Ao contrário da superficialidade e eventual
descrição episódica e incompleta, pareceu-me importante e, em especial
relevante, a nota editorial do Estadão sobre a ocupação das Escolas e suas
consequências para o Enem.
Já foi possível reduzir bastante a
ocupação das escolas, graças a autorização pela Justiça de empregar a Polícia
Militar para desalojar os invasores. Sem
embargo, ainda perduram diversas ocupações ilegais de institutos de ensino,
mormente no Paraná, Minas Gerais e Bahia, o que obrigou o Ministério da
Educação a remarcar as provas desses estudantes, com custo adicional para o
Tesouro de R$ 12 milhões.
A União Brasileira de Estudantes
Secundaristas (Ubes) - apoiada pelo
PT e facções esquerdizantes - acusa o governo de instrumentalizar a realização
do Enem para pressionar os alunos das escolas públicas a suspender tal forma de
protesto contra a MP do Ensino Médio e contra
a PEC dos gastos públicos, tentando com isso enfraquecer a 'Primavera Secundarista'.
Para a liderança do movimento, que
congrega líderes secundaristas, o próprio PT e as facções radicais que os
manipulam, as invasões de escolas são forma
de exercício da liberdade de
manifestação. Com esse tipo de argumento, chegam a dizer que têm o
"direito" de invadir, eis que as escolas públicas
"pertenceriam" aos alunos. Essa similar de discurso, em que os
objetos da ação querem se tornar sujeitos, prestou-se a jogada de
instrumentalização por políticos com claudicante autoridade moral, como é o
caso do senhor Lula da Silva.
Pois foi este senhor - cuja
importância histórica está sendo oportunamente desconstruída pelo trabalho
sério e paulatino de novos juízes como Sérgio Moro - que chegou a telefonar
para a porta-voz do aludido 'movimento', que anunciou nos
locais legislativos que lhe acolheram, que os secundaristas recorrerão a
"novos métodos de desobediência civil" para resistir às medidas do
governo em educação e economia.
Em telefonema, Lula cumprimentou por suas opiniões a porta-voz adolescente. Como a nota assinala com oportunidade eles não sabem seja por ignorância, seja por má-fé o que fazem.Assim, ao ocuparem escolas
públicas inviabilizam o direito de número significativo de colegas de prestarem exame cujas
notas são usadas pelo Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), que, como é sabido, substitue o vestibular nas universidades federais.
Por despreparo, não
compreendem que são apenas beneficiários - e não 'proprietários' - das escolas
da rede pública de ensino. Não entendem - e tampouco querem entender - que invadir é crime, e não um direito. Por ignorância, chegam a pensar que a desobediência civil, enquanto forma pacífica de protesto político, não pode
ser confundida com invasões e ocupações, as quais são por definição atos de
violência.
No discurso - que
oportunistas novos e velhos cuidam de instrumentalizar - ao entoarem o mantra
do diálogo e da democracia, eles ocultam
sob cortina de fumaça o verdadeiro objetivo daqueles que os usam como títeres: a substituição da democracia
pela irracionalidade do assemblearismo. Ao impedirem colegas de fazer o Enem - e de ter acesso ao ensino
superior - eles ostentam intolerância e radicalismo incompatíveis com a
democracia.
( Fonte: nota editorial do Estado
de S. Paulo sobre Enem e Escolas ocupadas ).
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