A excessiva
proximidade pode distorcer a visão. À distância, se tem às vezes, a percepção
mais nítida, os pontos a considerar e aqueles a descartar.
Com todos os
seus solavancos, inclusive aqueles dados por Mr James Comey, diretor do FBI,
talvez o que era fácil se tornou um pouco mais difícil, embora, ao final, como
o verificou o próprio, foi muita sacudida e muito trabalho, e como no poema do
nordestino sobre o gaúcho, muito trabalho por nada.
De qualquer
forma, ele mostrou duas coisas: quão certa está a legislação a determinar que
tais assuntos não se misturem com eleições, e, através do trabalho extra, o
próprio ajudou a demonstrar que fora muita faina por nada. Fica a experiência
de não mais disturbar o processo eleitoral, quando ele está na reta final.
Nessa mais
contrastada eleição, em que a velha demagogia se choca com o projeto democrata,
a diferença de valores é tão grande que chega a assustar. Como é possível que o
discurso do ódio venha à justa com aquele da esperança e da construção de um
tecido social que se adeque aos tempos sem trair a tradição americana?
Votar no
primeiro é desconhecer o presente e seus desafios. Votar no segundo é dar um
passo no caminho de um melhor futuro, com maior justiça e igualdade social.
Não será
através de loucas guerras, externas ou internas, que os Estados Unidos
caminharão para a confirmação de um seu destino grande e próspero.
Não mais
fábricas de infelizes, não mais o desatino de loucas aventuras, como aquelas
que começam com o brado do próximo fim de todas as guerras, quando, em verdade,
as aprofundam na sua rota maldita de imensos déficits, gigantescos guantánamos,
e levados pela cega cobiça de uns poucos, enfraquecer a própria economia e
sobretudo os laços da esperança que são rede a sustentar a promessa de um
grande futuro.
Os
demagogos tudo prometem, inclusive voltar de suas insanas empresas, antes que
as folhas comecem a cair. Ignorar o passado é condenar-se a repetir-lhe os
erros, que virão sempre mais pesados e gravosos.
A
esperança, no entanto, será a força que uma vez mais guiará o caminho dos
Estados Unidos. Bem cedo, ela já se mostrou. Para os que de madrugada se
levantam, a escolha já está feita. E será pelo trabalho aturado, e a
determinação de sempre que as urnas hão de responder com a vitória da renovada
esperança, que se alimenta das benesses do futuro, ao alcance por fim, das mãos
calosas ou não, que acreditam na paz do trabalho aturado e recompensado.
( Fontes : The New York Times, O Globo, Folha
de S. Paulo )
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