Não sei se algum dia os Estados Unidos
da América se livrarão de tais morticínios
que, embora não tenham data marcada, estão escritos em letras garrafais
na memória desse país.
Enquanto nenhuma medida for tomada no que tange à instrumentalização
da emenda constitucional nº 2, de quinze de dezembro de 1791- do tempo em que
possuir um arcabuz podia ser vital para a sobrevivência do colono americano -
o Congresso continuará cinicamente a empurrar com a barriga esse escândalo, que
é, entre outras, uma mostra da covardia dos senhores representantes da Nação
estadunidense diante da National Rifle
Association.
Há
toda uma série de acontecimentos que já teriam motivado atitude e a conse-quente
medida que tivesse um mínimo de coragem política e de hombridade para enfrentar
esse escândalo repetido no cotidiano estadunidense.
Por
maior que seja o ódio ensandecido e só plenamente inteligível por doutores em
psiquiatria, tal atitude de matador compulsivo - e no espaço curto de passado
recentíssimo ao morticínio da Florida se junta revoltante, o mega-massacre de
Las Vegas, os dois perpetrados por solitários
assassinos, movidos por insondáveis raivas e compulsões produzidas pela vida moderna,
através dessa sustentada e contínua soma
de covardias políticas dos dois grande partidos americanos, subsiste sempre o
ignóbil silêncio das autoridades, a começar daquela do Presidente, e o que é
ainda pior, uma prostração mental que,
como se o poder político - entendido enquanto Presidência da República, Corpos eletivos de Senado e Câmara de
Representantes, e também a Suprema Corte dos Estados Unidos - que é quem
interpreta a Constituição, e poderá, portanto, declarar ex cathedra, que a Lei Magna está sendo mal interpretada, porque na
mente do legislador jamais se poderá encontrar motivo que justifique esta
total falta de mínimas condições de bom senso que hoje possibilitam a endoidecida
licença para matar todos e qualquer um.
Referi-me
há pouco ao silêncio da autoridade. Se
poderá contestar que o atual Presidente veio a público, mas, per caritá, há diferença substancial enquanto
à atitude pró-ativa, que enfrenta o problema, procura analisá-lo, e distinguir
meios e modos de dominá-lo. Todos sabemos que, por partido, histórico e linha
política, o controle das armas que é o busilis da questão não será sequer citado
pelo Presidente Donald JohnTrump.
Outros
presidentes no passado, como Barack Hussein Obama, se mostraram compreensão do
problema e mesmo até emotividade, falharam também pela omissão, pois houveram
por bem não colocar a própria força política a serviço do interesse dos Estados
Unidos. Porque não se enganem, senhores políticos, de o que está em jogo.
Recuar
ou o que é talvez ainda pior para o Estado da Nação, nada fazer - porque queixumes e choramingos não
se traduzem em linguagem para os Estados Unidos -, sobretudo diante do desafio toynbeeano dessas hediondas, mentecaptas
matanças, equivale a trazer o Povo Americano para os páramos do declínio, a que
introduziu a Superpotência, seja por nescidade, seja pela hübris que visita os poderosos e pode sinalizar-lhes a decadência, situação sinuosa cuja sutileza se vai com a
corrente dos sucessos e sobretudo insucessos dos eventos, a ponto de confundir os contemporâneos que
muita vez invectivam contra os causadores imediatos como, v.g. o Presidente George W. Bush, diante dos bilhões
de dólares dispendidos na insana guerra do Iraque, para destruir as armas de
destruição em massa, que o ditador Sadam Hussein não possuía, e de
cujos calamitosos percalços para os
cofres de Tio Sam poucos hoje se
lembram.
E é
por isso, talvez, que agora tanto se fale na decadência da Super-potência.
O último pleito e a vitória obtida por
quem não era considerado como o melhor candidato, tanto que a sua Administração
hoje se arrasta de escândalo em escândalo, e a possibilidade do impeachment há muito deixou de ser simples hipótese acadêmica, tem trazido muitos sobressaltos para os Estados Unidos.
É
difícil lembrar de um acting president
que, no passado recente, tenha
enfrentado tantos problemas, escândalos e desafios,
com exceção é claro de Richard Milhous Nixon.
(Fontes: Arnold Toynbee, A Study of History; The New
York Times; O Estado de S. Paulo )
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