A estranha lógica de FHC me
confunde. Preferir um apresentador de TV
a experiente militante do PSDB já dá margem a dúvidas quanto à qualidade da
indicação.
Fernando Henrique dá realmente
preferência a Luciano Huck, novato em política,
que aparece em programa da Rede Globo como um quase-miraculoso feitor de bondades para
famílias de baixa renda, consertando de cozinhas a tudo que imaginar-se possa
em termos residenciais de moradores de classes C e D ?
Os números de Huck luziram forte na
consulta feita à organização especializada em computar números de preferência
eleitoral.
Para o seu público Huck aparecerá como
um milagreiro, que transforma calhambeques em carros utilizáveis, decrépitas
cozinhas em espaços de propaganda, e até desmoronante choupana ou coisa
parecida, em uma casinha reluzente de nova? Daí a sua popularidade junto às
classes C e D, mas será que essa avaliação vai resistir ao choque da política,
da realidade e dos debates?
A par disso, entre os tucanos existe a firme
convicção de que Alckmin será o candidato natural do PSDB. Por quarta vez,
governador de S. Paulo, e uma vez
candidato a Presidente, quando foi derrotado por Lula, embora este último
disputasse a reeleição já às voltas com o Mensalão. O medo foi tal na família
que D. Marisa Letícia providenciou passaporte italiano para exilar-se, se fosse o caso, na Itália.
A
borrasca passou, mas o temor de D. Marisa Letícia ficaria registrado (ela faleceu
em principios de fevereiro de 2017).
Voltemos a Alckmin.
Qual é o propósito de Fernando Henrique, ao postular a candidatura de
Luciano Huck como se o atual governador inexistisse como representante do PSDB em condições de
disputar uma eleição presidencial?
Com prevenções à parte, crê mesmo o
ex-presidente que Huck poderia arrostar a campanha presidencial com o seu evidente despreparo (o próprio
candidato o reconhece). Teria mesmo esse
apresentador da Rede Globo condição de enfrentar os comícios e debater
com outros candidatos? Responderão
talvez que se Dilma, a candidata de
algibeira de Lula, teve condições - com todo o despreparo que mostraria
oportunamente para desgraça do Brasil - e conseguiu vencer a eleição, quem não poderia?
Mas será realmente que o nosso
eleitorado continua tão tosco e vulnerável a ponto de preferir Luciano Huck, que nunca governou cousa
alguma, contra Geraldo José Rodrigues Alckmin
Filho, governador de São Paulo,
cargo que ocupa pela quarta vez?
E se me permitem que aprofunde um
pouco mais esse tema, se Alckmin fosse o medíocre político que FHC, por insondáveis motivos, deseja vender ao
Brasil, teria ele Alckmin condições de
governar São Paulo com a sua segurança e a mais do que aparente satisfação de
um eleitorado que é aquele de nosso maior parque industrial, e consequente detentor de maior cultura e sutileza
política ?
Será que Fernando Henrique ainda
não superou o choque de haver perdido a governança da cidade de São Paulo, por
ter caído na armadilha de sentar-se na cadeira do prefeito e, assim, ser
levado pelos traiçoeiros eflúvios do já
ganhou?
( Fontes subsidiárias : Estado de S. Paulo e Folha
de S. Paulo )
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