Há avaliações contrastantes no
caso do telefonema do Ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo da
P.R. A sua situação se teria complicado
ainda mais depois que o ex-Ministro Marcelo Calero o acusou de tê-lo pressionado para obter uma
licença do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para
obra de um empreendimento de seu interesse na Bahia.
A denúncia contra Geddel,
principal articulador político do Governo Temer, causou incômodo no Palácio do
Planalto.
Para auxiliares presidenciais,
a questão é "gravíssima" e a presença de Geddel no seu alto posto
está ameaçada (Roberto Freire foi convidado para o lugar de Calero no Ministério da Cultura e já teria
aceitado).
Não obstante, por enquanto ao
menos, Geddel afirma que permanece no cargo pois, em conversa com o Presidente
Temer, na manhã de sábado, ouviu do chefe que o "episódio é página
virada".
O soberano nem sempre é bem informado. Note-se, por exemplo, que Luís
XVI, ainda em Versailles, escreveu no próprio Diário Real que naquele catorze de julho, que nada (Rien)
ocorrera naquele dia. Ora, não se precisa saber muito de história para ter
presente que no dia catorze de julho de 1789 a Bastilha, símbolo do Absolutismo, caíu nas mãos da
população parisiense, que pôs fogo às
suas dependências.
Ainda segundo Geddel, ele
afirma não ter pressionado Calero, a
quem acusou de mentir na entrevista que deu a "Folha de S. Paulo", ao
dizer que o Ministro teria ameaçado "pedir a cabeça" da presidente do
IPHAN, Kátia Bogéa. Para Geddel, "a fala de Calero tem um fato real: eu
tratei com ele desse tema (o empreendimento na Bahia).
Sobre a negativa de Geddel
de que o tivesse pressionado, Calero reiterou ontem ao Globo que recebeu
ameaças de Geddel.
"Eu considero uma
ameaça ele dizer que pediria a cabeça da
presidente do IPHAN e que se fosse preciso, falaria com o Presidente da
República. O que acontece é que a pressão que ele exerce é assertiva e
truculenta, uma pressão que se exerce por si só."
Além de ter recebido dele
(Geddel) e de outros integrantes do Governo, houve segundo o ex-Ministro uma
tentativa de tirar a decisão de sua alçada.
"Nesse meio tempo, a
procuradoria e a área técnica do IPHAN atuavam em sentido de dar uma solução
técnica, como eu havia pedido. O meu
grande medo foi quando, no dia 28 de outubro, ele fala que é dono do imóvel. Eu
me vi diante de um crime, o que até então não existia. Eu achei, talvez de maneira ingênua, que a
solução técnica provocasse uma acomodação.
Mas o fato é que a partir dessa
decisão a coisa só piorou , porque ele se viu com o seu interesse
confrontado."
Para interlocutor do
Presidente, a situação do Ministro
(Geddel ) é "gravíssima".
Segundo ele, a pressão que Geddel teria feito sobre Calero para a
liberação do empreendimento configura abuso de autoridade. Para esse interlocutor, Geddel perde as
condições de falar em nome do Governo, como articulador político, sobre pautas
tão caras a Temer como a PEC do teto de
gastos e a reforma da Previdência.
Para o assessor da
Presidência: "esse embaraço para Geddel ainda vai render muito. Fazer uso de sua posição para interesse pessoal é gravíssimo. Ele usou o nome do Presidente, isso não é
adequado. A menos que o Presidente
tivesse pedido. E não pediu. É abuso de autoridade."
( Fontes: O Globo; Folha de S. Paulo )
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