Os líderes chineses anteriores tinham
dois mandatos de quatro anos, e com tal
limitação temporal se buscou dar menos poder aos ocupantes do executivo, a
partir de Deng Xiaoping.
Quando assumiu, Xi Jinping teve quatro
anos para o primeiro mandato, mas agora
o Partido Comunista Chinês propôs o fim do limite de uma reeleição para o
presidente e o vice no país. Com isso, se pavimenta o caminho para que o líder Xi permaneça de forma indefinida no comando
do país.
O que se buscara com a barreira
anterior de apenas uma reeleição, ora desaparece do horizonte. Na falta de um
limite, a tendência para a ditadura sem contrapesos desaparece, como se caracteriza o longo período do poder
de Mao Zedong. Esse caráter absoluto de um mando que não tem outro limite
temporal que o da morte reforça a tendência autoritária do Chefe Supremo, e o
longo arco do regime maoista é prova disso.
Desde a respectiva assunção
inicial, Xi se assinalou por um poder
que era bastante superior ao de seus antecessores imediatos. Como em todo
regime com tal caráter tendente ao fortalecimento da autoridade, é grande a potencialidade de que o executivo
se reforce, máxime em uma sociedade caracterizada pela força intrínseca do
mandante.
Sem o contrapeso da democracia,
mesmo em forma incipiente, a tendência
para o absolutismo aumenta, e com ele a falta marcante dos controles da
opinião pública que em tais ambientes não tem a influência positiva que em
geral ela exerce em forma crescente, à
medida que diminui o espaço da livre opinião e debate. O engessamento da
autoridade a afasta da saudável poluição democrática, e torna a atmosfera cada
vez mais sufocante em termos do livre
debate das ideias.
A longa supremacia de Mao
Zedong e o crescente enrijecimento do
próprio regime - e não é a toa que Xi devota a Mao grande admiração - tenderá à
sufocação de tudo o que é novo e, em especial, a todos os matizes da liberdade,
cuja criatividade passa a ser propriedade exclusiva do poder supremo. Se está
garantida, pelas peculiaridades do consequente inexorável retrocesso, a queda
ulterior deste regime, infelizes serão
aqueles que se vêem constrangidos a seguir, com passos lentíssimos, a própria
decadência, dada a sufocante atmosfera, de que o longo estirão de mando do ídolo
de Xi - Mao Zedong - constitui a acabrunhante projeção, de um porvir que
literalmente rouba aos jovens e menos jovens o livre espaço da esperança.
( Fonte: Folha de S.Paulo )
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