quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Por falar em protesto...

                             
        Pode ser sintoma de novos tempos,  mas em verdade me parece pouco ter a ver com comportamento global, e sim ser reflexo de laxidão generalizada no Brasil hodierno, que por sua vez é parente muito próximo no que tange à abstenção de qualquer providência para coibir essas agressões e depredações sistemáticas da coisa pública.
        O direito de protestar é decerto característica intrínseca da democracia. O que nada tem a ver com espírito democrático é a desavergonhada instrumentalização do cívico direito do protesto.  Que tem a ver o próprio nacional com o que um grupo de baderneiros pensa a respeito da situação hodierna?
         Absolutamente nada. A manifestação, seja qual for o próprio fim, deve ser pacífica e ordeira. Não será destruindo patrimônio público nacional e municipal, em Brasília, além de bens privados de cidadãos, que a demonstração de desagrado de um grupo determinado será mais relevante para os respectivos objetivos.
          Na realidade, ao passar para o vandalismo e a depredação de bens públicos e privados, os indivíduos que participam da 'manifestação' estão abrindo um outro dossier, este policial e patrimonial. Saem do livrinho da Constituição e adentram maçudos manuais de direito penal.
          Houve ontem em Brasília outra exibição vandálica, com violência dos seus integrantes, ateando fogo no que estava à sua frente (inclusive carro particular) e o quebra-quebra de bens públicos.
           Aqui a autoridade tem que ter muito presente que ao descer para a arruaça e o quebra-quebra, os baderneiros literalmente saem dos artigos da Constituição Federal, e invadem a seara da polícia, com  os prejuizos e danos infligidos a bens públicos, e por conseguinte de todos, e também a automóveis, que no caso são bens privados, e, portanto, tampouco suscetíveis de serem objeto das quase maquinais práticas na sua destruição boçal. Elas nada acrescentam à manifestação, a não ser o necessário repúdio da cidadania por tais ações de indivíduos que, ao fazerem esses estragos, saem totalmente do abrigo constitucional aos demonstrantes pacíficos, e viram arruaceiros e criminosos comuns.
             Deve-se coibir esse desvirtuamento do direito político de protestar, que aqui ingressa na baderna e na depredação do patrimônio público e alheio (também nessa mesma linha, energúmenos picharam o Museu da República e invadiram secretarias de estado).
            Os organizadores desta desordem são maus estudantes,                                                               sob a 'organização' da Central Sindical Petista CUT, o MST e  agitadores que, pelas entidades sindicais citadas, são membros do PT e de seu partido subalterno PCdoB.
             Como tais indivíduos, ao entrarem na seara do direito penal abandonam a guarida constitucional da manifestação ordeira e respeitosa do patrimônio nacional, a Segurança Pública deve levá-los para a Papuda, para que disponham de tempo para meditarem entre a diferença entre o público e o privado, de uma parte, e da necessidade urgente de serem inteirados que manifestações nada têm a ver com destruição de patrimônio, sem falar de danos pessoais a particulares. Ao agirem da forma   praticada, tais jovens devem esquecer qualquer veleidade de valer-se dos guarda-chuvas das manifestações ordeiras.  Para quem promove baderna e dilapida a cousa pública, quem sabe uma boa estada na cadeia ajudará a entender melhor que manifestação de protesto não tem nada a ver com arruaça, bagunça e danos ao patrimônio da Nação.            


(Fonte:OGlobo)     )                                                                                                                                                                                         

Ataque frontal à Lava-Jato

                              

