Já escrevi sobre o
tema, mas o editorial de hoje do Estadão me
constrange a ir um pouco além. Como
mote, a nossa Ministra Cármen Lúcia,
essa fresca aragem que visita a avaliação dos públicos poderes pela
Sociedade, disse com a conhecida
oportunidade: "o cidadão brasileiro está cansado da ineficiência de todos nós
(autoridades públicas), cansado inclusive de nós do sistema Judiciário."
Como sublinha o Estado, com igual oportunidade, "a declaração da ministra é
mais surpreendente por vir da chefe de um dos Poderes do que por seu conteúdo,
que já havia sido diagnosticado por uma miríade de pesquisas de opinião e pode
ser constatado em qualquer roda de
conversa País afora."
O decálogo é longo das observações do jornal,
e, embora o meu silêncio não possa ser interpretado como eventual desaprovação,
prefiro ater-me as de importância, SMJ,
maior.
Se todos os
brasileiros somos iguais perante a Lei,
parece-me que ao igual dos demais, os juizes "que cometem crimes e
desvios funcionais" devam ser exonerados a bem do serviço público, como nós todos mortais o somos, ao invés de serem punidos de eventuais crimes
"com uma polpuda aposentadoria compulsória". "Tal solução"
fere o princípio da igualdade de todo o cidadão, e constitui um aleijume
jurídico.
Outra questão importante, e que nos
está muito próxima, é a da reforma da Previdência. Segundo o editorial do "Estado" "os brasileiros estão cansados de um
Poder Judiciário que, em nome de seus interesses meramente corporativos,
boicota projetos fundamentais para o País, como a reforma da Previdência. Como
interpretar de outro modo as sucessivas decisões judiciais que suspenderam a
veiculação de campanhas informativas do governo a respeito de pontos cruciais da
reforma". Não por acaso, pulula nas redes sociais uma infinidade de
mentiras a respeito da reforma, enganando a população, num tema tão grave como é a
Previdência - e disso a Justiça não toma conhecimento."
O
Governo Temer se mostra timorato em tema de tal importância, como o da reforma
da Previdência. Dada a igualdade dos poderes por determinação constitucio-nal,
ele não pode apequenar-se nessa questão, que interessa a todos os brasileiros,
não sendo admissível que ela fique refém de interesses corporativos de outros
poderes, como o da Justiça.
É de interesse nacional que a reforma da Previdência seja amplamente discutida e conhecida por todos os brasileiros, para que surja a conscientização de sua ineluta-bilidade, e ela não pode, por isso, ficar subordinada a vantagens corporativas que não são do interesse nacional.
É de interesse nacional que a reforma da Previdência seja amplamente discutida e conhecida por todos os brasileiros, para que surja a conscientização de sua ineluta-bilidade, e ela não pode, por isso, ficar subordinada a vantagens corporativas que não são do interesse nacional.
É
de surpreender-se, portanto, e de repelir com decisão e firmeza, essas
tentativas inadmissíveis de sufocar a discussão de uma reforma, ainda e a fortiori, quando mais atende ao
interesse público, porque é notório que
não haverá mais condições no futuro de sustentar o sistema previdenciário nos
termos presentes, que são lesivos ao interesse nacional. Temos muito à nossa
frente, para dissuadir-nos de falsas soluções e de esdrúxulos acobertamentos,
porque a dinâmica dessa reforma não é controlável por diktats de conveniência, e
se nada fizermos eis-nos transformados em um grande, imenso Portugal.
Se é oportuno manifestar agrado com as posições da ministra, atual presidente do Supremo, deve-se outrossim ter em
mente que os termos de sua presidência são necessariamente breves, e devem
findar no último quadrimestre deste ano. E quem lhe segue na fila é Dias
Toffoli, cujos progressos, data venia, tenho acompanhado.
(Fonte: O Estado de S. Paulo )
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