Enquanto o Senado americano chegou nesta
quarta a acordo que garante recursos
adicionais ao orçamento nos próximos dois anos e eleva o teto do
endividamento até março de 2019, a
proposta enfrenta compreensível resistência
de democratas e de parte de republicanos na Câmara dos Representantes.
É que, enquanto os senadores democratas
na prática ignoraram o DACA, colaborando com a bancada do GOP, os deputados democratas
tomaram posição mais combativa e não de colaboração com a Casa Branca, ao
declararem que não votariam a favor de
um texto que exclua uma solução para o DACA - que é o programa do ex-Presidente Barack Obama que protege
da deportação jovens imigrantes levados aos Estados Unidos, quando crianças, programa esse conhecido como "Dreamers" (sonhadores).
Ao contrário do líder democrata da
minoria no Senado, Chuck Schumer, que até o momento não adotou a postura firme,
bloqueando a aprovação de autorização de gastos, o que levara ao fechamento do
governo por três dias, eis que o democrata subordinara a aprovação da bancada à
solução da situação dos "dreamers".
Ontem, quarta-feira, 7 de fevereiro,
centenas de jovens imigrantes se manifestaram no Senado, para pressionar os
parlamentares a incluírem a proposta no projeto orçamentário, mas sem sucesso.
Em setembro, movido pelo seu viés
anti-imigração (na verdade, a sanha inconfessável de dar barretada à parcela de
seu eleitorado fascistóide), Trump
considera como demagógica a iniciativa de dar cidadania aos "dreamers", quando na verdade seria
expressão pura e simples de Justiça em outorgar a nacionalidade americana para
quem adentrara o país quando era legalmente irresponsável, e portanto conceder-lhes
a cidadania seria ato de equidade e de respeito ao ser humano, que só alguém de
má-fé poderia atrever-se a recusar.
Como seria, de resto, de esperar,
a maioria do Povo americano é a favor da
permanência dos "dreamers"
no país. Não está muito esclarecido porque Chuck Schumer não apoiou também
desta vez - como o fizera no mês passado, quando condicionara o apoio da
respectiva bancada à solução da situação dos dreamers.
Já a posição da lider democrata
na Câmara de Representantes - os democratas são minoria também nessa Câmara, o
que pode mudar na próxima eleição, quando se estima possível vencer afinal o gerrymander que criara tal situação
anômala - a eterna maioria republicana na Câmara - no hoje longínquo primeiro
pleito pós-eleição de Barack Obama.
Pois a corajosa e lutadora líder
da minoria na Câmara de Representantes durante todo esse longuíssimo inverno do
gerrymander republicano nessa Câmara
baixa, eis que ressurge agora com o brio de sempre, a deputada Nancy
Pelosi, e antiga Speaker -
quando os democratas detinham a maioria nessa Câmara - para tomar a palavra e discursar de forma
ininterrupta no plenário por mais de sete horas! Ela exigia que o presidente da Câmara, Paul Ryan, assumisse o mesmo compromisso
do Presidente do Senado, Mitch McConnell,
de permitir a votação de projetos sobre
os mesmos dreamers, hoje ameaçados de
serem expulsos do país pela Migra
(como os de fala hispânica designam o temido orgão - a Imigração -encarregado de deter e em seguida deportar aqueles estrangeiros
que vivam ilegalmente no país).
A posição dos deputados
democratas, liderados por Nancy Pelosi,
tem-se tornado estrategicamente mais forte perante a bancada republicana. Trump
deseja o incremento das despesas militares em cerca de US$ 165 bilhões,
enquanto a previsão para outros programas domésticos se expandiria em US$ 131 bilhões. Não espanta
que aumente a resistência de republicanos conservadores do ponto de vista
fiscal, por temerem o aumento do déficit público. A situação, por isso, para a Administração Trump
se torna mais difícil, pois o Speaker
da Casa, Paul Ryan, para atender às
instâncias do Presidente, e aprovar as cláusulas que ele deseja, carece do
apoio dos democratas para aprovar tal oneroso projeto. E o "preço"
exigido pela Líder da minoria Nancy Pelosi, no toma-lá dá-cá da regra
parlamentar, serão os votos para aprovar legislação para os dreamers, e assim dar-lhes proteção
contra a deportação.
( Fonte: O Estado de S.
Paulo - correspondente Cláudia Trevisan)
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