        Na noite de ontem para hoje, trinta de novembro de 2016, o Congresso mostrou a sua face, desfigurando a Operação Lava-Jato e as suas bases jurídicas.  Não há nenhum exagero em considerar as emendas aprovadas pela Câmara na noite de terça para quarta-feira, como o golpe mais forte dado pela Legislatura à Lava-Jato e a toda sua ingente luta contra a corrupção.
         A proposta desfigurada passou com apoio de 313 deputados e 132 votos contrários.
          Para a Presidente do Supremo, Carmen Lúcia, o texto aprovado vai contra a independência do Judiciário.
           O Presidente do Senado, Renan Calheiros, que tem cerca  de onze processos contra ele no Supremo, disse que a proposta original só seria defensável no fascismo. Visivelmente animado com os ventos da Câmara Baixa, Renan  aduziu que foro privilegiado é questão complexa...
           A reação do Judiciário foi bastante forte. Os promotores da Força-Tarefa da Lava-Jato ameaçam renunciar se o Congresso Nacional aprovar o pacote anti-corrupção desfigurado ontem à noite.
           Como se encaixa à maravilha na votação da Câmara de ontem terça-feira, 29 de novembro, o autor do emendão - que desfigurou o pacote proposto - é investigado pela Lava-Jato. Com efeito, o líder do PDT - que é o autor desse pacote sinistro - Weverton Rocha (MA) é investigado pelo Supremo em pelo menos dois inquéritos sobre crimes contra a Administração Pública. Está envolvido em peculato e corrupção - desvio de verbas no Ministério do Trabalho, mediante a contratação ilegal de ONGs. Também Weverton é acusado de crime contra a Lei de Licitações, ao chefiar a Secretaria do Esporte, no Estado do Maranhão.
           Outra 'inovação' do pacote de Weverton é a de estender a faculdade de acusar por crime de responsabilidade por disposição legal de que o eventual acusado processe penalmente os investigadores. O escopo da medida é claro: intimidar os procuradores da República e os demais empenhados no combate ao crime em todas as suas facetas.
                Ainda é cedo para assinalar responsabilidades nesse súbito recrudescimento contra a Lava-Jato.  
                 O desafio contra a ordem legal e sobretudo contra a Lava-Jato é bastante ousado, e se não respondido à altura, contribuirá para a alegria de muitos corruptos. Ainda existe muita permissividade, inclusive com implicados em série de crimes ainda atuantes e o que é pior,agora estimulados por essa abertura de cancelas.
                  De qualquer forma, tem-se perdido muito tempo em discussões nugatórias, enquanto personagens com respeitável ficha penal permanecem ao largo, sem que o Supremo dê o exemplo.
                  Não se pode permitir que o processo seja utilizado como meio para estorvar o pronunciamento e a condenação de aqueles com a responsabilidade já caracterizada.
                  Por outro lado, a Sociedade Civil deve manifestar-se com a necessária urgência para que esse pacote contra a Lava-Jato seja questionado e debatido pelo Povo Brasileiro, para que a ação da Justiça através da Lava-Jato não seja estorvada pelos interesses inconfessáveis, e que o procedimento de recuperação ética de nossa sociedade possa continuar.

                  Os meliantes e seus representantes costumam apodar de fascista a Lei penal que busca pôr termo a que continuem a vicejar normas                              que favorecem o crime em todas as suas formas, inclusive no arremedo de normas penais que seriam desvirtuadas para acobertar a intimidação das instâncias jurídico-penais, e assim propiciar a uma sinistra inversão de papéis na esfera da Justiça, em que se outorgaria aos criminosos a faculdade de tentar amedrontar e até mesmo intimidar as autoridades cujo munus precípuo é o combate em todas as suas formas.

( Fonte: site de O Globo  )

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A inexorável queda do regime chavista

                             

         Mantida artificialmente com todas as prerrogativas, sob as vistas grossas do Brasil, enquanto durou o regime petista de Dilma Rousseff, a Venezuela de Nicolás Maduro vai lentamente, como em suplício chinês, perder o direito a voto no Mercosul e ser excluída de encontros e negociações.
          Na verdade, tais determinações deveriam vigorar desde agosto, mas o Uruguai pressionou e sob o atual governo esquerdizante pressionou para que Caracas ficasse apenas sem voto. Ainda que a contragosto - a experiência mostra que não funciona submeter a economia a ficções e demagogia políticas - os demais membros deram ao cambaleante regime de Nicolás Maduro mais quatro meses de prazo, a fim de adequar-se às normas do bloco.
           Como seria previsível, a situação venezuelana só fez piorar.  O comércio com Caracas não pode melhorar, pois o regime não dispõe de recursos  para importar.
            O apoio e a bravata da esquerda do diminuto Uruguai, no seu demagógico e ritual apoio ao cambaleante regime caraquenho, só tendeu a criar  problemas e a agravá-los para o bloco em geral.  Agindo de forma ideológica, mas na verdade distanciado de quaisquer realidades econômicas e políticas, a situação se agravou a tal ponto dado o caraquenho alheamento das realidades econômicas mais comezinhas, Caracas  contribuiu a contrariu sensu para que afinal Montevideu acordasse de seu sonho esquerdista.
             Mas a fuite en avant ( a fuga para a frente) não iria funcionar. De modo disparatado e desconexo, a Frente Ampla uruguaia pensara que poderia resolver o problema na marra. Ao decidir, literalmente porque lhe deu na telha tentar uma salvação in extremis do seu patético aliado sulamericano, em meados do corrente anto, buscando normalizar a situação caótica prevalente, Montevidéu optou  motu proprio  acudir pelos braços da ideologia sem conexão com a realidade o seu único aliado sul-americano, para, em meados do corrente ano, intentando normalizar a caótica situação prevalente pelo desfazimento da economia venezuelana, o governo uruguaio  decidiu, de forma autônoma, transferir a presidência do Mercosul para ... Caracas.
          Seguiu-se a previsível crise que paralisou o bloco.  Foi criado  grupo de coordenadores que, na prática, assumiu o comando do Mercosul.  Caracas tentou inclusive - e de forma patética - convocar reuniões para defender a própria presidência, mas nenhum país  do bloco iria  comparecer ( até mesmo o Uruguai se rendeu à sandice do próprio gesto).
               No próximo mês, quando Caracas perde os direitos que lhe restam, a presidência do bloco passará à Argentina, e a Venezuela não mais participará de quaisquer reuniões e a qualquer título.
               Na verdade, o caráter provisório e atemporal das presentes decisões  visa preservar alguma flexibilidade. Se houver mudança no governo e na situação política da Venezuela, tudo ficará mais simples para que as necessárias adequações sejam feitas e Caracas possa afinal ser reintegrada no bloco. Mas para tanto, semelha inexorável a partida do caminhoneiro Nicolás Maduro e de seu desastroso governo, que tanto sofrimento tem trazido para o povo venezuelano.
                 Um ponto que não deve ser omitido, nem escantonado, é o fracasso do sistema interamericano para a resolução da crise. Os próprios documentos por ele elaborados, como a Carta Democrática permanecem alijados, sem capacidade de acionar os mecanismos para a solução da crise democrática e econômica do falido experimento  do chavismo.


