A penúria do Rio de
Janeiro, cujas arcas foram abertas e presumivelmente saqueadas pela turma do
Cabral - e não há aqui referências proto-históricas - e a situação das contas
que levou o Governador Pezão a preparar pacote extraordinário, dadas as
precárias reservas do tesouro estadual, é decerto enorme e drummondiana pedra
no caminho do próprio titular do cargo.
Colunista da Folha, Marco Aurélio Canônico,
escreveu ontem que "o segundo cerco ao Legislativo do Rio foi mais um
indício de que a administração de Pezão está sitiada. O governador não tem mais
controle sobre seu orçamento. A Justiça vem fazendo bloqueios para garantir o
pagamento do funcionalismo, atrasado há meses. Perder o controle sobre os
servidores muda a crise de nível. Por muito menos, Dilma perdeu o cargo."
Apesar de a situação do Rio de Janeiro
ser grave, e se a posição do governador
Pezão não pode ser decerto comparada a de almirante a comandar esquadra em mar
sereno, tampouco está por ora a atravessar os extremos que lhe vaticina o
senhor Canônico.
A fragilidade da memória não deve ser
contudo levada a tais extremos. Nesta
semana, o governador saiu do hospital, onde esteve por sete meses, na sua
batalha com o câncer. Esteve como interino no seu lugar o vice-governador
Francisco Oswaldo Neves Dornelles.
Reassumindo o posto, o governador e
seus assessores montaram um pacote que intenta tirar o Rio de Janeiro da
situação de crise financeira em que se encontra. O presidente da Assembléia do
Estado do Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani terá concordado a princípio com
os rigores do pacote, para depois mudar de ideia, diante da reação desfavorável
das bancadas.
O impasse na tramitação gerou a crise
que veio a causar, inclusive, a invasão
da Assembléia, procedimento aliás que parece generalizar-se, pois o
plenário do Congresso Nacional foi também invadido por fascistóides populares.
Dado o malogro da política de
desoneração de impostos, que foi incentivada pela Administração Sérgio Cabral,
assim como a derrocada nos royalties do petróleo, é mais do que compreensível a
situação deficitária das contas do Tesouro estadual. O pacote costurado pelo governador Pezão
procura uma solução para a bancarrota estadual.
Ainda sob cuidados médicos, Pezão
estaria ainda submetido a tratamento
para o linfoma não de Hodgkin. Sem embargo, reassumiu o posto, dada a gravidade
da situação fiscal do Estado.
A despeito da insistência de órgãos
da imprensa com vistas a alegada
implicação da campanha para governador
de Pezão com a propina no governo Sérgio Cabral, deve-se ter presente o quanto
segue:
"Em relação ao governador atual (Luiz Fernando Pezão), em nenhum
momento ele foi objeto de delação por nenhum dos executivos da Andrade Gutierrez nem da Carioca
Engenharia", afirmou o Procurador-regional José Augusto Vagos.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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