Mantida
artificialmente com todas as prerrogativas, sob as vistas grossas do Brasil,
enquanto durou o regime petista de Dilma Rousseff, a Venezuela de Nicolás
Maduro vai lentamente, como em suplício chinês, perder o direito a voto no
Mercosul e ser excluída de encontros e negociações.
Na verdade, tais determinações
deveriam vigorar desde agosto, mas o Uruguai pressionou e sob o atual governo
esquerdizante pressionou para que Caracas ficasse apenas sem voto. Ainda que a
contragosto - a experiência mostra que não funciona submeter a economia a
ficções e demagogia políticas - os demais membros deram ao cambaleante regime
de Nicolás Maduro mais quatro meses de prazo, a fim de adequar-se às normas do
bloco.
Como seria previsível, a situação
venezuelana só fez piorar. O comércio
com Caracas não pode melhorar, pois o regime não dispõe de recursos para importar.
O apoio e a bravata da esquerda do
diminuto Uruguai, no seu demagógico e ritual apoio ao cambaleante regime
caraquenho, só tendeu a criar problemas
e a agravá-los para o bloco em geral.
Agindo de forma ideológica, mas na verdade distanciado de quaisquer
realidades econômicas e políticas, a situação se agravou a tal ponto dado o
caraquenho alheamento das realidades econômicas mais comezinhas, Caracas contribuiu a contrariu sensu para
que afinal Montevideu acordasse de seu sonho esquerdista.
Mas a fuite en avant ( a fuga para a frente) não iria funcionar. De modo
disparatado e desconexo, a Frente Ampla uruguaia pensara que poderia resolver o
problema na marra. Ao decidir, literalmente porque lhe deu na telha tentar uma
salvação in extremis do seu patético
aliado sulamericano, em meados do corrente anto, buscando normalizar a situação
caótica prevalente, Montevidéu optou motu
proprio acudir pelos braços da
ideologia sem conexão com a realidade o seu único aliado sul-americano, para,
em meados do corrente ano, intentando normalizar a caótica situação prevalente
pelo desfazimento da economia venezuelana, o governo uruguaio decidiu, de forma autônoma, transferir a
presidência do Mercosul para ... Caracas.
Seguiu-se a previsível crise que
paralisou o bloco. Foi criado grupo
de coordenadores que, na prática, assumiu o comando do Mercosul. Caracas tentou inclusive - e de forma
patética - convocar reuniões para defender a própria presidência, mas nenhum
país do bloco iria comparecer ( até mesmo o Uruguai se rendeu à
sandice do próprio gesto).
No próximo mês, quando Caracas
perde os direitos que lhe restam, a presidência do bloco passará à Argentina, e
a Venezuela não mais participará de quaisquer reuniões e a qualquer título.
Na verdade, o caráter provisório
e atemporal das presentes decisões visa
preservar alguma flexibilidade. Se houver mudança no governo e na situação
política da Venezuela, tudo ficará mais simples para que as necessárias
adequações sejam feitas e Caracas possa afinal ser reintegrada no bloco. Mas
para tanto, semelha inexorável a partida do caminhoneiro Nicolás Maduro e de
seu desastroso governo, que tanto sofrimento tem trazido para o povo
venezuelano.
Um ponto que não deve ser
omitido, nem escantonado, é o fracasso do sistema interamericano para a
resolução da crise. Os próprios documentos por ele elaborados, como a Carta
Democrática permanecem alijados, sem capacidade de acionar os mecanismos para a
solução da crise democrática e econômica do falido experimento do chavismo.
( Fonte: O Globo )
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