segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Fragmenta-se a guerra na Síria


                                

     Já está longe o horizonte do levante na Síria tendente a derrubar o regime de Bashar al-Assad. Saído das passeatas ainda pacíficas contra o regime, este mesmo se encarregou de empurrar a juventude e as forças progressistas para a rebelião, a princípio contestadora, mas ainda sem uso da força, até que o próprio ditador Bashar, através de repressão desapiedada, tornaria inviável qualquer recurso com ênfase de  Paz.
       Não me proponho replicar aqui a longa, tortuosa e heróica luta do povo sírio pela liberdade, contra o poder dos Assad. Hoje a guerra na Síria é um monstro irreconhecível, ao cabo de tantas fases que foram por ela geradas.
        No seu momento presente, que tudo indica será o derradeiro, não mais está em questão a derrubada do tirano.  Bashar al-Assad engoliu o próprio orgulho e mesmo as preferências soberanas, para tornar-se, após sua peregrinação ao Kremlin, um poder subordinado ao Presidente Vladimir Putin. Ao aceitar a suserania russa, o ditador alauíta evitou - pelo menos por ora - o espectro do Tribunal Penal Internacional.
          Na suposta fase terminal dessa guerra, trata-se para Bashar de afastar de um bairro de Damasco a resistência dos sírios livres. A despeito do grande número de sírios opositores do regime de Bashar, naquele extenso bairro,  a força aérea russa tem participado dos intensos bombardeios - juntamente com os parcos aviões do tirano sírio - no que é uma cínica operação de eliminação  de o que resta de oposição ao ditador al-Assad.
           Os curdos - que são aliados dos americanos no conflito - têm enfrentado outras batalhas, causadas pela operação "Ramo de Oliveira", movida por Erdogan, o que mostra que o ditador turco tem um cínico humor que se casa à maravilha com o que vem realizando no que tange à intelectualidade de seu país. Preocupa, outrossim, aos curdos que Afrin, a região por eles dominada na Síria, sofra forte ataque dos contingentes turcos. Em tais refregas, têm eles de adotar decisões difíceis, eis que a própria sobrevivência  está em jogo. Consterna, de resto, que Mr Trump permita que os turcos de Erdogan ataquem os curdos, logo estes que são fundamentais na estratégia de exorcizar, derrotar e suprimir a antiga ameaça do Estado Islâmico, que hoje parece em retirada em todas as poucas latitudes que ainda lhe restavam na Síria e no parco território restante do Oriente Médio.  
             
( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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