segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Últimas Horas da Campanha

          
        Ao adentrar a campanha eleitoral nas suas últimas horas desta segunda feira, dia sete de novembro, não há de surpreender que os dois lados assumam uma postura mais grave.
        No Wisconsin, tanto Hillary Clinton, quanto o seu vice,  Tim Kaine conclamaram  os americanos a que saíam de casa e votem, como se o seu modo de vida estivesse em perigo.
        Já para a dupla Donald Trump e Mike Pence é agora ou nunca, se querem preservar a sua postura existencial de direita. Para Trump, a votação de amanhã seria a última chance para reverter o avanço de forças estrangeiras, que ameaçam a identidade americana.
         Nesse mesmo tom alarmista, a Senhora Clinton afirmou que a longa jornada pela igualdade das mulheres e minorias estaria ameaçada na votação de amanhã.
          Assim, em Filadelfia, Hillary discursou acompanhada pela Senadora Cory Broker, de New Jersey, acerca da relevância da campanha no contexto das lutas históricas pela igualdade, com sua origem em Seneca Falls, estado de New York até a marcha pelos direitos civis aos negros, em Selma, Alabama.  Nesse contexto, a Senhora Clinton se apresenta com um avatar da tolerância e da reconciliação, o que naturalmente enfatiza o seu contraste com o republicano Trump.
            Já no domingo, ela fez campanha em New Hampshire, tendo a seu lado Khize Khan, o pai do capitão americano morto no Iraque. O senhor Khan aponta Trump como uma figura de exclusão e divisão.
            Por sua vez, o candidato Donald Trump se apresentou em Sioux City, Iowa,  como a última chance da América.
            Enquanto o público que participa dos comícios de Hillary é formado por americanos, tantos brancos quanto negros e latinos, as assistências de  Donald Trump são sobretudo brancos, inclusive operários, os chamados red-necks (pescoços vermelhos).
            Causou um certo rebuliço na campanha,e por isso atraíu críticas, a sua apresentação de três figuras julgadas emblemáticas: Janet Yellen, a atual presidente da Federal Reserve, Lloyd Blankfein, principal executivo de Goldman Sachs, e George Soros, o líder investidor e benemérito em tantos países (inclusive a ameaçada Ucrânia), como simbólicos das forças econômico-financeiras que apóiam Hillary Clinton. Nesse sentido, esta inserção de campanha mereceu reparos da Liga de Anti-difamação, eis que, talvez de forma não-intencional, tenha invocado assuntos e temas que os anti-semitas empregam há muitos e muitos anos.
              No que tange às perspectivas do resultado eleitoral, todo o cuidado é pouco em evitar o excesso de confiança e deixar-se levar pelo otimismo excessivo, que prejudica o élan dos candidatos democratas, a par da necessidade premente de incentivar a ida às cabines de votação, porque as perspectivas mostram que, se a vitória está no ar, ela não será fácil.
              Nesse contexto, a candidata Hillary Clinton disporia de vantagem - em percentagem nacional - de quatro por cento na votação. Ela também predominaria no Colégio Eleitoral. Especula-se,  outrossim, que o apoio dos votantes chamados latinos - inclusive ao recorrer ao early voting (voto antecipado, que já foi no blog amplamente discutido) - parece sinalizar a vitória em Nevada, um swing State (tradicionalmente um estado indeciso), assim como lhe garantiria a vitória na Flórida. Se Donald Trump não conseguir conquistar a Flórida, como indicam as pesquisas, a sua vitória no Colégio Eleitoral se torna matematicamente impossível.



( Fonte:  The New York Times )

Nenhum comentário: