quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O problema Maduro

                                
         O governo de Nicolás Maduro partiu para a resistência  à outrance[1] durante a corrente sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, diante das críticas incisivas feitas pelo Brasil.
        A posição brasileira, formulada pelo Ministro das Relações Exteriores José Serra, foi exposta pela Embaixadora Regina Dunlop. Nesse sentido, a Venezuela deve garantir o pleno exercício dos direitos assegurados pela Constituição do país e tomar as medidas necessárias  para que seja realizado, "sem demora, de uma forma clara, transparente  e imparcial" o chamado referendo revogatório, que pode determinar o fim do mandato de Maduro.
         Este blog tem informado  por mais de vez de quanto é procedente o pedido do Brasil. Depois de uma série de adiamentos e outras manobras, o regime chavista tem ignorado as petições multitudinárias do Povo venezuelano, assim como as enormes concentrações populares em favor da consulta. Em deslavadas manobras para tentar esvaziar a consulta popular - que é apoiada pela enorme maioria da população - o governo Maduro tudo tem feito para procrastinar e esvaziar, ao termo, a consulta do Povo venezuelano, através do controle que mantém sobre o Conselho Nacional Eleitoral. O cinismo do Governo Maduro, que recorre a todo tipo de expediente para adiar ou inviabilizar a medida, de forma que ela não se realize antes de dez de janeiro do ano próximo (porque então, a substituição será apenas pelo vice de Maduro, o que é apenas uma cínica manobra, eis que nada mudaria no governo venezuelano).
          A delegação do Brasil também exigiu da Venezuela a adoção de medidas importantes para a solução da crise.  Maduro tem rechaçado a recepção  de "doações internacionais por meio de canais humanitários apropriados", o que mostra o cinismo insensível do regime chavista, diante da relevância dessa ajuda que aliviaria a penúria de alimentos e medicamentos que aflige a população venezuelana.
           Também foi exigida a imediata liberação dos políticos presos, o fim das detenções arbitrárias e a garantia de liberdade de imprensa, de expressão e de manifestação.
            A grande maioria dos membros da  Comissão de Direitos Humanos não poupou críticas ao Governo Maduro.  Os Estados Unidos, além da pronta realização do referendo,  exigiu que a Venezuela permitisse a entrada de inspetores das Nações Unidas  - o que não  acontece há quatro anos - e que tem a incumbência de verificar o respeito aos direitos humanos, e a liberdade de expressão.
              Houve vasto apoio da sociedade internacional à urgência e relevância de tais medidas: Reino Unido, Países Baixos, Itália, Alemanha, Japão, México, Peru e Argentina.
              Já os apoios recebidos pelo regime Maduro só depõem contra o respectivo governo. Além da malta dos chamados bolivarianos (Equador, Nicarágua e Bolívia), compareceram as ditaduras de Cuba, Rússia, Irã e Síria. Do representante de Bashar al-Assad, o ditador sírio que Vladimir Putin apóia com armas, em troca de bases militares, como definir os elogios do representante sírio, que pesam mais do que quaisquer doestos e ofensas.
               O regime Maduro reservou os mais absurdos ataques a Brasil e Estados Unidos. Não há qualquer seriedade de parte dessa representante venezuelana Delcy Rodriguez: repisou  o "golpe de Estado" no Brasil, dado por "um grupo de corruptos",  e dos Estados Unidos considerou que são "o país menos democrático do mundo e que tem presos políticos e pobreza".
                Quando um regime, como o chavista na Venezuela, consegue reunir contra ele a maioria da representação política e a oposição geral do Povo (que  é o que impede a consulta popular, dada a certeza da derrota), assistir aos pronunciamentos de seus representantes é como se alguém tem a oportunidade de revisitar o passado, e ver não só as baixarias, como a profunda ignorância e irrelevância dessa gente, sobre a qual paira a nuvem negra da ruína iminente. Não é só nos muros da Babilonia que se podem ler os negros caracteres do Mene Tekel.[2]



[1] até o último cartucho  (tradução livre)
[2] Os sinais da divindade nas paredes do Palácio do rei babilônico Baltazar, quanto à sua próxima perda.(Der Neue Brockhaus, vol. III)

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