Depois de longas, maçantes,
intermináveis mesmo, negociações, parece (repito, parece) que um novo
gabinete alemão está para ser formado, gabinete este que trará de volta a
grande coalizão (CDU mais SPD), e a que se agrega o parceiro bávaro da CDU que
é a CSU.
Se a Chanceler deve continuar a ser Ângela
Merkel, haverá dife- renças importantes na composição desse quarto ministério a
ser presidido pela Merkel.
No papel, a formação do gabinete se diferencia dos
anteriores, em que Ângela Merkel já tinha posição preponderante. Desta feita,
pelo menos pelo que está no papel da coalizão, as coisas não serão bem assim,
mas resta demonstrar como os fatos evoluirão. Por ora, a Merkel será ladeada
por dois sociais-democratas, Martin
Schulz, que será o Ministro do Exterior, e o atual prefeito de
Hamburgo, Olaf Scholz, como Ministro das Finanças.
Os sociais-democratas terão sete
ministros (Exterior, Finanças, Justiça, Trabalho e Meio ambiente, entre
outros), mais do que os cinco da União Democrática Cristã (CDU), mas cabe notar
que a CDU da Merkel e CSU (a aliada bávara da CDU) de Wolfgang Schäuble, que nos três ministérios anteriores sempre
ocupara a pasta das Finanças, desta feita terão oito ministros, entre os quais
Interior, Defesa,Saúde e Educação.
A
Grande Coalizão representa ainda um enigma, na medida em que vá evoluir.
A anterior foi dominada pela Merkel, mas as condiçoes eram diversas, e a
SPD ora se precauciona com as pastas do Exterior e das Finanças. Contam como aliado extra-fronteiras, mas
dentro da UE o Presidente da França, Emmanuel
Macron, que é favorável às
reformas.
Antes que o ministério seja constituído, ele terá de passar pelas Forcas Caudinas da aprovação pelos 464 mil militantes socialistas. Esse referendo pela
base inclui muitos perigos, eis que teria havido inchação de delegados que
terão ingressado com o intúito específico de votar contra a nova presidência da
Merkel. Como a política se faz no domínio do possível, esse assemblearismo da
SPD pode lhe sair pela culatra. De toda maneira, tal insólito referendo das bases traz uma
senhora incógnita para o processo.
Por ora, fala-se muito na
presente fraqueza de Ângela Merkel. Se ela passar pela aprovação das bases
social-democratas, é claro que um voto
contrário dos militantes socialistas poria a Grande Coalizão por terra, e traria
a perspectiva, no mínimo indefinida, de um gabinete minoritário da Merkel.
Sem embargo, desejarão acaso os
sociais-democratas, notadamente a sua base, realizarem esse gesto de bravura,
ainda que de perigosos efeitos, pois
podem ficar ao cabo com as mãos abanando uma vez mais?
(
Fonte: O Estado de S. Paulo,
Enciclopédia Delta-Larousse )
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