domingo, 25 de fevereiro de 2018

Trump, o nervosinho


                    

        Cria um certo vácuo na posição do Estados Unidos. Em certos temas, o presidente Donald Trump evita atitudes que possam ser interpretadas como ataques à Rússia.
         Outro dia um comentarista se referia a esta omissão do presidente americano, a qual - quer ele queira ou não - transmitem a impressão de que algo está faltando do lado estadunidense. Presume-se que o presidente deva falar apoiando esta ou aquela posição americana, mas, dada tal peculiaridade de Trump - refiro-me à sua posição de amizade com o presidente russo, Vladimir Putin, bem como com a própria Rússia, percebe-se essa reserva de parte de Trump.
          O caso do memorandum democrata - que havia sido bloqueado por Trump - foi por fim liberado para o público.  Esse documento democrata refuta, ponto por ponto, a tentativa republicana de sabotar a tentativa pelos aliados de Trump de atrapalhar as investigações do Congresso e do Conselheiro Especial sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016 e a sua possível coordenação com a campanha de Trump.
           Assim, o memorandum democrata implica em vigorosa negativa à descrição pelo Presidente do inquérito sobre a Rússia como uma "caça às bruxas" sendo realizada por chefes parciais do FBI e do Departamento de Justiça.
            A novel animosidade para com o FBI de parte de republicanos que seguem uma linha ostensiva de apoio à Lei e à Ordem repontou na semana passada na Conferência dedicada à ação política conservadora, em que oradores como Wayne LaPierre, o chefe da NRA (a notória Associação Nacional de Armas) disse que o memorandum recentemente divulgado mostrava que os Democratas estão empenhados em ação de acobertamento, e que se estava "combinando  com partes do governo" para levá-la adiante.
             O memorando democrata foi submetido a uma revisão de vários dias por altos funcionários de implementação da Lei, depois que o Presidente determinou o bloqueio de sua divulgação imediata há duas semanas atrás, com o Conselheiro da Casa Branca advertindo que o documento em tela "contém numerosos trechos considerados como confidenciais e passagens especialmente delicadas".  Na tarde de sábado, depois de semanas de disputas acerca de cortes, o Departamento  devolveu o documento para o Comitê a fim de que ele o tornasse público.
              A divulgação do memo era esperada como a última rajada, pelos menos até agora, em uma luta partidária áspera sobre a vigilância que acarretou rachas profundas em um Comitê de Inteligência antes tido como de atmosfera bipartidária.
               Há uma extrema sensibilidade de parte republicana com respeito à suposta atuação contrária de parlamentares democratas. O representante Adam B. Schiff, o mais importante democrata no Comitê disse no sábado que o memorandum democrata deveria "acalmar" as afirmações republica-nas de que não se agira bem com o antigo assistente de Trump, Carter Page,  no processo  da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA)
                 Schiff afirmou em declaração oficial que "nossa extensa  revisão do documento FISA e três revistas subsequentes não levantaram nenhuma prova de comportamento ilegal, não-ético e não profissional dos agentes de implementação da Lei, e ao invés revelaram que tanto o F.B.I. quanto o Departamento de Justiça procederam a extensas mostras de forma a justificar as quatro requisições".  
                    Tanto republicanos, quanto o Presidente Trump continuaram alterados. Em comportamento caracterizado por agitação e nervosismo, Trump pareceu estar insinuando que um alto funcionário do Departamento de Justiça deveria examinar com mais cuidado o suposto comportamento fraudulento dos democratas. Embora ele não o tenha mencionado nominalmente, ficou a impressão de que o Presidente se referia a Jeff Sessions, o Procurador-Geral.
                     Toda a discussão, sobretudo as exaltadas reações dos personagens republicanos, com Trump como chefe de fila, relembram a expressão de Shakespeare much ado about nothing, i.e, muito barulho por nada.


( Fonte: The New York Times )

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