Inaugurada pelo Presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira, em 21 de abril de 1960, depois de três anos de
construção, Brasília tem hoje 57 anos de existência funcional, e está bem a
caminho de completar 58 anos bem vividos.
Embora não tenha participado da
inauguração, estive em Brasília não muito depois, durante o governo do
Presidente João Goulart, quando da visita do Marechal Tito, presidente da então
Iugoslávia, em setembro de 1963.
Brasília ainda tinha muito poucos
hotéis, e nos hospedamos talvez no primeiro hotel de Brasília. Próximo do Palácio do Alvorada, desenhado
como quase tudo o mais por Oscar Niemeyer, recordo-me que tinha os elevadores
no centro do prédio, e quem estivesse lá hospedado, teria que percorrer o interminável
corredor, que conectava a todos os quartos do andar.
Tinha-se a impressão de que além da
poeira, a Novacap ainda era uma
cidade a ser preenchida pelo comércio e as construções do Plano Piloto. Quase
todo o comércio se agarrava à W-3, e o que
ouvíamos ao adentrar qualquer loja era que o artigo procurado "está em falta".
Mais tarde, lá viveria os meus
primeiros anos de casado, já com filhos
pequenos. Isso, no entanto, fica para depois dos quatro anos transcorridos no
Rio, em princípios de carreira, e fazendo tempo para a primeira saída em
caráter permanente, o que, segundo a
usança se realizava no porto do Rio de Janeiro. Lá do alto da amurada do Giulio Cesare, vi delineados os meus
maiores, com a minha avó materna apoiada pelas filhas - minha mãe e minhas tias
- para dar-me o que pensava fosse um provisório adeus.
Nesse tempo, já quase me esquecera daquela
aventura brasílica. Era fevereiro de 1964, ano que não sabíamos ainda fatídico,
não só na família, mas também no país.
O que me lembro daqueles tempos pioneiros
da Novacap foi o escasso diálogo
entre o velho Marechal e o presidente Jango Goulart. Tito e sua visita de certa
forma imantavam os conflitos in fieri
naquele agitado Brasil pré-revolucionário. Sentia-se que os dois chefes de
Estado tinham muito pouco a conversar. Jango talvez pensasse nas confusões com
os governadores - tanto Carlos Lacerda (Rio de Janeiro), quanto Adhemar de
Barros (São Paulo) não queriam saber da visita daquele comunista aos respectivos Estados.
Daí, talvez o desconforto de Jango, que parecia não ter muito o que
dizer.
Lá fora, a Brasília de então nos circundava. Os carros
ainda eram poucos, pedestres perdidos na
poeira, o vazio por toda parte, o provisório muito presente, de cidade a
permear os prédios públicos, pouco, muito pouco a declarar. Ao pensá-la grande,
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, teriam eles que pacientar, para que o povo
surgisse e depois chegassem as pessoas, e gritassem presente!
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