domingo, 25 de fevereiro de 2018

Desastre Humano na Venezuela


                                         

        A renda proporcionada pelo petróleo na Venezuela, gerida através do ente petrolífero - que é a PDVSA - a partir de Hugo Chávez passa a ter a famigerada destinação política desse recurso que constitui a parte do leão nos recursos estatais, recursos esses que são em grande parte desviados da PDVSA para fins de toda sorte, a maior parte escusa. Se durante a fase de Hugo Chávez ainda exista a utilização da riqueza desse recurso, para fins de interesse da Nação e de seu Povo, com o passar do tempo cresce a ênfase em posições de poder da Venezuela, que utiliza as possibilidades da riqueza do ouro negro, e tampouco excluir-se possa a corrupção nua e crua, já com o advento de Nicolás Maduro e sua quadrilha, os usos escusos do petróleo extraído pela PDVSA passam a prevalecer sobre todos os demais, assumindo a nova administração o caráter desenfreado de uma rapina do principal bem de exportação nacional.    
          Dessarte, se, durante o período de mando de Hugo Chávez, ainda subsista algum interesse em valer-se do ouro negro como recurso político, através de colocação desse bem a preços preferenciais (notadamente Cuba e, secundariamente, Nicarágua), com o advento do nefasto governo de Nicolás Maduro, se o subsídio não é de todo abandonado, a vertente criminal do tráfico do ouro negro passa a ter brutal preponderância.
           Assim, entra em cena a estranha figura de Tarek El-Aissami, vice-presidente da Venezuela, por artes não se sabe de quem, mas com muita influência no tráfico de drogas. Foi por isso, que em fevereiro de 2017 o Departamento do Tesouro americano congelou os ativos desse venezuelano, senhor Tarek El-Aissami, por ter tido um "papel significativo no tráfico internacional de drogas". Por outro lado, "centenas de milhões em ativos" associados a laranjas foram descobertos e congelados nos Estados Unidos.
            Ainda não está esclarecido de onde saíu essa patibular figura, de que documentos apontam como Sua Excelência El Aissami, que também foi ministro do Interior e da Justiça, "facilitou" o embarque de drogas para o exterior. O processo incluía até controle sobre aviões que deixavam bases aéreas venezuelanas. Este senhor El Aissami é acusado ainda de ser dono de partes de carregamentos de mais de uma tonelada de drogas que saíam da Venezuela para o México e os EUA.
             Mas não pára aí a "contribuição" dessa figura, provavelmente de origem árabe, que enriqueceria o plantel da Venezuela chavista. Segundo a investigação, esse ativismo teria ocorrido em "múltiplas ocasiões". El Aissami teria ainda recebido suborno por ter ajudado a embarcar drogas do traficante Walid Makled García, além de auxiliar na coordenação das rotas de narcóticos  para os cartéis do México e Colômbia.
               Vários órgãos do governo americano estudam, de forma conjunta,  quais sanções poderiam ser adotadas contra o governo de Nicolás Maduro, antes das eleições de abril p.f.   As investigações seriam usadas para indicar o rumo das medidas a serem tomadas e contra quais funcionários do regime.
                 Nesse contexto, deve-se ter presente que Diosdado Cabello é outro elemento do alto escalão chavista sobre quem recaem amiúde suspicácias de ligação à mala vita e ao cartel de drogas, tendo sido inclusive contemplado nas sanções da União Europeia contra o regime de Maduro.
                 O secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, tem percorrido diversos países para tentar estabelecer um acordo para impor sanções contra dois setores na Venezuela, que são chave para que se controle as transações criminosas naquele país: petróleo e finanças. Para Almagro, apenas fechando a possibilidade de lavagem de dinheiro no setor de energia que "o regime poderá ser colocado de joelhos."
                 Numa reunião realizada em Genebra, na corrente semana, Almagro indicou que não vale a pena aplicar sanções econômicas e financeiras enquanto laranjas ou parentes de integrantes do governo  movimentarem recursos no exterior. "Precisamos ir atrás dos testas de ferro dessa corrupção", disse o uruguaio, lembrando do caso de mulheres de dirigentes que passaram a comprar mansões na Espanha nos últimos meses.  
                  Outro personagem nesse dúbio elenco do chavismo, tanto sub Chávez, quanto no esquema de Maduro, é o ex-presidente da petrolífera PDVSA Rafael Ramírez (e, portanto, hoje  um miliardário) e, em seguida, embaixador da Venezuela nas Nações Unidas. Ele é acusado de ter feito parte de esquema de corrupção com subornos, em troca de contratos com empresas. Homem forte no governo de Hugo Chávez, passou a ser investigado pelo governo de Nicolás Maduro, pelo desvio de US$ 4 bilhões, entre 2009 e 2017 na citada PDVSA.
                 Ramírez também é alvo da Justiça americana. Nesse sentido, a empresa Natural Resources acusa o ex-aliado do governo chavista de cobrar propinas para autorizar qualquer tipo de negócio dentro da aludida estatal. Dessarte, a empresa assinala que em 2012 fora chamada a pagar US$ 10 milhões a um intermediário  na Flórida. O dinheiro se destinaria ao próprio Ramírez, que também foi Ministro do Petróleo da Venezuela.
                 A Harvest havia fechado uma joint venture com a PDVSA e queria vender sua participação na estatal de Caracas. A empresa alega que estava sendo obrigada a pagar suborno. Ramírez nega qualquer irregularidade e denuncia "perseguição política", eis que tem sido alvo do Ministério Público da Venezuela.
                  Os americanos conseguiram abandonar o projeto com a PDVSA só quando Ramírez deixou a estatal, em 2016. Mas a empresa Harvest acredita que a venda ocorreu por US$ 470 milhões, menos de o que poderia ter sido obtido em 2012 ou 2013.
