Já antecipado por prévias notícias em
jornais americanos, afinal saiu o indiciamento de 13 cidadãos russos sob a
acusação de conspirar para interferir na eleição presidencial americana de 2016,
com o objetivo de minar o sistema político
dos EUA e favorecer a candidatura de Donald Trump, em detrimento de Hillary
Clinton.
Ao contrário de o que se pensara, as
atividades foram além da disseminação de informações falsas na internet e abrangeram a organização de
manifestações, o recrutamento de ativistas e o envio de press-releases a órgãos de imprensa.
O trabalho do procurador Robert Mueller
coloca em xeque a alegação de Trump de que a intervenção da Rússia nas eleições
de 2016 é uma invenção dos democratas para justificar a derrota de Hillary. As
informações que a sustentam foram obtidas em investigação do FBI, que cuidou da
monitoração das comunicações entre os treze russos indiciados.
Em documento de 37 páginas, o Procurador Especial Robert Mueller III descreve a operação que começou em
2014, chegando a empregar mais de 80 pessoas na Rússia, em meados de 2016.
Segundo a acusação, o financiamento ostensivo das atividades veio da empresa Concord Management & Consulting, que
tem vários contratos com o Kremlin.
A ação em território americano
integrava ofensiva mais ampla de
interferência nos sistemas político e eleitoral de vários países (notadamente
europeus ocidentais), batizada de projeto Lakhta. Em setembro de 2016, o
orçamento mensal da operação era de US$ 1,25 milhão. As atividades nos EUA
foram conduzidas pela Internet Research
Agency, que declarou a intenção de
empreender uma "guerra de informação contra os Estados Unidos".
A acusação não abrange por ora
nenhum cidadão americano, mas afirma que os russos conspiraram com
"pessoas conhecidas" do grande júri, que aprovou o indiciamento e
analisou as acusações apresentadas.
"Eles se engajaram em
operações que tinham o objetivo primário de transmitir informação depreciativa
sobre Hillary Clinton, prejudicar outros candidatos como Ted Cruz (senador pelo Texas) e Marco
Rubio (senador pela Flórida), e apoiar Bernie
Sanders (Senador pelo Vermont, e rival de Hillary nas primárias democratas),
e o então candidato Donald Trump", ressaltou o Conselheiro Especial Mueller.
Outrossim, com o intuito de
influenciar a opinião pública, a Rússia criou centenas de contas em mídias
sociais, com falsas identidades, com
as quais se passavam por americanos.
Também organizaram grupos políticos no Facebook
ou no Instagram, através dos quais
passavam visões extremistas. Essas ações foram além do mundo virtual e
abrangeram a organização de protestos a favor de Trump e contra Hillary. Nos
dias que antecederam as eleições, ainda segundo o relatório, as contas criadas
pelos russos passaram a desestimular o voto de minorias - que costumam sufragar
os democratas - e incentivar a opção por terceiros candidatos, como Jill Stein,
do Partido Verde, uma óbvia maneira de "sangrar" o apoio à Hillary.
Entre as medidas tomadas
pelos russos estavam a compra de espaço em servidores de computador com sede
nos Estados Unidos, o furto de identidade de americanos para abertura de contas
bancárias e a criação de e-mails
fictícios.
Entre os atos contra
Hillary, a acusação menciona uma manifestação de muçulmanos a favor da
candidata convocada pelos russos. Nela, um dos participantes carregava cartaz
com uma frase falsamente atribuída à candidata: "Eu acho que a sharia será uma poderosa nova direção da
liberdade".
Os russos também
transferiram recursos para um americano contratado para construir uma jaula
grande o bastante para abrigar uma atriz travestida de Hillary."
(
Fonte: Cláudia Trevisan, d' O Estado de S. Paulo )
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