domingo, 11 de fevereiro de 2018

O que fazer de Maduro ?


               

        A pergunta,  caro  leitor  do blog,  não é retórica.  A situação geral naquele país da América do Sul está entre o caótico, o quase anárquico, e todas as demais consequências da hiperinflação, em termos sociais, alimentares, sanitários e médicos.
        Em outras palavras, as carências  - se me relevam o contrassenso - pululam, a ponto de desenhar-se para a população, tanto civil, quanto militar, um estado de coisas fora de controle.  Essa situação de anomia no país vizinho - não há regras nem condições confiáveis para atendimento médico, v.g. - tem constrangido militares, tanto de alta, quanto de média patente, a desrespeitarem regras básica na movimentação castrense, porque na bagunça reinante na terra de Nicolás Maduro essa é a única solução, se se quer atender a um sentido básico no ser humano: o instinto da sobrevivência.
        Assim, na tarde de domingo, 21 de maio de 2017, o general de brigada do Exército venezuelano Silvano José Torres Oñates, de 46 anos atravessa a fronteira de seu país rumo à capital de Roraima, Boa Vista, sem informar oficialmente às autoridades militares brasileiras, e sem se identificar como integrante das F.A. do país vizinho. Sua discrição tem um motivo forte: como membro da cúpula militar que apóia o presidente Maduro, ele vinha ao Brasil em busca de atendimento médico, após sofrer fratura no fêmur.
         Prontuários de atendimentos realizados no principal hospital de Boa Vista revelam um fluxo de militares venezuelanos em busca de socorro, sem que o Comando do Exército seja previamente informado. E não por acaso tal movimentação chamou a atenção do serviço de inteligência do Exército brasileiro.
          O caso de Oñates - e de pelo menos outros três militares venezuelanos - revela que até integrantes de alta patente do país vizinho estão ingressando em território brasileiro para obter socorro médico de urgência em casos como fraturas, meningite e até extração de um osso de galinha preso à garganta.
           Como assinalado no início do artigo, a Venezuela vive gravíssima crise econômico-financeira,  que tem muitas causas, a começar com o desgoverno chavista (a inflação começa a agravar-se em fins da administração de Hugo Chávez,  na fase terminal da enfermidade do câncer o desgoverno tende a agravar-se).  Desde a "eleição" de Nicolás Maduro, surgiu um condicionamento optimal  para a aceleração inflacionária, já existente em níveis preocupantes sub Hugo Chávez.  A inépcia de Maduro e de sua "equipe", só tendeu a agravar a situação econômico-financeira, que agora se acha fora de qualquer controle. As crises nunca vem sozinhas. A Venezuela é, na prática, um país de monocultura,  valendo-se do petróleo de ótima qualidade extraído pelo ente estatal PDVSA como fonte de divisas.
            Contribuíu ainda mais para agravar a situação financeira, a queda no preço do petróleo, decorrente de causas externas no âmbito petrolífero, de que a Venezuela só colheu os efeitos negativos.
             Despencando a balança de pagamentos - dados os menores recursos das exportações petrolíferas e a falta de reservas em moeda forte, consequentes da profligação nas contas externas, e a falta de reservas estratégicas em divisas,  esta consequência direta da megalomania de Hugo Chávez Frias, que chegou a montar uma espécie de OEA chavista, além de subvencionar as aquisições de petróleo venezuelano pelos  países pobres à sua volta (Cuba, Nicarágua, etc.), o que acelerou a queda nos fundos venezuelanos.
            Sem moeda forte para pagar as contas externas, e os calotes se sucedendo, aí estão em grandes linhas as causas humanas e estruturais  da situação, se não criada, exacerbada (pela própria ineficácia e falta de capacidade gestora da Administração (?) Maduro).
             Consoante a reportagem de O Globo, duas horas depois do general de brigada Oñates dar entrada  no Hospital Geral  de Roraima (HGR),  o capitão do 513º Batalhão de Infantaria da Selva, Jairo José Lotero Mendoza  chegou ao hospital. Por vezos militares, procuraram  tanto o general, quanto o Capitão dar informações enganosas sobre a causa dos traumas.
              O Exército Brasileiro verificou que os dois se acidentaram na explosão de morteiro, durante exercício militar  no município de Santa Elena de Uairén, a 80 km da fronteira brasileira.  É de notar-se que  essa cidade conta com hospital e aeroporto, e está a cerca de 231 km de Boavista.
              Ambos os militares foram submetidos a cirurgias.  O general Oñates deixou o Brasil no dia 29, após ter alta.  Militares brasileiros o acompanharam até o aeroporto de Boa Vista, de onde partiu para Caracas. Por sua vez,  o capitão Lotero Mendoza retornou à Venezuela, no dia 26, sendo acompanhado até a fronteira.
               Cinco meses depois desses atendimentos de urgência,  soldados venezuelanos também vieram, sem informar às autoridades, e sem declinar da sua condição militar.  Já no dia dezoito de outubro de 2017, deu entrada  no hospital de Roraima o soldado Luis Fernando Guiana Maraima.
               Estava ele engasgado  havia um dia  com um osso de frango na garganta e com febre.  Neste caso, o Exército brasileiro só foi informado da sua presença por telefone, após realizado o atendimento  de urgência.
               Após os cuidados médicos, foi ele acompanhado até o território da Venezuela.
                Sete dias depois, houve um caso mais grave: o soldado Edgar Jesus Losano Flores, de vinte anos, deu entrada no HGR. Ao contrário dos anteriores, ele foi encaminhado por médicos venezuelanos do Instituto de Saúde Pública do Estado de Bolívar, no município de Ciudad Bolívar, a 700 km de Santa Elena.  De acordo com o Exército Brasileiro, o soldado passou  pelos postos de saúde de Santa Elena e Paracaima, até chegar ao Hospital Geral de Roraima.  O diagnóstico confirmou a suspeita de meningite, mas Edgar Jesus não resistiu à doença e morreu catorze dias depois.
                 O Globo tentou contato com a embaixada da Venezuela, por telefone, na quinta-feira, mas ninguém respondeu.  Encaminhado e-mail, e sem resposta, a reportagem foi até a embaixada, quando foi informada que a responsável pelas Comunicações  estava de férias (!). Apesar de a funcionária haver informado o e-mail para encaminhar a demanda, até o presente ela não foi respondida.           

( Fonte:  O  Globo )

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