Cria desconforto, e não dos menores, verificar que alguns deputados conservem o mandato, mesmo
depois de regularmente condenados pelo nosso sistema judiciário.
O Congresso Nacional
não pode considerar que seus membros estejam acima da Lei, pelo fato de terem
sido eleitos para um mandato, seja na Câmara dos Deputados, seja no Senado
Federal.
O importante que carece
de ser verificado é se tal e tal membro do Congresso Nacional foi condenado por
órgão do Judiciário, e se os respectivos recursos foram feitos às instâncias
judiciárias, uma vez determinada a culpa pela segunda instância.
Não quero repetir o
bordão de um conhecido locutor de tevê, mas seria uma vergonha que o
Legislativo tivesse uma 'bancada da Papuda' (a penitenciária de Brasília), como
incidentalmente aludiu Bazileu Margarido, um dos coordenadores executivos da
Rede.
O desrespeito à Justiça não acontece
somente no Rio de Janeiro, e é
lamentável que tal situação se propague, pelo que representa, como se existam
brasileiros que estão acima da Lei e outros, não.
As indecisões a
respeito do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) mostram insegurança
jurídica, o que é grave, dada a autoridade que assim se expressa. O caso de Paulo Maluf é, a esse propósito,
ilustrativo: O ministro Edson Fachin determina a 19.12.17 o início da execução
de pena de Paulo Selim Maluf, condenado a 7 anos e 8 meses de prisão, por
lavagem de dinheiro. Em 20.12, Maluf se à PF. Neste mesmo dia, Rodrigo Maia
declara que a decisão da perda de
mandato não é automática, e que a decisão cabe ao plenário. No entanto, em 8.II.2018, Maia muda de
parecer e afirma que a Mesa diretora da Casa, e não o plenário, decidirá sobre
perda de mandato.
No meu entender, a condenação passando
em julgado determina ipso jure a
perda do mandato.
Já o caso de Jacob Barata (MDB-RJ),
deputado, condenado a 7 anos e 2 meses de prisão, por falsificação de documento
público e dispensa de licitação, é detido após decisão do STF (em 6.6.2017). Já
em 27.6.2017, Justiça autoriza Jacob a ir à Câmara durante o dia. No entanto,
em 24.11.2017, flagrado com alimentos escondidos, perde direito de trabalhar na
Câmara... Ainda no caso de Jacob Barata, em 8.2.2018 (ontem) Rodrigo Maia diz
que aguarda análise de recursos no STF para decidir sobre cassação.
Por
fim, há mais outro caso de deputado presidiário, i.e. João Rodrigues (PSD-SC). Com ordem de prisão expedida pelo
STF, esse deputado foi preso na 5ªfeira, oito de fevereiro, no aeroporto de
Guarulhos. Antes, ele tentara desembarcar em Assunção (Paraguai), mas foi
barrado, por constar seu nome na difusão vermelha da Interpol. O deputado que
voltava dos EUA com a família, justificou a mudança de rota para evitar
"constrangimentos". "Ao chegar no aeroporto em São Paulo,
certamente a imprensa toda estaria lá", disse ele. em video divulgado em
redes sociais.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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