Ora, ora, direis, culpar a festa - no
caso, o Carnaval - pode parecer - como é - desculpa demasiado fácil. Para o governador, é difícil cuidar do grande
número de foliões: "São 6,5 milhões para tomar conta, 500 blocos e mais um
Sambódromo. Não é fácil."
O carnaval do Rio sempre existiu e
grande parte de sua população dele participa. O crescimento da
criminalidade é, sem dúvida, um desafio,
mas não será choramingando que se resolverá o problema.
A cidade do Rio, por uma série de
fatores, inclusive o aumento das favelas junto com o restante da população,
trouxe um grande desafio para as forças policiais, que não se prepararam para
essa emergência.
É preciso repensar a segurança no Rio
de Janeiro. Com a partida do Secretário José Mariano Beltrame o povo carioca
ficou órfão de um esquema de força policial que tenha condições, não só de dar
segurança à nossa gente, mas também de criar uma situação crível para o
convívio entre a favela e a cidade do asfalto. De repente, voltamos ao quadro
de Zuenir Ventura, da Cidade Partida.
A necessidade de montar tal esquema
continua a existir. Na verdade, ela existe desde aquela festança no Alemão, com
tantas bandeiras e tantas ilusões. Aí se desperdiçaram ocasiões preciosas, que
não costumam repetir-se. O que logo nos vem à mente é a turba de trezentos ou
mais que saíu em disparada do morro do Borel. Quem os deixou fugir, foi na
verdade a confiança de todos que aquela gente sumiria na cidade grande, quando
na verdade aquilo representava o começo da volta da bandidagem. E ali, na
verdade, estava o resumo do futuro: excesso de otimismo, que leva a esquecer
existirem fatos que não podem ser deixados para o amanhã. Vejam no que deu.
Uma coisa é mais do que certa. Como
está, não pode ficar. A população carioca, como deixá-la sem qualquer proteção?
Como casos do jovem Davi - que era a personificação do rapaz estudioso e que
não passara, por acaso no exame vestibular - podem acontecer com esse
desaforado cinismo dos bandidos? Assim como aquele jovem de Botafogo, que foi
morto estupidamente, junto com a sua entrada na universidade, a morte de Davi
ficará também impune? Não é questão de simples vingança, mas reação da
cidadania que não deve e não pode
permitir que esses cruéis, bárbaros e estúpidos assassínios fiquem impunes.
Como já assinalei alhures temos uma tendência a dar prioridade ao fato
criminoso e a eventuais culpados que tenham atingido um estrangeiro. Nesse
caso, há prioridade, que vai levar à
prisão dos culpados. Por que esse complexo de privilegiar a busca e o castigo
para o crime contra o estrangeiro, e esquecer o do nacional? Um dos grandes
deterrentes da criminalidade está na perseguição e na captura dos suspeitos do crime,
seja a vítima estrangeira ou nacional.
O prefeito Crivella ainda não voltou de
Frankfurt, mas uma coisa se pode aproveitar de sua escapadela às Europas. É
preciso informatizar a segurança, e conectá-la à PM e ao BOPE (de que,
infelizmente, não se ouve muito falar nos dias que correm).
Comparar PMs a galinhas, Senhor Governador Pezão,
não é decerto a metáfora adequada para nos trazer um quadro diferente e de
respeito aos agentes da Lei. Alguém tem de inventar uma nova segurança - de 24
horas - que garanta intervenções mais do que urgentes, prontas, aos desafios da
bandidagem. Quando tentarem, v.g., explodir agência bancária, como fizeram com
a da Caixa, em frente à Praça da Paz, ou um assalto, como esse de ontem, a um
Supermercado no Leblon, tais atentados não só não devem ficar impunes, mas
também e sobretudo exigem respostas prontas e fulminantes.
Será que essa gente da Polícia,
militar ou civil, ainda não ouviu falar de inteligência?
(
Fontes: O Globo, TV Globo
).
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