Será coisa séria
classificar de secreto um memorandum
em Washington, D.C.? Para aqueles
familiarizados com as usanças de dentro do Belt-way,
não caberia acaso um sorriso irônico?
Como se assinala, Devin Nunes está às voltas em episódio que
parece refletir demasiado bem o cenário de Washington D.C. na atualidade. De acordo com reportagem do New
York Times, mr. Nunes estaria por trás de enredo que se pode
considerar típico de Washington na
Administração Trump.
Na verdade, Mr Nunes não é um deputado obscuro, sem
importância. Deputado republicano pela
Califórnia, ele é o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de
Representantes. Além disso, ele estaria por trás de memorandum secreto que insinua
que o FBI e o Departamento de Justiça abusaram da própria autoridade para obter
uma autorização especial para espionarem um antigo assessor de campanha do Presidente
Trump.
O seu empenho em tornar público o
citado memorandum - no que tem o forte apoio do presidente - o jogou em uma luta partidária, provocou a má vontade e o despeito de antigos agentes de inteligência e aumentou
a indignação no F.B.I.
Os principais democratas na Câmara e
no Senado pediram na 5ª feira que o Speaker Paul D. Ryan o retirasse da
presidência da Comissão. O FBI condenou o empenho em divulgar o memorandum,
afirmando "ter graves preocupações com omissões materiais de fato que
atingem de modo fundamental a exatidão
do aludido memo."
Há várias outras questões que, ao
parecer, não são levadas a sério por Mr Nunes. Mexer com esse assunto delicado
preocupa aqueles encarregados de colher informações confidenciais, como o
possível envolvimento da Rússia na campanha de Trump.
O próprio interesse de Trump em dar
força aos desígnios de mr Nunes é manifesto,
pois tudo aquilo que possa trazer água ao próprio moínho, é de seu interesse direto.
E daí o apoio que o confuso Nunes tem recebido de Trump. Por sua vez, entende-se a irritação da
comunidade de informações, dada a alegada irresponsabililidade de Mr Devin
Nunes.
Agora esta última da direita do GOP, além de transformar o trêfego Nunes
em seu herói, faria parte da pouca seriedade
de um grupo que se esforçaria em tornar a intervenção russa na última
eleição americana como se não passasse de invenção da comunidade de
inteligência americana.
Aqui caberia a pergunta: com
amigos como estes, da qualidade de Mr Devin Nunes, precisa realmente Mr Putin de gente que o defenda das acusações
acima ?
( Fonte: The New York Times )
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