                   Em um dos documentos do Tesouro americano, se verifica que "instituições financeiras têm alertado suas suspeitas sobre transações relacionadas com a corrupção na Venezuela, incluindo contratos governamentais". "O governo venezuelano parece usar o controle sobre grande parte da economia para gerar riqueza significativa para seus representantes e para os executivos de estatais, suas famílias e seus parceiros."
                     Por fim, chama a atenção dos investigadores nos Estados Unidos o envolvimento da cúpula das Forças Armadas em esquemas ilícitos. Desde janeiro, os americanos apuram o envolvimento de quatro militares venezuelanos em corrupção. Dentre esses, ressalta o papel do general Rodolfo Clemente Marco Torres, que ocupou o cargo de governador de Aragua, foi diretor da PDVSA, presidente do Banco da Venezuela e Ministro de Alimentos.  A acusação contra ele é a de ter estabelecido negócios ilícitos na importação de alimentos. Como de hábito, não terá sido possível localizá-lo para "comentar tal acusação".
                     Como se verifica pelas descrições acima, no que tange às relações desvirtuadas entre a PDVSA e demais entidades governamentais venezuelanas,  e os altos funcionários, eventuais imigrantes como Tarek el-Aissami,  elas são tisnadas pela mais desbragada corrupção, que já era patrocinada no período introduzido pelo carismático tenente-coronel Hugo Chávez Frias  (que entrou na política na forma tornada comum em América Latina, seja através de uma tentativa de golpe militar, quando o Presidente venezuelano civil, Carlos Andrés Pérez,   se achava ausente, em uma de suas múltiplas viagens ao exterior - em 12 de fevereiro de 2012).  Com esse ingresso à bruta na política, depois de uma prisão breve, estava preparada para decolar a trajetória política do militar Hugo Chávez, que conseguiria eleger-se, diante da manifesta degringolada do poder civil na Venezuela - que fora há relativamente pouco tempo - um dos dois fanais da democracia civil na América do Sul, então sob regime castrense em grande extensão. O resto da estória é demasiado conhecido, com a democracia venezuelana - também de modo conjunto - a ser erodida pelo autoritarismo chavista, malgrado as penas constitucionais do instituto do recall - que Chávez, seja escrito para sua honra - cumpriria à risca, coisa que o sucessor Maduro iria contornar na forma consueta e canalha.
                     O dilúvio ético e político do chavismo se acentua com a discutível vitória de Nicolás Maduro (ajudado, segundo declarou) por um peculiar passarinho (faltou dizer que seria o espírito de seu pai político Hugo Chávez...) sobre Henrique Capriles. Para que tal não pudesse repetir-se, isto é, a ameaça de que Capriles lograsse vencer na próxima, Maduro mandou que a dócil Justiça chavista inventasse algum pretexto para proibir-lhe qualquer candidatura futura.
                       Como se há de verificar pela penosa leitura de tantas negociatas e tratativas escusas do chavismo, dificilmente a derrubada do regime corrupto chavista, instituído por Nicolás Maduro, será .como parecer querer a OEA de Almagro por uma auto-imolação aplicada pelo neo-chavista.
                        Tampouco me parece eficaz que o Secretário-Geral da OEA, o uruguaio Almagro, busque  derrubar o regime corrupto como o de Maduro, ao tentar um método suasório de auto-correção. Semelha muito pouco provável que o regime chavista se emende por própria iniciativa, ou por adesão a eventuais métodos que venha a ser convencido a aplicar. A má-fé preside às opções do chavismo. Mas mesmo nesse patético estado de coisas em que o regime maduro-chavista se deixou manifestamente enlear, o seu comportamente pregresso e a maneira com que provocou uma série de cruéis pragas similares às bíblicas, com que tortura e mata lenta, mas seguramente uma população inteira que se vê forçada ao pior castigo que aplicar-se possa a um povo, antes saudável e com recursos similares aos países vizinhos, qual seja o auto-exílio, a que é tangido pelas pragas não do Egito, mas de Maduro, que hoje incluem a fome, a carência de recursos médicos, as doenças oportunistas que daí surgem, e toda a coorte dos males da hiper-inflação, que em termos inegáveis lhes foram aplicados com a crueldade extrema de quem seja pela desonestidade - ao desviar os recursos do melhor petróleo do planeta para o próprio auto-enriquecimento, seja pela olímpica indiferença de abandonar uma Nação à miséria da hiper-inflação e ao deserto de todo tipo de recurso médico, e de todo tipo de medicação, que somente lhes será acessível, se tomarem a estrada do exílio para os países vizinhos.
                 Maduro foi longe demais, na própria incapacidade, na sua improvidência,  e na maneira com que, seja por ignorância da arte de governar, seja por manifesta incompetência veio a criar essa situação insustentável, tanto no plano do bem-estar individual, quanto no respeito ao ser humano, ao aplicar a seus co-nacionais um tratamento que não é compatível nem a animais, quanto menos para os filhos de uma Nação antes próspera e saudável.
                  Por isso, nem a ele se pode presumir condições de governar um povo, nem àqueles que o cercam, vivendo em ambiente egoísta e verdadeiramente maldito, ao criarem no entorno dos próprios palácios o artificialismo dos campos de concentração, em que sedulamente se preparava, nas câmaras de gás a morte de um povo, que ministravam com o afinco maldito dos carrascos algozes muito bem nutridos.   


(Fontes: O Estado de S. Paulo e demais informações sobre o desastre do regime de Maduro na Venezuela )

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