quinta-feira, 24 de novembro de 2016

PT agora contra Caixa 2

                              

       Surpreenderá alguém que o PT seja hoje contra o Caixa 2? Não é preciso maçar o eleitor com a lista das irregularidades cometidas pelo Partido dos Trabalhadores, quando Lula e Dilma empolgaram - e como! - o poder.
       Hoje, depois do percalço do impeachment (ou do golpe, como a turma passou a chamá-lo), a lição involuntariamente ministrada pelo partido de Lula - e não mais de Hélio Bicudo e de tantos outros militantes que preferiram seguir outra via - repete, na verdade, muitas outras. Falta-lhe a originalidade. Não se pode ter uma ética para os anos  fora do poder e outra,  para o período, seja curto ou logo, dentro do poder.
       Infelizmente, o exemplo dado pelo partido dos Trabalhadores mostra quão relativos são os propósitos e as promessas fora do poder.
       E, de um certo modo, a corruptibilidade das instâncias partidárias, quando submetidas aos benefícios do mando, é um fato que apequena aos operadores políticos pela sua incidência. As promessas grandiloquentes quando fora costumam ser, no silêncio dos gabinetes, contrariadas e desmentidas, como se nada fora.
        Na verdade, os agentes políticos agem usualmente sob o império da contingência.  Quanto estão fora de qualquer abrigo são partidários zelosos da etica e da moralidade. Se mudam as condições, costumam não trepidar muito em assumir outras posturas.
        Vejam hoje o exemplo do PT. Promete batalhar contra o Caixa 2. Quantas mostras deu do contrário, quando estava empoleirado nos postos do poder?  Examinem a profusão de exemplos das práticas ora abominadas, que foram alacremente abraçadas por essa sigla.
       A corrupção de Adhemar de Barros e tantos outros anti-paradigmas do passado pode comparar-se ao figurino lulo-petista?
        Não estranha, portanto, que o diabo vire ermitão no inverno, sobretudo aquele despojado de qualquer abrigo sob  as benesses do poder.

( Fonte:  O Globo )

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