Qual o escopo do julgamento militar de
uma palestina, Ahed Tamimi, de 17 anos de idade, que é mantida presa desde 19
de dezembro último, acusada de dar tapas e chutes em dois soldados da ocupação
israelense? Será que todas as forças de ocupação padecem da mesma falta de
juízo?
No julgamento castrense, realizado em quartel,
de Ofer, na Cisjordania - em localização árabe-palestina, e que está submetida
a ocupação militar desde a guerra-relâmpago,
em que Israel se apropriou, contra resoluções do Conselho de Segurança
das Nações Unidas, de boa parte do território palestino, na época sob
jurisdição jordaniana.
O fato de ser menor de idade, assim
como a motivação ridícula da sua já longa detenção, também lhe reserva a
oportunidade de ter um juiz militar israelense, mostrando que, como poder
ocupante, o governo de Tel-Aviv não está para brincadeiras.
Diplomatas da Alemanha, França, Reino
Unido e Suécia compareceram à abertura do "juízo" e viram que a
menor Ahed chegou algemada à audiência. O juiz, sem pestanejar, ordenou a
retirada dos diplomatas do recinto, de certo pelo perigo que a sua presença
pode acarretar. Com a mesma
tolerância, Sua Senhoria
determinou a saída dos jornalistas, sob o pretexto de que a acusada é ... menor
de idade.
Segundo a advogada Gaby Lasky, que é
israelense, o objetivo do processo "é impedir que Ahed e outros jovens
palestinos protestem." Ahed Tamimi foi filmada em quinze de dezembro,
durante protesto contra a decisão do Presidente Trump de reconhecer
Jerusalém, como capital de Israel. A cena aconteceu na parte fronteira da casa da família da
adolescente, que teve parte de suas terras (ilegalmente) confiscadas para construção de assentamentos de colonos
israelenses.
No ato de protesto, um primo de
quinze anos de Ahed foi atingido na cabeça por projetil de aço revestido de
borracha. Depois disso, ela foi com a mãe e uma prima até os dois soldados. No
vídeo, os militares não reagem aos tapas e pontapés da jovem. Em Israel, as imagens provocaram queixas de
que eles tinham sido humilhados. Dá uma
certa ideia do nível do gabinete de Netanyahu que o seu Ministro da Educação,
Naftali Bennett, disse que Ahed e a prima "deveriam terminar seus dias na
prisão."
Nessa corte kanguru,
a acusação não se peja de responsabilizar a adolescente de doze
crimes, incluindo agressão, obstrução do
trabalho dos soldados e incitar outros palestinos a protestar. A mãe e a prima, que aparecem no vídeo,
também serão julgadas.
Cerca de seiscentos membros
do clã Tamimi vivem em Nabi Saleh. Ahed
participa de manifestações contra a ocupação da Cisjordânia (que é ilegal, condenada
por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas) desde menina. Mostra a sua firmeza e patriotismo desde garota
de onze anos, quando foi fotografada diante de um militar da força de ocupação
israelense, com o punho cerrado e erguido.
Não parece interessante como
as forças de ocupação são odiosas e odientas para a população palestina? A
maneira como os chamados "colonos" se apropriam de terras palestinas,
com a conivência das Cortes de Justiça, do Exército e do próprio governo israelense, é como se enterrassem nas terras da velha
Palestina aquele sentimento de rejeição e de revolta que há de levar à ulterior
recuperação das terras, de resto com a
autoridade do Conselho de Segurança das Nações Unidas que então se manifestara
em favor dos direitos do Povo palestino, em numerosas resoluções. Será que tais resoluções para sempre dormirão
como a letra morta que hoje são?
(
Fonte: O Globo )
Re
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