O regime
pré-ditatorial de Recip Erdogan na Turquia - cujo viés autoritário é
estranhamente contestado pelo correspondente Christopher de Bellaigue da New
York Review of Books - avançou na repressão, agora dirigida contra a importante
minoria étnica curda.
'Armados' por mandados especiais - no
regime especial surgido após a tentativa de putsch - a polícia turca prendeu
doze parlamentares do partido pró-curdos, a que tenta responsabilizar pela
explosão de um carro-bomba. Apesar de o E.I. (Estado Islâmico) haja
reivindicado a autoria desse atentado - que matou oito pessoas e feriu dezenas
nesta sexta-feira, dez de novembro, em Diyarbakir, maior cidade curda no
sudeste turco - o gabinete do governo de Diyarbakir acusa o PKK (partido dos
trabalhadores do Curdistão) de ser responsável pelo ataque...
Na vasta repressão lançada pelo
regime de Erdogan depois da frustrada tentativa de golpe militar de julho
último, as imunidades parlamentares foram convenientemente levantadas, a ponto
de cinquenta dos cinquenta e nove deputados do HDP (partido curdo atual) estarem sendo
'investigados'.
Nos tratados que se seguiram à 1ª
Guerra Mundial, a nacionalidade curda foi 'preterida', se assim se pode dizer
na redistribuição geopolítica na Anatólia e na Ásia mesopotâmica. Dos
principais grupos étnicos, o curdo - que se assinala pela capacidade guerreira
perdeu na corrida por um território dito nacional. No Iraque hodierno existe
uma área ao norte que é governada pelos curdos, um dos quais é o
vice-presidente desse país.
No entanto, a maior minoria curda
existente nesse continente está na Anatólia, assim como aí estavam os infelizes Armênios. Como se sabe, ao que
restou dos armênios foi reservada uma pequena parcela do Caucaso. Até hoje a
Turquia batalha em todas as frentes da
diplomacia para tentar negar a sua clara
responsabilidade sobre o primeiro
genocídio. Já a Santa Sé, através de Papa Francisco, além de vários países já
reconhecem oficialmente esta verdade histórica. Enquanto essa forte minoria curda não lograr
os direitos a que faz jus (o governo turco alterna repressão com eventuais
moderadas distensões, que em geral não tardam em ser abandonadas por mais repressão),
não é necessário ter a precognição dos harúspices para asseverar que a questão
prevalecerá insolúvel até ser eventualmente resolvida por tratado de paz em que
os direitos dos curdos sejam afinal respeitados.
(Fontes: Folha de S. Paulo e New York Review of Books)
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