domingo, 13 de novembro de 2016

Colcha de Retalhos D 46

                              

Estranha derrota de Hillary


          Estão correndo abaixo-assinados nos Estados Unidos por eleitores de Hillary Clinton que não podem engolir a sua estranhíssima derrota no colégio eleitoral para o folclórico Donald Trump.   
          Por outro lado, segundo consta, a candidata democrata teve mais de um milhão de sufrágios  na votação popular. Tendo-se presente que o seu companheiro de infortúnio - Albert Gore -obtivera maioria de quinhentos mil no voto popular, o total da Sra. Clinton não deixa de impressionar e de motivar muitos eleitores a se perguntarem por que com todos esses votos não poderia ser ela a Presidente.
           Estamos, no entanto, no domínio do quase impossível, eis que o colégio eleitoral é uma disposição constitucional. Seria difícilimo, mas não de todo impossível, derrubar tais antigos critérios,
           Sem embargo, é muito difícil aceitar uma derrota como esta, para um candidato inferior e que nada de bom promete para os Estados Unidos da América. Além disso,  não se deve esquecer que a maioria do Povo Americano votou em favor de Hillary, dobrando a vantagem que outro candidato esbulhado - Albert Gore - com seus quinhentos mil votos de vantagem sobre George W. Bush, logrando assim a vitória no sufrágio popular.


Acusação de Hillary


           Em entrevista, a candidata democrata atribuíu a sua derrota à intervenção ilegal e de possível má-fé do Diretor do F.B.I., James Comey. No seu entender, foi de caso pensado, e não por erro bisonho, que esse senhor - que é republicano - resolveu out of the blue, contra todas as disposições das autoridades competentes, intervir façanhadumente no processo eleitoral, levantando a questão da suposta continuação das investigaçôes sobre os e-mails, com as suas comunicações a todos os presidentes de comitês do Congresso.
           É bem sabido que Mr James Comey - depois de sua frase grosseira quanto à maneira em que Hillary tratara dos famosos e-mails - voltou à carga, diante de uma suposta possibilidade de que no computador do ex-marido de Huma Abedin  houvesse coisas que incriminassem a Hillary. Nada havia, mas esse ir e vir terá levantado suspicácias no eleitorado.  De nada serviram as censuras que lhe foram feitas pelo largo estamento político, eis que a sua intervenção - afetando diretamente a front-runner  para a eleição - querendo ou não prejudicou bastante a candidata Hillary Clinton.
            E, por isso, creio oportuno, que Hillary tenha se decidido a falar e a acusar Mr James Comey como o principal fautor da sua derrota no colégio eleitoral.
            Não há negar que antes da implementação dessa intervenção branca no processo eleitoral americano - desaconselhada tanto pelo Departamento de Justiça, a que é subordinado esse inquieto republicano, quanto pelo estamento político de Washington - havia grande euforia no campo democrata, com o marcado avanço da candidata em estados como Nevada e Carolina do Norte, em que tudo levava a crer poderia igualmente arrebatar.
             Pois foi esse movimento inercial que a intervenção descabelada (e desautorizada pelas autoridades competentes e pela tradição constitucional) lograria o triste feito de confundir muitos eleitores e cortar a grande força inercial de que desfrutava naquele instante Hillary  Clinton.
             Parece-me, por conseguinte, de toda oportunidade  que Hillary venha a público para pôr o nome aos bois, e mostrar que sofreu um golpe branco de autoridade que agiu na contra-mão da tradição republicana e do bom senso.


A  Farra do Judiciário carioca


            É incrível o peso a que está submetido o erário do Estado do Rio de Janeiro por conta dos chamados benefícios. Nesse campo,  a cousa é de levantar os cabelos e de se perguntar por que diabos se chegou a esse verdadeiro descalabro.
             Este blog se ocupou, como é sabido, da situação precária do Tesouro do Rio de Janeiro, em função de duas crises que operaram conjuntamente: o desabamento das quotações do petróleo (e da consequente perda no orçamento carioca dos proventos originários da exploração petrolífera, dadas as vantagens de que dispunha o Estado por sua localização geográfica, próximo dos poços  de exploração submarina da Petrobrás).
            Na segunda crise de que padece o Estado, a  crise financeira se acentuou com a má-gestão das rendas  tributárias, dada a estranhíssima tese defendida por um ex-governador, que tanto abaixou os impostos - supostamente para aumentar as rendas estaduais, por caminhos de difícil entendimemnto - que veio a surgir uma enorme crise no Erário do Rio de Janeiro.
             Depois de oito meses de combater contra grave doença, o Governador Fernando Pezão voltou a assumir, com o intúito de recuperar as mais do que combalidas finanças do Estado. Como elas estão, os leitores do blog já tiveram uma idéia pela amplitude das medidas de reparação que o Plano Pezão concebia.
              A princípio, o presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) prometeu tudo ou quase tudo. Mas esse senhor que já tem dois filhos no Congresso Nacional, quando tomou o seu banho de povo - não de todo agradável, eis que até invasão da Alerj ocorreu - voltou atrás, dizendo que não, quando antes dissera Sim.
              Pezão é um governador sério - que está lutando ainda contra uma séria doença - mas que resolveu voltar do hospital (onde esteve internado sete meses), para tentar pôr um termo na situação caótica e de grave desequilíbrio do orçamento estadual.
                Decerto, tal tarefa não é facilitada pelo descalabro com as despesas  somente com benefícios, concedidos ao Judiciário. Abaixo transcrevo, para que se tenha idéia da gravidade do problema, no que tange aos vencimentos de Suas Excelências:
*  os Juízes terão R$4,3 mil mensais para moradia; Servidores do Judiciário ganharão R$ 1.052 para os estudos de cada filho; e Funcionários do Ministério Público Estadual poderão gastar até R$ 825 por mês com refeições.



( Fontes:  O  Globo; The New York Times)  

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