Espera-se nova guerra no Oriente
Próximo. Só que será uma luta armada
sob comissão e sem piedade. Travada entre os territórios do Libano e de Israel, na verdade implicará em conflito parcialmente
dirigido à distância, a que se agregam velhos rancores e ingredientes
tecnológicos e culturais, que se traduzirão em embates raciais, a que aos
preconceitos se unirão reagentes de toda sorte, em que à alteridade se
contrapõem ódios antigos e modernos, e cujos fins se refletem em olhos
injetados, de forças descontroladas carregados, e que no combate ideológico se entranham, possuídos que são por
instintos e poderes, que vão além, muito além das coléricas explosões, que
julgam dominar, mas que em verdade lhes toldam a mente, e delas são efêmeras criaturas,
metásteses malditas que séculos e milênios atravessam, na atroz incapacidade
que a raiva cega alimenta e atiça, e que através dos séculos, décadas e anos
avança, e através de páramos, precipícios e abismos neles se compraz, incapazes
que são de pausas, seja de minutos, dias, séculos ou milênios, enquanto
arremetem, carregados por poderes que dizem desprezar mas que os dominam, alimentado
por múltiplos, diabólicos e malévolos fatores diversos, em que ao preconceito racial e temporal se unem reagentes
enviados de longe, pela memória do tempo nutridos, por toda áspera sorte
espicaçado, por imagens, visões, odores, e miasmas envolvidos, enquanto a si próprios se
consomem em ódios fétidos e iracundos, que em nada se deleitam e a tudo
ambicionam, no maldito carrossel por outros empurrado e a que detestam no
espelho maldito que lhes põem por diante, para sempre condenados a encararem,
por miasmas cercados, o pote desgraçado onde todas as poções recendem e a que
estão para sempre entrelaçados por ódios iracundos e pela maldita cercania que
nos esgares desdentados os condenam e nos mestos, distorcidos, agressivos gestos
e num só rancor se consomem e a tais extremos levam, que se tal odium vissem em
poça de águas negras espelhado, e a que o poeta antigo em tais turvas águas
mergulhar ousasse, ou padeceria a sorte madrasta do mergulhador de Paestum, ou
se debateria em malévolos, malignos sufocados risos, para sempre condenado à
miserável sorte que entre si se votam, do imo fundo das próprias entranhas, os
dois campeões inimigos, enquanto lenta, sinuosa e áspera como a areia grossa
das fétidas correntes de águas sem nome nem destino os vá levando, envolvendo e
sufocando com o ar quente e pegajoso que nos baixios sulfurentos de um lodo que
não tem fundo, para sempre os arrasta e placidamente sufoca, enquanto para
sempre os condena à falta de toda a esperança, no claustrofóbico poço em que
lhes será vertida a poção maldita dos ódios infindáveis a cuja ingestão se
condenaram, nos dias sem conta em que rolarão sob as vistas turvas dos seres
infernais que os deparam através das córneas imutáveis, a que a ausência do
tempo despojou de toda e qualquer sensibilidade. Para eles fica apenas a
provação de se descobrirem examinados por bestas sem sentimento mas entradas
nas profundezas da memória.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
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