segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O governo Trump vai fechando o cerco

                              
        Na Argentina, escala inicial da viagem do Secretário de Estado, Rex Tillerson anuncia o estudo de sanções contra a produção de petróleo da Venezuela. Seria mais um meio de combater a "deriva autoritária" do governo de Nicolás Maduro.
        Também na defesa de sanções contra a Venezuela, Tillerson declarou "não fazer nada (contra o Governo  de Maduro) é permitir que o povo venezuelano continue sofrendo".
        Na reunião com o Ministro do Exterior Jorge Faurie - que se realizou em Bariloche, na Patagônia argentina, Tillerson disse estar preocupado  com a crise humanitária na Venezuela, e pediu a realização de eleições livres e justas na terra de Bolívar.
        Por sua vez, Faurie declarou: "a posição da Argentina é absolutamente clara. Não estamos reconhecendo o processo político e o desvio ao autoritarismo da Venezuela."  
        Hoje deverá ocorrer a visita de Tillerson à Casa Rosada, onde será recebido pelo presidente argentino Mauricio Macri.
        Como se sabe, as últimas sanções do Governo Trump contra o regime chavista foram impostas em 2017, no sentido de impedir transações financeiras de bancos americanos com empresas venezuelanas. Essas medidas estão no sentido de criar obstáculos à capacidade da Venezuela sob Maduro de pagar sua dívida externa, e tendem a agravar a crise econômica no país. É de notar-se que o caro amigo de Trump,  gospodin Vladimir Putin, recebeu a Nicolás Maduro e lhe deu alguma ajuda em termos de crédito.   
         Inserindo-se no quadro geral do encirclement, as vendas de petróleo da Venezuela para os Estados Unidos caíram ainda mais, chegando ao nível mais baixo desde 1991, de acordo com dados de fonte americana, cujo baque foi agravado pelas sanções da Administração Trump.
          A inflação na sua categoria híper pode ser vista como a coroa de latão da miserável Venezuela sob Maduro. Segundo o FMI ela deva atingir neste ano a 13.000 %.
          Como é notório, o sucateamento dos equipamentos de exploração do petróleo pela PDVSA, reflete apenas - sob ângulo extremo, eis que golpeia talvez o petróleo de melhor qualidade mundial - uma tendência que se estende desde o caudillo Hugo Chávez, que nunca tratou de manter em bom estado a maquinária do ente petrolífero venezuelano. Se Maduro trouxe para esse quadro a sua incomensurável incompetência política e econômico-financeira, Hugo Chávez Frias preparou o caminho da desgraça - sem, é claro, dar-se conta - ao desperdiçar a renda plus da Venezuela, financiando uma entidade internacional chavista (que queria fazer rivalizar com a OEA) entre outros pesados erros políticos.  No boletim de misérias de Maduro, o PIB venezuelano caíu 13,6%, e o Morgan Bank prevê redução de cerca de 25% na produção de petróleo  (por causa do sucateamento do equipamento e pela quase total falta de inversões nesse campo).
          As sanções aplicadas pela Administração Trump provocaram, outrossim, o calote na dívida do governo chavista e de seu principal trunfo, a PDVSA.
           Tangido pelo cerco internacional - sanções também a altos figurões chavistas, incluindo ao sinistro Diosdado Cabello, foram estabelecidas pela União Européia - Nicolás Maduro e sua clique ampliou o cerco à oposição - que continua de uma embaraçosa timidez - ao banir a coalizão da Mesa da Unidade Democrática (MUD)das eleições presidenciais, bem como a candidatura de seus principais lideres. A violência contra a oposição continua, a par de criar toda espécie de dificuldade a legendas antichavistas.
             Por ora, apesar da resistência isolada de alguns democratas - um dos quais, o corajoso aviador Oscar Pérez,  acaba de ser trucidado pelas forças da ditadura - as ditas forças democráticas continuam débeis e indecisas, a ponto de se prestarem ao jogo inútil - promovido pelo República Dominicana de uma suposta (e continuamente desmentida pela crua realidade fática) tentativa de aproximação às práticas da democracia. Maduro manda muitos dos seus próceres fingirem que podem considerar as propostas da MUD, que não tardará a vê-las machucadas e mortificadas pela turma chavista.
              Como acha que o tempo corre contra seus desígnios, Maduro pressiona a sua Constituinte de fancaria, presidida por Delcy Rodriguez, para que encurte os prazos para a realização da próxima eleição.  Entrementes, a surda raiva de população pisoteada e mortificada por muitos flagelos, como a hiperinflação, o desabastecimento total e generalizado (inclusive de medicamentos), pois o regime não mais tem condições de colocar produtos nas prateleiras de supermercados e de drogarias, envolvido que está em um processo hiperinflacionário que se estende desde muito (desde Hugo Chávez, na verdade, ainda que em versão light enquanto esse último ainda governava), e que não tardará em criar o caos final para o fim do chavismo e o surgimento sabe-se lá de que, com a torcida dos países vizinhos para que o inferno maduro-chavista venha a terminar, não só por causa dos infelizes venezuelanos, mas também pela exportação da miséria daquela terra aos países vizinhos, dentre os quais está o Brasil.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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