A OEA convocou assembleia
extraordinária por iniciativa do Brasil, que teve o apoio secundado pelo
México. Até este ano não fora possível
que a organização interamericana interviesse na crise da Venezuela, dado o
apoio prestado pelos países caribenhos ao regime de Maduro. Tal se devera, sobretudo, pela cessão, por
preço subsidiado, de petróleo venezuelano.
Desta feita, no entanto, a Venezuela
não mais logrou impedir a votação de uma resolução pela OEA, por força da
votação por larga maioria dos países-membros da Organização.
Dessarte, com apenas cinco votos negativos, a Organização dos Estados Americanos aprovou,
a 23 do corrente mês de fevereiro de 2018,
Resolução que pede ao Governo da Venezuela o adiamento das eleições
antecipadas para abril p.f., para que o pleito possa ser realizado com a
participação da Oposição, a supervisão de observadores eleitorais e garantias
de que o processo será "livre, justo, transparente, legítimo e crível".
O texto - que significa a primeira derrota importante do regime
ditatorial de Nicolás Maduro - defende o restabelecimento da ordem democrática
e faz apelo para que Nicolás Maduro permita a entrada de ajuda humanitária.
O placar da votação evidenciou o
isolamento da Venezuela e a erosão de seu apoio dentro da Organização.
Tradicionais aliados de Caracas, e.g.,
Equador, El Salvador e Nicarágua se abstiveram. Entre os chamados bolivarianos
apenas a Bolívia de Evo Morales - cujo regime há pouco sofreu derrota em
referendo - votou contra a resolução, ao lado da Venezuela, e os países
dependentes do petróleo subsidiado, Suriname, Dominica e São Vicente e
Grenadinas.
A Resolução teve o apoio de
dezenove países, entre os quais, Brasil, Argentina, México, Estados Unidos,
Canadá e Peru. Durante a maior parte de 2017, Maduro conseguira bloquear a ação
da OEA graças ao apoio de países do Caribe, beneficiários da venda do petróleo
venezuelano a preços subsidiados.
Esse impasse da OEA levou à
criação do Grupo de Lima, um conjunto de catorze nações que passou a pressionar
a Venezuela a restabelecer as instituições democráticas.
A assembléia de ontem foi
convocada por iniciativa do Brasil, com o apoio dos Estados Unidos
Mexicanos. Nesse sentido, o embaixador
brasileiro, José Luiz Machado e Costa, defendeu a necessidade da crise na
Venezuela ser tratada no âmbito da OEA, já que o Grupo de Lima tem caráter
informal. Nesse sentido, o representante
do Itamaraty afirmou: "A grave crise política,social, econômica e humanitária
na Venezuela torna eloquente o silêncio, neste momento, da única organização
regional que congrega todos os Estados-membros de nossa região".
Segundo o representante
brasileiro na OEA, a decisão tomada
"tira a legitimidade" da justificativa de Maduro para realizar as
eleições em abril. Alguns partidos e
vários candidatos da Oposição estão proibidos de participar do processo, porque
estão na prisão ou foram vetados pelo regime. Ontem, o Poder Eleitoral
venezuelano afirmou que a votação não incluirá a escolha de novos
parlamentares, como havia sido sugerido pela cúpula chavista, notadamente Diosdado
Cabello.
Samuel
Moncada, representante da Venezuela na reunião, afirmou que seu governo não
aceitará a resolução da OEA, sob a alegação de que ela viola princípios de
direito internacional. Continuando na mesma linha, ele negou a evidência, no
sentido de que exista crise humanitária em seu país e disse que as sanções
impostas pelos Estados Unidos são responsáveis pela crise.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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