Nunca os sobrenomes
presidenciais de Nixon e Trump apareceram tão amiúde nos jornais. E, decerto,
não é por acaso.
Desaconselhado por assessores, Trump continua
a pensar na destituição do subsecretário de Justiça, Rod Rosenstein. Fora ele
quem nomeara o Procurador Especial, Robert Mueller. Como ele se recusa a
exonerar Mueller, Trump precisaria encontrar alguém que se prestasse a tal
serviço.
De uma estranha forma, o panorama
hodierno parece condizente à reedição do Massacre de Sábado à noite, que acabou
muito mal para todos os envolvidos.
A grande lição do Massacre de Sábado
está em que um presidente não pode demitir para tentar sair de uma crise. Foi o
que aprendeu Richard Nixon, apesar de ser muito mais esperto do que o atual
presidente.
Como se assinala, a despeito das
maquinações desesperadas de Nixon, a crise terminou sem que o Presidente
lograsse o próprio objetivo. Apesar de Trump investir contra o FBI, o seu atual
diretor, Christopher Ray está mais
comprometido com os princípios do Direito. Ao prestar juramento, há quatro
meses, ele jurou perante uma plateia de agentes federais que defenderia a
Constituição e seguiria a Lei.
É possível que os redatores da
Constituição tenham previsto tempos difíceis e tempestuosos como os
presentes. Mas terão imaginado o
surgimento de alguém como Trump, que Tim Weiner considera mais semelhante ao demencial
Rei George da Inglaterra, do que personalidades como Madison ou Jefferson ?
Dada a relatividade humana, seria previsível que nem todos os presidentes
fossem esclarecidos, mas semelha difícil que imaginassem o surgimento de alguém tão perturbado que fosse capaz de,
em situação como a presente, de colocar
a lealdade pessoal acima da Lei.
O fato de que Trump pense na destituição
de Mueller há meses, seu gesto para
livrar-se do Conselheiro Especial continuará a ser tão desesperado, quanto vão,
e irá fatalmente provocar a crise constitucional de que já foi oportunamente
alertado. Se insistir em agir fora da lei como o seu comportamento faz crer,
estará provocando situação em que não pode sair vencedor. E ao cometer tal
insensatez, estará decretando o seu próprio fim como presidente constitucional
dos Estados Unidos.
( Fonte: O Estado de S.
Paulo e The New York Times ).
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