Ao adentrar a campanha eleitoral nas
suas últimas horas desta segunda feira, dia sete de novembro, não há de
surpreender que os dois lados assumam uma postura mais grave.
No Wisconsin, tanto Hillary Clinton, quanto o
seu vice, Tim Kaine conclamaram os americanos a que saíam de casa e
votem, como se o seu modo de vida estivesse em perigo.
Já para a dupla Donald Trump e Mike
Pence é agora ou nunca, se querem preservar a sua postura existencial de
direita. Para Trump, a votação de amanhã seria a última chance para reverter
o avanço de forças estrangeiras, que ameaçam a identidade americana.
Nesse mesmo tom alarmista, a Senhora
Clinton afirmou que a longa jornada pela igualdade das mulheres e minorias
estaria ameaçada na votação de amanhã.
Assim, em Filadelfia, Hillary
discursou acompanhada pela Senadora Cory Broker, de New Jersey, acerca da
relevância da campanha no contexto das lutas históricas pela igualdade, com sua
origem em Seneca Falls, estado de New York até a marcha pelos direitos civis
aos negros, em Selma, Alabama. Nesse
contexto, a Senhora Clinton se apresenta com um avatar da tolerância e da
reconciliação, o que naturalmente enfatiza o seu contraste com o republicano
Trump.
Já no domingo, ela fez campanha em
New Hampshire, tendo a seu lado Khize Khan, o pai do capitão americano morto no
Iraque. O senhor Khan aponta Trump como uma figura de exclusão e divisão.
Por sua vez, o candidato Donald
Trump se apresentou em Sioux City, Iowa, como a última chance da América.
Enquanto o público que participa
dos comícios de Hillary é formado por americanos, tantos brancos quanto negros
e latinos, as assistências de Donald
Trump são sobretudo brancos, inclusive operários, os chamados red-necks
(pescoços vermelhos).
Causou um certo rebuliço na
campanha,e por isso atraíu críticas, a sua apresentação de três figuras
julgadas emblemáticas: Janet Yellen,
a atual presidente da Federal Reserve, Lloyd
Blankfein, principal executivo de Goldman Sachs, e George Soros, o líder investidor e benemérito em tantos países
(inclusive a ameaçada Ucrânia), como simbólicos das forças
econômico-financeiras que apóiam Hillary Clinton. Nesse sentido, esta inserção
de campanha mereceu reparos da Liga de Anti-difamação, eis que, talvez de forma
não-intencional, tenha invocado assuntos e temas que os anti-semitas empregam
há muitos e muitos anos.
No que tange às perspectivas do
resultado eleitoral, todo o cuidado é pouco em evitar o excesso de confiança e
deixar-se levar pelo otimismo excessivo, que prejudica o élan dos candidatos
democratas, a par da necessidade premente de incentivar a ida às cabines de
votação, porque as perspectivas mostram que, se a vitória está no ar, ela não
será fácil.
Nesse contexto, a candidata
Hillary Clinton disporia de vantagem - em percentagem nacional - de quatro por
cento na votação. Ela também predominaria no Colégio Eleitoral.
Especula-se, outrossim, que o apoio dos
votantes chamados latinos - inclusive ao recorrer ao early voting (voto
antecipado, que já foi no blog amplamente discutido) - parece sinalizar a vitória em Nevada, um swing State
(tradicionalmente um estado indeciso), assim como lhe garantiria a vitória na
Flórida. Se Donald Trump não conseguir conquistar a Flórida, como indicam as
pesquisas, a sua vitória no Colégio Eleitoral se torna matematicamente
impossível.
( Fonte: The New York Times )
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