Por que chamo o episódio de ontem de
tragicomédia? Com a devida vênia, há de parecer - e não só a mim, modesto
blogueiro - que a detenção do senhor Sérgio Cabral tardou demasiado. A tal
ponto, que não será absurdo pensar que o indigitado tenderia a ser induzido a
imaginar, que, por algum recôndito e inacessível motivo, a Lava-Jato dele se teria esquecido...
Levando em conta que a sua presunção de
haver escapado à atenção da Lei e de suas consequências - o que me parece a
possível razão a explicar a própria fleugma - dada a exposição e os inúmeros episódios anteriores,
em que a então força petista e peemedebista sempre se empenhara em evitar à Sua
Excelência Cabral eventuais problemas conexos a comissões parlamentares de
inquérito - é a insana convicção da própria imunidade que, por artes
incognocíveis, os pouparia - a ele e à
Primeira Dama do Estado, os dissabores que ora, por fim, vieram a atingi-los.
Mais uma vez a Lava-Jato demonstra a excepcionalidade, pois, por sua conta, afinal
o longo braço da lei vem repousar no ombro do Senhor Cabral, de que ora vemos,
pensativo, em sendo conduzido para presumível cárcere, imaginar o que lhe
espera, depois desse longo intervalo em que as agruras da Lei tardaram para que
afinal a sua detenção fosse tornada pública.
Recordo-me, coisa de um mês ou dois atrás,
que as obras de reparação do velho Maracanã - a que o Brasil acedeu às
instâncias da Fifa - quando o deveria ter apenas reparado e reposto no seu estado
original. O Maracanã é patrimônio da Humanidade - e só pelo fato de haver sido
concluído durante a Copa do Mundo de 1950 - como já relatei nesse blog,assisti a Brasil 2x0 Iugoslávia
(com direito a gol de sem-pulo do grande centravante Ademir), e ainda havia
andaimes nas arquibancadas!
Desfigurar o Maracanã, além de dar
oportunidade aos corruptos da Fifa e de Pindorama, só contribuíu para
diminuir-lhe a capacidade de público. Ele deveria ter sido reparado, mas não
adulterado para a modernosa arquitetura vigente.
Saltado esse parêntese, dei-me conta de
que a hora da verdade para o Senhor Sérgio Cabral ainda tardaria um pouco, mas
não muito, quando li nas páginas do Globo
- e tal como se fora anódina característica da gestão cabralina - que o ex-Governador
havia percebido tais e tais propinas ao ensejo da dita 'reparação' do Estadio
Mário Filho.
Como uma espada de Dâmocles, esses deslizes ficaram pendentes por tempo
além do normal (em termos da oportuna anormalidade da Lava-Jato), a ponto de terem funcionado talvez como cantigas de
ninar, que chegaram a embalar e
quem-sabe?, adormecer o Senhor Cabral e Senhora, no quanto se refere às
passadas inelutáveis da Lei. Quiçá Suas
Excelências tenham pensado que para eles valeriam os prazos ad kalendas dos antigos mores e da velha
legislação...
(Fontes: O Globo e site de O Globo )
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