sábado, 17 de fevereiro de 2018

Intervenção russa na eleição americana


                   
        Já antecipado por prévias notícias em jornais americanos, afinal saiu o indiciamento de 13 cidadãos russos sob a acusação de conspirar para interferir na eleição presidencial americana de 2016, com o objetivo de minar o sistema político dos EUA e favorecer a candidatura de Donald Trump, em detrimento de Hillary Clinton.
         Ao contrário de o que se pensara, as atividades foram além da disseminação de informações falsas na internet e abrangeram a organização de manifestações, o recrutamento de ativistas e o envio de press-releases a órgãos de imprensa.
          O trabalho do procurador Robert Mueller coloca em xeque a alegação de Trump de que a intervenção da Rússia nas eleições de 2016 é uma invenção dos democratas para justificar a derrota de Hillary. As informações que a sustentam foram obtidas em investigação do FBI, que cuidou da monitoração das comunicações entre os treze russos indiciados.
           Em documento de 37 páginas, o Procurador Especial Robert Mueller III descreve a operação que começou em 2014, chegando a empregar mais de 80 pessoas na Rússia, em meados de 2016. Segundo a acusação, o financiamento ostensivo das atividades veio da empresa Concord Management & Consulting, que tem vários contratos com o Kremlin.
             A ação em território americano integrava ofensiva mais ampla de interferência nos sistemas político e eleitoral de vários países (notadamente europeus ocidentais), batizada de projeto Lakhta. Em setembro de 2016, o orçamento mensal da operação era de US$ 1,25 milhão. As atividades nos EUA foram conduzidas pela Internet Research Agency, que declarou a intenção de empreender uma "guerra de informação contra os Estados Unidos".
               A acusação não abrange por ora nenhum cidadão americano, mas afirma que os russos conspiraram com "pessoas conhecidas" do grande júri, que aprovou o indiciamento e analisou as acusações apresentadas.
                "Eles se engajaram em operações que tinham o objetivo primário de transmitir informação depreciativa sobre Hillary Clinton, prejudicar outros candidatos como Ted Cruz (senador pelo Texas) e Marco Rubio (senador pela Flórida), e apoiar Bernie Sanders (Senador pelo Vermont, e rival de Hillary nas primárias democratas), e o então candidato Donald Trump", ressaltou o Conselheiro Especial Mueller.
                  Outrossim, com o intuito de influenciar a opinião pública, a Rússia criou centenas de contas em mídias sociais, com falsas identidades,  com as quais se  passavam por americanos. Também organizaram grupos políticos no Facebook ou no Instagram, através dos quais passavam visões extremistas. Essas ações foram além do mundo virtual e abrangeram a organização de protestos a favor de Trump e contra Hillary. Nos dias que antecederam as eleições, ainda segundo o relatório, as contas criadas pelos russos passaram a desestimular o voto de minorias - que costumam sufragar os democratas - e incentivar a opção por terceiros candidatos, como Jill Stein, do Partido Verde, uma óbvia maneira de "sangrar" o apoio à Hillary.
                     Entre as medidas tomadas pelos russos estavam a compra de espaço em servidores de computador com sede nos Estados Unidos, o furto de identidade de americanos para abertura de contas bancárias e a criação de e-mails fictícios.
                      Entre os atos contra Hillary, a acusação menciona uma manifestação de muçulmanos a favor da candidata convocada pelos russos. Nela, um dos participantes carregava cartaz com uma frase falsamente atribuída à candidata: "Eu acho que a sharia será uma poderosa nova direção da liberdade".
                        Os russos também transferiram recursos para um americano contratado para construir uma jaula grande o bastante para abrigar uma atriz travestida de Hillary."

( Fonte: Cláudia Trevisan, d' O Estado de S. Paulo )                         

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