( Fonte:  O Globo )

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Eurico Miranda e o Vasco

         

        Se algo faltava para manter dúvidas sobre a utilidade da permanência do Senhor Eurico Miranda à testa do clube Vasco da Gama, no meu entender e, estou certo, no de muitos vascaínos que guardam  um pouco de bom senso,  não mais subsiste qualquer motivo para que se aguente essa estranha figura na presidência do Clube de Regatas Vasco da Gama.
        Com um plantel fraco, em que poucos jogadores, como por exemplo o goleiro, que é reserva do arqueiro uruguaio na Celeste, têm qualidade de participar de  equipe que tenha pretensões de sair da Segundona e possa disputar o campeonato brasileiro, quem não há de ficar perplexo com essa despedida às carreiras de quem, com um elenco sofrível, conseguiu, ainda que a duras penas, livrar o CRVG de mais um vexame?
        As vaias da torcida, durante o último jogo, a esse presidente que, depois do campeonato brasileiro obtido contra o São Caetano em São Januário, nada mais de memorável logrou, são mais do que merecidas.
        E este senhor, do alto de seu ego e da importância que se dá, ainda nos proporciona a quase-certeza de que tudo vai começar de novo, agora sob uma nova e muito provavelmente incompetente direção técnica !
        Às vaias da torcida no jogo de ante-ontem, vaias sustentadas e sofridas, vaias que se auto-explicam pelo resultado  da "administração" Eurico Miranda, se acrescenta agora mais uma prova irrefutável da total falta de empatia e de sensibilidade desse lamentável senhor paredro, que vê como única resposta  a ter logrado sobreviver apesar de sua monumental displicência negando bons jogadores ao CRVG, esse gesto inconsequente de desvencilhar-se do único treinador competente que passou por São Januário nesses últimos anos?
          Agora, não é necessário ser nenhum Nostradamus para prever que Jorginho breve estará dirigindo alguma grande equipe, enquanto esta solene incompetência de nome Eurico Miranda, menospreza a Torcida e estará muito cedo chamando alguém que, na própria mediocridade, o deixe mais à vontade, enquanto volta a colocar o CRVG na rabeira de qualquer campeonato!
             E como dizia o outro, durma-se com um barulho desses!


( Fonte:  Site de O Globo )

Imperativo ético ou político?

