quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

DACA . Divergência no Congresso


                    

       Enquanto o Senado americano chegou nesta quarta a acordo que garante recursos  adicionais ao orçamento nos próximos dois anos e eleva o teto do endividamento até março de 2019,  a proposta enfrenta compreensível resistência  de democratas e de parte de republicanos na Câmara dos Representantes.
       É que, enquanto os senadores democratas na prática ignoraram o DACA, colaborando com a bancada do GOP,  os deputados democratas tomaram posição mais combativa e não de colaboração com a Casa Branca, ao declararem  que não votariam a favor de um texto que exclua uma solução para o DACA - que é o programa do ex-Presidente Barack Obama que protege da deportação jovens imigrantes levados aos Estados Unidos, quando crianças,  programa esse conhecido como "Dreamers" (sonhadores).
         Ao contrário do líder democrata da minoria no Senado, Chuck Schumer, que até o momento não adotou a postura firme, bloqueando a aprovação de autorização de gastos, o que levara ao fechamento do governo por três dias, eis que o democrata subordinara a aprovação da bancada à solução da situação dos "dreamers".
           Ontem, quarta-feira, 7 de fevereiro, centenas de jovens imigrantes se manifestaram no Senado, para pressionar os parlamentares a incluírem a proposta no projeto orçamentário, mas sem sucesso.
           Em setembro, movido pelo seu viés anti-imigração (na verdade, a sanha inconfessável de dar barretada à parcela de seu eleitorado fascistóide),  Trump considera como demagógica a iniciativa de dar cidadania aos "dreamers", quando na verdade seria expressão pura e simples de Justiça em outorgar a nacionalidade americana para quem adentrara o país quando era legalmente irresponsável, e portanto conceder-lhes a cidadania seria ato de equidade e de respeito ao ser humano, que só alguém de má-fé poderia atrever-se a recusar.
             Como seria, de resto, de esperar, a maioria do Povo americano  é a favor da permanência dos "dreamers" no país. Não está muito esclarecido porque Chuck Schumer não apoiou também desta vez - como o fizera no mês passado, quando condicionara o apoio da respectiva bancada à solução da situação dos dreamers.
              Já a posição da lider democrata na Câmara de Representantes - os democratas são minoria também nessa Câmara, o que pode mudar na próxima eleição, quando se estima possível vencer afinal o gerrymander que criara tal situação anômala - a eterna maioria republicana na Câmara - no hoje longínquo primeiro pleito pós-eleição de Barack Obama.
              Pois a corajosa e lutadora líder da minoria na Câmara de Representantes durante todo esse longuíssimo inverno do gerrymander republicano nessa Câmara baixa, eis que ressurge agora com o brio de sempre, a deputada Nancy Pelosi, e antiga Speaker - quando os democratas detinham a maioria nessa Câmara -  para tomar a palavra e discursar de forma ininterrupta no plenário por mais de sete horas!  Ela exigia que o presidente da Câmara, Paul Ryan, assumisse o mesmo compromisso do Presidente do Senado, Mitch McConnell, de permitir  a votação de projetos sobre os mesmos dreamers, hoje ameaçados de serem expulsos do país pela Migra (como os de fala hispânica designam o temido orgão - a Imigração -encarregado de deter e em seguida deportar aqueles estrangeiros que vivam ilegalmente no país).
              A posição dos deputados democratas, liderados por Nancy Pelosi, tem-se tornado estrategicamente mais forte perante a bancada republicana. Trump deseja o incremento das despesas militares em cerca de US$ 165 bilhões, enquanto a previsão para outros programas domésticos  se expandiria em US$ 131 bilhões. Não espanta que aumente a resistência de republicanos conservadores do ponto de vista fiscal, por temerem o aumento do déficit público.  A situação, por isso, para a Administração Trump se torna mais difícil, pois o Speaker da Casa, Paul Ryan, para atender às instâncias do Presidente, e aprovar as cláusulas que ele deseja, carece do apoio dos democratas para aprovar tal oneroso projeto. E o "preço" exigido pela Líder da minoria Nancy Pelosi, no toma-lá dá-cá da regra parlamentar, serão os votos para aprovar legislação para os dreamers, e assim dar-lhes proteção contra a deportação.   

( Fonte: O Estado de S. Paulo - correspondente Cláudia Trevisan)             

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