxo, mas como outros regimes ditos fortes já o
comprovaram, a própria falta de elasticidade desta arma pode ser um estímulo
para um processo de contestação.
Se o medo desaparece, das duas uma: a
suposta ameaça não mais funciona, e o recurso último ao seu emprego pode negar
fogo na medida em que quem o aciona também é povo, e, nas circunstâncias, pode
acordar para esse fato comezinho. Por isso, os regimes ditos forte na verdade são fracos, eis que pode
bastar um não para pô-los a perder.
Para esse tardio discípulo de Mao
Zedong que diz menosprezar a democracia, seria interessante que se informasse
mais sobre a Imperatriz Ci-Xi (1835-1908), que de concubina chegaria, pela própria
capacidade, inteligência e mérito, à Imperatriz, e que pensou legar a
democracia ao Império do Meio, fundada nas qualidades e na intrínseca força de
tal de modo governar, que no entender de Winston Churchill é o pior deles,
excluídos, porém, todos os outros...
Entrementes, escrevamos em nossos
cadernos os nomes dos conselheiros Sixtus Leunge e Yau Wai-ching, por se
recusarem a pactuar com a China imperial. Enquanto uns se empanzinam com gordas
verbas e dotações, outros lutam por nobres convicções...
( Fontes: Folha de S. Paulo; Jung Chang )
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