O afastamento da
realidade não é um detalhe eventual ou circunstancial. Que governo como o de
Nicolás Maduro venha a posar de democrata, através da formalização da
respectiva candidatura à reeleição no Conselho Nacional Eleitoral é mais do que
um escândalo jurídico e político.
Tampouco é original em que apresente três candidatos amestrados como
supostos rivais na campanha: são o "dissidente" Henri Falcon, o
pastor Javier Bertucci e Reinaldo Quijada, chavista afastado do
Governo.
Os ditos "chavistas", na
verdade a corja de Maduro que proibiu todo e qualquer candidato com carisma e
consequente possibilidade de prevalecer, em pleito honesto e não o embuste que o regime
Maduro quer instrumentalizar para fingir-se de democrata, tudo isso constitui
um acinte e desrespeito ao Povo da Venezuela, de que muitos de seus habitantes vêm
tomando a estrada do exílio por necessidade vital.
Na minha carreira diplomática vivi alguns
anos no México, no qual o PRI dispunha de três dóceis partidos que se prestavam
ao teatro de fingir concorrerem contra o grêmio oficial, de onde saía o chamado
tapado, que era o candidato do PRI já
ungido na prática antecipadamente como o próximo presidente de México.
Na verdade, a atual Venezuela é cruel caricatura
de ditadura corrupta e incompetente, que
está condenando milhares e milhares de pessoas, seja a emigrarem para os países
vizinhos - como é o caso de Brasil e Colômbia -, mas também fecha os olhos
quando seus generais, oficiais e soldados são forçados a recorrerem aos hospitais de
nossa terra, para terem tratamento de
urgência que a latrodemocracia venezuelana de hoje não mais está em condições
médicas e farmacológicas de realizar nos antigos, hoje despojados hospitais
venezuelanos.
Bem sei que se as Nações Unidas
fossem determinar que os seus países-membros
sejam democracias, surgiria sério problema quanto ao número de países
representados. No entanto, mesmo em tais condições, o que Maduro está
realizando se trata de um crime de lesa-humanidade contra a sua própria gente.
Dá-me engulhos, portanto, que
esse bestial arremedo de democracia seja acatado ainda por países, diante do inusitado
delito que o ditador Nicolás Maduro irá encenar, malgrado todas as ações, na realidade
crimes que está praticando contra seu povo, condenado à fome e à consequente
miséria, nessa mortandade lenta e sádica que
um país sem remédios, com hospitais
imprestáveis, e as decorrentes condições
de falta de qualquer higiene para que
esses infelizes, já depauperados e sem a medicação necessária (sem falar da
subnutrição de país devastado pela hiperinflação) tentem arrastar-se aos países
vizinhos, em busca de comida e de remédios.
Por muito menos, o México, apesar das
tentativas de reformadores de última hora, não pôde conservar o corrupto regime
do PRI (partido republicano
institucional), e aquela falsa democracia para inglês ver não tardaria a ser
sucedida por um novo ambiente e nova atmosfera.
Parece-me estranho que líderes
como Zapatero possam se prestar a esta encenação. Gostaria de ler na imprensa hodierna
que tal apoio não corresponde à verdade. Nada
que ajude Maduro - seja pela presença e a aparência de que, de alguma forma, se
está dando ares de respeitabilidade democrática a um tirano que não se peja a
coonestar com a própria presença o desastre ético e humano da Venezuela
hodierna - tudo isso deve ser evitado e da forma mais pronta e cabal possível.
Que carrascos como Nicolás
Maduro e toda sua quadrilha sejam isolados e banidos. As vítimas desse pútrido regime exigem
punição, e o quanto antes melhor, para que esse Povo sofrido se livre dos
pulhas que se vestem de branco, e se apropriam de o que não lhes pertence.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo; Shakespeare )
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