sábado, 5 de novembro de 2016

Repressão contra os Curdos

                              
        O regime pré-ditatorial de Recip Erdogan na Turquia - cujo viés autoritário é estranhamente contestado pelo correspondente Christopher de Bellaigue da New York Review of Books - avançou na repressão, agora dirigida contra a importante minoria étnica curda.
        'Armados' por mandados especiais - no regime especial surgido após a tentativa de putsch - a polícia turca prendeu doze parlamentares do partido pró-curdos, a que tenta responsabilizar pela explosão de um carro-bomba. Apesar de o E.I. (Estado Islâmico) haja reivindicado a autoria desse atentado - que matou oito pessoas e feriu dezenas nesta sexta-feira, dez de novembro, em Diyarbakir, maior cidade curda no sudeste turco - o gabinete do governo de Diyarbakir acusa o PKK (partido dos trabalhadores do Curdistão) de ser responsável pelo ataque...
          Na vasta repressão lançada pelo regime de Erdogan depois da frustrada tentativa de golpe militar de julho último, as imunidades parlamentares foram convenientemente levantadas, a ponto de cinquenta dos cinquenta e nove deputados do HDP (partido curdo atual) estarem sendo 'investigados'.
          Nos tratados que se seguiram à 1ª Guerra Mundial, a nacionalidade curda foi 'preterida', se assim se pode dizer na redistribuição geopolítica na Anatólia e na Ásia mesopotâmica. Dos principais grupos étnicos, o curdo - que se assinala pela capacidade guerreira perdeu na corrida por um território dito nacional. No Iraque hodierno existe uma área ao norte que é governada pelos curdos, um dos quais é o vice-presidente desse  país.
           No entanto, a maior minoria curda existente nesse continente está na Anatólia, assim como aí estavam  os infelizes Armênios. Como se sabe, ao que restou dos armênios foi reservada uma pequena parcela do Caucaso. Até hoje a Turquia batalha em  todas as frentes da diplomacia  para tentar negar a sua clara  responsabilidade sobre o primeiro genocídio. Já a Santa Sé, através de Papa Francisco, além de vários países já reconhecem oficialmente esta verdade histórica.  Enquanto essa forte minoria curda não lograr os direitos a que faz jus (o governo turco alterna repressão com eventuais moderadas distensões, que em geral não tardam em ser abandonadas por mais repressão), não é necessário ter a precognição dos harúspices para asseverar que a questão prevalecerá insolúvel até ser eventualmente resolvida por tratado de paz em que os direitos dos curdos sejam afinal respeitados.



(Fontes: Folha de S. Paulo e New York Review of Books)   

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