Cria um certo vácuo na posição do
Estados Unidos. Em certos temas, o presidente Donald Trump evita atitudes que possam
ser interpretadas como ataques à Rússia.
Outro dia um comentarista se referia a
esta omissão do presidente americano, a qual - quer ele queira ou não -
transmitem a impressão de que algo está faltando do lado estadunidense.
Presume-se que o presidente deva falar apoiando esta ou aquela posição americana,
mas, dada tal peculiaridade de Trump - refiro-me à sua posição de amizade com o
presidente russo, Vladimir Putin, bem como com a própria Rússia, percebe-se essa reserva de parte de Trump.
O caso do
memorandum democrata - que havia sido bloqueado por Trump - foi por fim
liberado para o público. Esse documento
democrata refuta, ponto por ponto, a tentativa republicana de sabotar a
tentativa pelos aliados de Trump de atrapalhar as investigações do Congresso e
do Conselheiro Especial sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial
de 2016 e a sua possível coordenação com a campanha de Trump.
Assim,
o memorandum democrata implica em vigorosa negativa à descrição pelo Presidente
do inquérito sobre a Rússia como uma "caça às bruxas" sendo realizada por
chefes parciais do FBI e do Departamento de Justiça.
A
novel animosidade para com o FBI de parte de republicanos que seguem uma linha
ostensiva de apoio à Lei e à Ordem repontou na semana passada na Conferência
dedicada à ação política conservadora, em que oradores como Wayne LaPierre, o
chefe da NRA (a notória Associação Nacional de Armas) disse que o memorandum
recentemente divulgado mostrava que os Democratas estão empenhados em ação de acobertamento,
e que se estava "combinando com
partes do governo" para levá-la adiante.
O
memorando democrata foi submetido a uma revisão de vários dias por altos
funcionários de implementação da Lei, depois que o Presidente determinou o
bloqueio de sua divulgação imediata há duas semanas atrás, com o Conselheiro da
Casa Branca advertindo que o documento em tela "contém numerosos trechos
considerados como confidenciais e passagens especialmente delicadas". Na tarde de sábado, depois de semanas de
disputas acerca de cortes, o Departamento
devolveu o documento para o Comitê a fim de que ele o tornasse público.
A divulgação do memo era esperada como a última rajada, pelos menos até
agora, em uma luta partidária áspera sobre a vigilância que acarretou rachas
profundas em um Comitê de Inteligência antes tido como de atmosfera bipartidária.
Há uma extrema sensibilidade de parte republicana com respeito à suposta
atuação contrária de parlamentares democratas. O representante Adam B. Schiff,
o mais importante democrata no Comitê disse no sábado que o memorandum
democrata deveria "acalmar" as afirmações republica-nas de que não se
agira bem com o antigo assistente de Trump, Carter Page, no processo
da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA)
Schiff afirmou em declaração oficial que "nossa extensa revisão do documento FISA e três revistas
subsequentes não levantaram nenhuma prova de comportamento ilegal, não-ético e
não profissional dos agentes de implementação da Lei, e ao invés revelaram que
tanto o F.B.I. quanto o Departamento de Justiça procederam a extensas mostras
de forma a justificar as quatro requisições".
Tanto republicanos, quanto o Presidente Trump continuaram alterados. Em
comportamento caracterizado por agitação e nervosismo, Trump pareceu estar
insinuando que um alto funcionário do Departamento de Justiça deveria examinar
com mais cuidado o suposto comportamento fraudulento dos democratas. Embora ele
não o tenha mencionado nominalmente, ficou a impressão de que o Presidente se
referia a Jeff Sessions, o Procurador-Geral.
Toda a discussão, sobretudo as exaltadas reações dos personagens
republicanos, com Trump como chefe de fila, relembram a expressão de
Shakespeare much ado about nothing,
i.e, muito barulho por nada.
( Fonte: The New York Times )
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