O governo de Nicolás
Maduro partiu para a resistência à outrance[1] durante a corrente sessão
do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, diante das
críticas incisivas feitas pelo Brasil.
A
posição brasileira, formulada pelo Ministro das Relações Exteriores José Serra,
foi exposta pela Embaixadora Regina Dunlop. Nesse sentido, a Venezuela deve
garantir o pleno exercício dos direitos assegurados pela Constituição do país e
tomar as medidas necessárias para que
seja realizado, "sem demora, de uma forma clara, transparente e imparcial" o chamado referendo
revogatório, que pode determinar o fim do mandato de Maduro.
Este blog tem informado por mais de vez de quanto é procedente o
pedido do Brasil. Depois de uma série de adiamentos e outras manobras, o regime
chavista tem ignorado as petições multitudinárias do Povo venezuelano, assim
como as enormes concentrações populares em favor da consulta. Em deslavadas
manobras para tentar esvaziar a consulta popular - que é apoiada pela enorme
maioria da população - o governo Maduro tudo tem feito para procrastinar e
esvaziar, ao termo, a consulta do Povo venezuelano, através do controle que
mantém sobre o Conselho Nacional Eleitoral. O cinismo do Governo Maduro, que
recorre a todo tipo de expediente para adiar ou inviabilizar a medida, de forma
que ela não se realize antes de dez de janeiro do ano próximo (porque então, a
substituição será apenas pelo vice de Maduro, o que é apenas uma cínica
manobra, eis que nada mudaria no governo venezuelano).
A delegação do Brasil também exigiu
da Venezuela a adoção de medidas importantes para a solução da crise. Maduro tem rechaçado a recepção de "doações internacionais por meio de
canais humanitários apropriados", o que mostra o cinismo insensível do
regime chavista, diante da relevância dessa ajuda que aliviaria a penúria de
alimentos e medicamentos que aflige a população venezuelana.
Também foi exigida a imediata
liberação dos políticos presos, o fim das detenções arbitrárias e a garantia de
liberdade de imprensa, de expressão e de manifestação.
A grande maioria dos membros
da Comissão de Direitos Humanos não
poupou críticas ao Governo Maduro. Os
Estados Unidos, além da pronta realização do referendo, exigiu que a Venezuela permitisse a entrada
de inspetores das Nações Unidas - o que
não acontece há quatro anos - e que tem
a incumbência de verificar o respeito aos direitos humanos, e a liberdade de
expressão.
Houve vasto apoio da sociedade
internacional à urgência e relevância de tais medidas: Reino Unido, Países
Baixos, Itália, Alemanha, Japão, México, Peru e Argentina.
Já os apoios recebidos pelo
regime Maduro só depõem contra o respectivo governo. Além da malta dos chamados
bolivarianos (Equador, Nicarágua e Bolívia), compareceram as ditaduras de Cuba,
Rússia, Irã e Síria. Do representante de Bashar al-Assad, o ditador sírio que
Vladimir Putin apóia com armas, em troca de bases militares, como definir os
elogios do representante sírio, que pesam mais do que quaisquer doestos e ofensas.
O regime Maduro reservou os mais
absurdos ataques a Brasil e Estados Unidos. Não há qualquer seriedade de parte
dessa representante venezuelana Delcy Rodriguez: repisou o "golpe de Estado" no Brasil, dado
por "um grupo de corruptos", e
dos Estados Unidos considerou que são "o país menos democrático do mundo e
que tem presos políticos e pobreza".
Quando um regime, como o
chavista na Venezuela, consegue reunir contra ele a maioria da representação
política e a oposição geral do Povo (que
é o que impede a consulta popular, dada a certeza da derrota), assistir
aos pronunciamentos de seus representantes é como se alguém tem a oportunidade
de revisitar o passado, e ver não só as baixarias, como a profunda ignorância e
irrelevância dessa gente, sobre a qual paira a nuvem negra da ruína iminente.
Não é só nos muros da Babilonia que se podem ler os negros caracteres do Mene
Tekel.[2]
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