terça-feira, 8 de novembro de 2016

Que vença quem é melhor

                              
         A excessiva proximidade pode distorcer a visão. À distância, se tem às vezes, a percepção mais nítida, os pontos a considerar e aqueles a descartar.
        Com todos os seus solavancos, inclusive aqueles dados por Mr James Comey, diretor do FBI, talvez o que era fácil se tornou um pouco mais difícil, embora, ao final, como o verificou o próprio, foi muita sacudida e muito trabalho, e como no poema do nordestino sobre o gaúcho, muito trabalho por nada.
        De qualquer forma, ele mostrou duas coisas: quão certa está a legislação a determinar que tais assuntos não se misturem com eleições, e, através do trabalho extra, o próprio ajudou a demonstrar que fora muita faina por nada. Fica a experiência de não mais disturbar o processo eleitoral, quando ele está na reta final.
         Nessa mais contrastada eleição, em que a velha demagogia se choca com o projeto democrata, a diferença de valores é tão grande que chega a assustar. Como é possível que o discurso do ódio venha à justa com aquele da esperança e da construção de um tecido social que se adeque aos tempos sem trair a tradição americana?
          Votar no primeiro é desconhecer o presente e seus desafios. Votar no segundo é dar um passo no caminho de um melhor futuro, com maior justiça e igualdade social.
           Não será através de loucas guerras, externas ou internas, que os Estados Unidos caminharão para a confirmação de um seu destino grande e próspero.
           Não mais fábricas de infelizes, não mais o desatino de loucas aventuras, como aquelas que começam com o brado do próximo fim de todas as guerras, quando, em verdade, as aprofundam na sua rota maldita de imensos déficits, gigantescos guantánamos, e levados pela cega cobiça de uns poucos, enfraquecer a própria economia e sobretudo os laços da esperança que são rede a sustentar a promessa de um grande futuro.
            Os demagogos tudo prometem, inclusive voltar de suas insanas empresas, antes que as folhas comecem a cair. Ignorar o passado é condenar-se a repetir-lhe os erros, que virão sempre mais pesados e gravosos.
            A esperança, no entanto, será a força que uma vez mais guiará o caminho dos Estados Unidos. Bem cedo, ela já se mostrou. Para os que de madrugada se levantam, a escolha já está feita. E será pelo trabalho aturado, e a determinação de sempre que as urnas hão de responder com a vitória da renovada esperança, que se alimenta das benesses do futuro, ao alcance por fim, das mãos calosas ou não, que acreditam na paz do trabalho aturado e recompensado.


( Fontes : The New York Times, O Globo, Folha de S. Paulo )

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