Depois de fazer algum mistério, o líder
trabalhista Jeremy Corbyn anunciou sua adesão ao projeto de união aduaneira do
Reino Unido.
Lentamente, dada a manifesta
inviabilidade do Brexit conforme
endossado pela Primeira Ministra Theresa May, deputados conservadores, e agora
o líder trabalhista Corbyn vão urdindo uma rede infernal de projetos
legislativos cujo escopo final seria inviabilizar o brexit, conforme endossado pela Primeira Ministra, e tornar
possível por uma série de atalhos legislativos ir, lenta mas seguramente, retirando a força vital do aludido brexit!
Se não acreditam, eis aqui em forma
fragmentária - talvez a maneira mais adequada para contornar os compromissos
assumidos pela pobre Theresa May - a evolução recente do líder trabalhista
Corbyn.
A união aduaneira significa que
produtos produzidos dos dois lados do Canal da Mancha podem ser comercializados
sem barreiras tarifárias, ou com barreiras recíprocas. Isso também impediria que uma fronteira
física seja construída entre a Irlanda, membro da União Europeia, e a Irlanda
do Norte, que após o Brexit fará apenas parte do Reino Unido. Mas, em troca da
união aduaneira, Bruxelas ficaria em posição de força para obrigar Londres a
respeitar legislações e regulamentações europeias.
Até aqui Corbyn e os principais
membros do Partido Trabalhista mantinham suspense sobre se apoiariam ou não o
texto. No entanto, o líder da legenda
mantinha posição ambígua sobre o tópico, até que a pressão de parte do
eleitorado trabalhista o teria
convencido a anunciar a própria adesão na segunda-feira.
Trechos de seu suposto discurso
foram obtidos pela imprensa e as mais recentes declarações do líder sobre o assunto confirmam a tendência que já se delineava.
"Temos de ter acesso aos mercados
europeus, temos de ter uma união aduaneira que assegure que continuaremos a ter
comércio, em particular entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda", afirmou Corbyn na
terça-feira.
Ontem, deputados conservadores declararam
adesão ao texto. "Assinei a nova cláusula 5 da Lei de Comércio, a emenda
suprapartidária da união aduaneira", informou Stephen Hammond via Twitter. "Isso é inteiramente
consistente com o discurso da Primeira-Ministra e é necessário para evitar a
fronteira na Irlanda."
Se
necessário fosse, para reforçar o movimento supra-partidário contra o Brexit, também o trabalhista Chuka
Umunna, que é líder desse movimento, confirmou que votará a favor.
"Acredito que teremos a maioria na Câmara dos Comuns", afirmou,
referindo-se à Câmara baixa.
Para Theresa May, a eventual
aprovação do projeto, que só deverá ir à votação após a Páscoa, representará
ulterior desafio do Parlamento à sua
autoridade. Em 2017, os deputados já definiram por maioria que a decisão final
sobre o Brexit caberá ao Legislativo
e não à chefe do Executivo. Mostra o afastamento das respectivas posições a
recente afirmação da Primeira Ministra: "Nossa política não é estar em uma
união aduaneira".
Ora, a cláusula
5 da Lei de Comércio - ou "emenda rebelde conservadora", como vem
sendo chamada por parte da imprensa britânica, tem o apoio de deputados
conservadores insatisfeitos com o divórcio entre o Reino Unido e a União
Europeia. Se aprovado, o texto obrigará
o governo britânico a firmar um acordo com Bruxelas para que a União
aduaneira seja mantida mesmo após o período de transição pós-Brexit - hoje estimado em vinte meses
após março de 2019, segundo a proposta
europeia.
Na próxima
semana, Theresa May deverá apresentar a
proposta do Governo para o Brexit em
que deve ressaltar sua rejeição à cláusula 5. Segundo analistas britânicos,
nova derrota no Parlamento pode representar um desafio direto à Primeira
Ministra, o que poderia levar o Partido Conservador a substituí-la ou até mesmo
à queda da atual coalizão, o que implicaria na convocação de eleições
antecipadas.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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