É difícil compreender a atitude da imprensa
no que tange à atuação do exército nas favelas do Rio de Janeiro.
Entende-se, por certo, a postura
contrária dos principais jornais de São
Paulo. Há um viés negativo nessa
cobertura da imprensa paulistana, o que desvela o ressaibo bairrista em oposição à presença da Força Armada no Rio de Janeiro, enquanto descura da capital
paulistana. É, decerto, terreno traiçoeiro, porque a Cidade maravilhosa se acha
em crise, o que não é o caso da metrópole paulistana...
Depois do escândalo no último
carnaval, e a fraqueza da PM e da polícia civil, que não deram à população a
necessária cobertura e defesa, o que refletiu a falta de comando do governador
Pezão - que, ele próprio, reconheceu - a crítica à intervenção do Exército há
de provocar estranheza, dada a manifesta necessidade de que se recorresse à
única Força com credibilidade e capacidade de ação, à qual o Governo da
República pudesse empregar.
O viés negativista continua a
entrever-se no noticiário, como nas fotos tiradas de moradores em favelas. A
hipocrisia dessa hipercrítica, que, na verdade, busca o apoio dos moradores das
comunidades. Se não tiveram coragem de protestar contra a ação de defesa da
idosa, que chegou a ser torturada pelo tráfico, sob a suspeição de X-9 (gíria da contravenção para o
suposto dedo duro), semelha a princípio difícil contentar tais zelosos
defensores dos direitos humanos (que até o presente, assistiram calados às
injunções e humilhações impostas pelo tráfico às comunidades, que seja dito en passant não vivem em favelas por
escolha, e sim por necessidade),
É
importante que o Estado volte a reclamar o direito de soberania sobre as
favelas, na defesa das respectivas populações.
A foto em O Globo hodierno, de
soldados retirando bueiros das principais vias na Vila Kennedy mostra que aí
estão novos senhores, que não os do tráfico, para desimpedir as galerias do
esgoto, ensejando o consequente escoamento da água da chuva.
Tal atuação terá
duplo benefício: calará as gracinhas de mau gosto do Prefeito Crivella, que
substitui o dolce farniente de suas
viagens à cata de drones salvadores, por ações comunitárias, que mostrem afinal a presença do
Estado, livrando os moradores de duas sarnas - a invasão do tráfico e o cruel
transtorno das enchentes, que são
resultado da ineficácia da Prefeitura e consequente invasão das próprias
moradias pelas águas negras de galerias de esgoto que não funcionam, porque
entupidas por anos de negligência e distanciamento das autoridades competentes.
Fazer piada com isso é dar testemunho, com firma reconhecida, da própria
insensibilidade, além de uma ausência deplorável, eis que reflete a autoridade,
que descuida solenemente daquele velho saneamento básico, a que tantas moradias
na Baixada estão a reclamar.
(
Fonte: O Globo )
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