quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Enem e as escolas ocupadas

                              

         Ao contrário da superficialidade e eventual descrição episódica e incompleta, pareceu-me importante e, em especial relevante, a nota editorial do Estadão sobre a ocupação das Escolas e suas consequências para o Enem.
          Já foi possível reduzir bastante a ocupação das escolas, graças a autorização pela Justiça de empregar a Polícia Militar para desalojar os invasores.  Sem embargo, ainda perduram diversas ocupações ilegais de institutos de ensino, mormente no Paraná, Minas Gerais e Bahia, o que obrigou o Ministério da Educação a remarcar as provas desses estudantes, com custo adicional para o Tesouro de R$ 12 milhões.
           A União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) - apoiada pelo PT e facções esquerdizantes - acusa o governo de instrumentalizar a realização do Enem para pressionar os alunos das escolas públicas a suspender tal forma de protesto contra  a MP do Ensino Médio e contra a PEC dos gastos públicos, tentando com isso enfraquecer a  'Primavera Secundarista'.
             Para a liderança do movimento, que congrega líderes secundaristas, o próprio PT e as facções radicais que os manipulam, as invasões  de escolas são forma de exercício  da liberdade de manifestação. Com esse tipo de argumento, chegam a dizer que têm o "direito" de invadir, eis que as escolas públicas "pertenceriam" aos alunos. Essa similar de discurso, em que os objetos da ação querem se tornar sujeitos, prestou-se a jogada de instrumentalização por políticos com claudicante autoridade moral, como é o caso do senhor Lula da Silva.
                Pois foi este senhor - cuja importância histórica está sendo oportunamente desconstruída pelo trabalho sério e paulatino de novos juízes como Sérgio Moro - que chegou a telefonar para a porta-voz do aludido 'movimento', que anunciou  nos  locais legislativos que lhe acolheram, que os secundaristas recorrerão a "novos métodos de desobediência civil" para resistir às medidas do governo em educação e economia.
                Em telefonema, Lula cumprimentou por suas opiniões a porta-voz adolescente.  Como a nota assinala com oportunidade eles não sabem seja por ignorância, seja por má-fé o que fazem.Assim,  ao ocuparem  escolas públicas inviabilizam o direito de número significativo  de  colegas de prestarem exame cujas notas são usadas pelo  Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que, como é sabido, substitue o vestibular nas universidades federais.
                  Por despreparo, não compreendem que são apenas beneficiários - e não 'proprietários' - das escolas da rede pública de ensino. Não entendem - e tampouco querem entender - que invadir é crime, e não um direito.  Por ignorância,  chegam a pensar que  a desobediência civil, enquanto  forma pacífica de protesto político, não pode ser confundida com invasões e ocupações, as quais são por definição  atos de violência.
                  No discurso - que oportunistas novos e velhos cuidam de instrumentalizar - ao entoarem o mantra do diálogo e da democracia, eles ocultam  sob cortina de fumaça o verdadeiro objetivo daqueles que os usam  como títeres: a substituição da democracia pela irracionalidade do assemblearismo. Ao impedirem colegas de fazer o Enem - e de ter acesso ao ensino superior - eles ostentam intolerância e radicalismo incompatíveis com a democracia.


( Fonte: nota editorial do Estado de S. Paulo sobre Enem e Escolas ocupadas ).     

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