terça-feira, 29 de novembro de 2016

A inexorável queda do regime chavista

                             

         Mantida artificialmente com todas as prerrogativas, sob as vistas grossas do Brasil, enquanto durou o regime petista de Dilma Rousseff, a Venezuela de Nicolás Maduro vai lentamente, como em suplício chinês, perder o direito a voto no Mercosul e ser excluída de encontros e negociações.
          Na verdade, tais determinações deveriam vigorar desde agosto, mas o Uruguai pressionou e sob o atual governo esquerdizante pressionou para que Caracas ficasse apenas sem voto. Ainda que a contragosto - a experiência mostra que não funciona submeter a economia a ficções e demagogia políticas - os demais membros deram ao cambaleante regime de Nicolás Maduro mais quatro meses de prazo, a fim de adequar-se às normas do bloco.
           Como seria previsível, a situação venezuelana só fez piorar.  O comércio com Caracas não pode melhorar, pois o regime não dispõe de recursos  para importar.
            O apoio e a bravata da esquerda do diminuto Uruguai, no seu demagógico e ritual apoio ao cambaleante regime caraquenho, só tendeu a criar  problemas e a agravá-los para o bloco em geral.  Agindo de forma ideológica, mas na verdade distanciado de quaisquer realidades econômicas e políticas, a situação se agravou a tal ponto dado o caraquenho alheamento das realidades econômicas mais comezinhas, Caracas  contribuiu a contrariu sensu para que afinal Montevideu acordasse de seu sonho esquerdista.
             Mas a fuite en avant ( a fuga para a frente) não iria funcionar. De modo disparatado e desconexo, a Frente Ampla uruguaia pensara que poderia resolver o problema na marra. Ao decidir, literalmente porque lhe deu na telha tentar uma salvação in extremis do seu patético aliado sulamericano, em meados do corrente anto, buscando normalizar a situação caótica prevalente, Montevidéu optou  motu proprio  acudir pelos braços da ideologia sem conexão com a realidade o seu único aliado sul-americano, para, em meados do corrente ano, intentando normalizar a caótica situação prevalente pelo desfazimento da economia venezuelana, o governo uruguaio  decidiu, de forma autônoma, transferir a presidência do Mercosul para ... Caracas.
          Seguiu-se a previsível crise que paralisou o bloco.  Foi criado  grupo de coordenadores que, na prática, assumiu o comando do Mercosul.  Caracas tentou inclusive - e de forma patética - convocar reuniões para defender a própria presidência, mas nenhum país  do bloco iria  comparecer ( até mesmo o Uruguai se rendeu à sandice do próprio gesto).
               No próximo mês, quando Caracas perde os direitos que lhe restam, a presidência do bloco passará à Argentina, e a Venezuela não mais participará de quaisquer reuniões e a qualquer título.
               Na verdade, o caráter provisório e atemporal das presentes decisões  visa preservar alguma flexibilidade. Se houver mudança no governo e na situação política da Venezuela, tudo ficará mais simples para que as necessárias adequações sejam feitas e Caracas possa afinal ser reintegrada no bloco. Mas para tanto, semelha inexorável a partida do caminhoneiro Nicolás Maduro e de seu desastroso governo, que tanto sofrimento tem trazido para o povo venezuelano.
                 Um ponto que não deve ser omitido, nem escantonado, é o fracasso do sistema interamericano para a resolução da crise. Os próprios documentos por ele elaborados, como a Carta Democrática permanecem alijados, sem capacidade de acionar os mecanismos para a solução da crise democrática e econômica do falido experimento  do chavismo.


( Fonte:  O Globo )

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