                   
         Embora militantes de sua candidatura, assim como parcela importante do Partido Democrata verifiquem da possibilidade de solicitar recontagem de votos em três estados - Michigan, Wisconsin e Pennsilvania - a inesperada derrota no colégio eleitoral  da candidata Hillary Clinton, decerto contragolpe que não fora sequer computado, perante o seu adversário republicano, Donald Trump, terá muito contribuído para um generalizado desânimo no campo democrata.
          Como não houve episódios manifestos de desrespeito à lei eleitoral americana, prevaleceu a princípio sensação generalizada nos segmentos que apoiavam Hillary, de incredulidade quanto à possibilidade - que infelizmente o cômputo dos votos, dentro do sistema americano de votação indireta, não tardaria muito em transformar em realidade - de que Hillary pudesse ser batida por Trump.
          Foi, no entanto, o que ocorreu dentro do sistema de colégio eleitoral, que data da promulgação da Constituição americana, ou seja, das últimas décadas do século XVIII.
          Tendo presentes, no entanto, os partidos que os apoiaram, os princípios nos quais se baseiam, a constelação das principais idéias-força por eles representadas, assim como características novas que informaram a campanha, a que cumpre somar a força dos preconceitos, o resultado final do embate presidencial de 2016 não deveria parecer tão surpreendente.
          Como Donald Trump montou no corcel do preconceito.  Não tardarei na análise do fator surpresa, com que Trump investiu contra o punhado de seus adversários republicanos. Com a exceção de uns poucos, que chegaram  mais além na caminhada pela nomination, nenhum deles surgiria como motivante à frente do novato político, apodado de candidato do verão. Contraposto à mediocridade no GOP, Trump, como demagogo consumado, soube lidar com os temores respectivos de suas bases (rejeição ao estrangeiro, transformado na ameaça do mexicano que atravessava a fronteira não só para tirar emprego de americanos, mas também para estuprar-lhe as mulheres. Em hábil jogada, Trump reunia a ameaça do alienígena, piorada com a transgressão sexual, e a solução, no velho muro sempre disponível para as civilizações que sentem ameaçadas a respectiva força e predominância. Nada melhor, nos tempos do chamado declínio (causado pela irresponsabilidade da guerra do jovem Bush), que o choque profilático de fazer do vizinho povo mexicano o bode expiatório para os turbadores problemas  ora enfrentados pela superpotência.
          Quem subestima seus inimigos, nas suas mãos perece. Há vários elementos constitutivos dessa tragi-comédia, que cedem o passo para os erros fundamentais em que incidiu o campo democrata. O partido do burrinho, que, na parte social, defende as boas causas (melhores condições para os pobres, maior taxação dos ricos, combate a todas as formas de preconceito) escolheu como sua campeã Hillary Clinton. Como esposa do presidente Bill Clinton tentou promover uma reforma da saúde, que foi derrubada por argumentos especiosos e no geral falsos. Mas a propaganda na tevê e o fato de a primeira dama não fosse ainda do ramo, facilitou em demasia a tarefa de seus adversários, a quem bastou uma habilíssima empulhação televisiva, que pôs por terra reforma sanitária que pareceu a muitos superior ao Obamacare do futuro.
             O casal Clinton também enfrentou um alegado escândalo - Whitewater - e uma longuíssima investigação por um temível Promotor Especial - Ken Starr - que foi chamado às pressas por um conciliábulo de raposas republicanas, que afastou o Promotor Fiske, demasiado sério e honesto para calçar as botas de quem se propunha afastar um casal ameaçador. A posse dos Senadores republicanos não teria êxito, embora exigisse aqui e ali os quase simulacros de suas libras de carne.
             Mas não nos delonguemos em velhas estórias,  pois aí estão as novas.
              Depois de uma longa caminhada, Hillary Clinton perdeu nas primárias a oportunidade de tornar-se a nominee do Partido Democrata. Tenho diante de mim a cena de Hillary reconhecendo a virtual vitória na longa travessia das primárias de 2008 diante do homo novus Barack Obama. No quadro, a expressão contrafeita do marido, o ex-presidente Bill Clinton.
             Seguiram-se as duas presidências de Obama - que ignorou a maldição de Mitch McConnell de que ele seria presidente de um só mandato...  Nos primeiros quatro anos,     Hillary seria uma grande Secretária de Estado, avivando nos republicanos o temor de que fosse parar na Casa Branca.
               Os fados dariam aos representantes do GOP a questão para  tentar enfraquecer politicamente Hillary, demasiado eficiente no Departamento de Estado. Foi o bárbaro assassínio, a doze de setembro de 2012, de um embaixador arabista, Christopher Stevens, por terroristas árabes.
                Iniciava-se para Hillary uma longa perseguição pelos representantes republicanos na Câmara Baixa. Sem sucesso, eles procuraram por todos os meios responsabilizá-la de alguma forma pelo que ocorrera em Benghazi. É interessante que o primeiro biênio de Obama, que o jovem ex-professor  dedicara em parte a seminários na Casa Branca, não deixaria de castigá-lo como o notório shellacking (tunda) que derrubou Nancy Pelosi da cadeira de Speaker, e entronisaria o GOP em sólida maioria que viria a ser reforçada por um competente guerrymander que até hoje perdura, e cuja existência é até hoje ignorada pela mídia, com as exceções de Elizabeth Drew e poucos outros.
                  Não tenho a intenção de alongar-me demasiado. Por isso dou um pulo ao processo eleitoral que culminou em novembro último, e que nos fez deparar ao incrível Donald Trump como presidente-eleito.
                  Não vou negar os erros da candidata democrata. O principal talvez tenha sido menosprezar o seu adversário. Tampouco parece apropriado chamar seus partidários de 'deploráveis'. A velha frase - quem despreza os seus inimigos nas suas mãos perece - se se afigura difícil ignorar a excessiva confiança da candidata democrata, ela não me parece bastante para explicar o revés sofrido.  
                   A falsa questão do servidor privado do computador de Hillary. Apesar das advertências amigas que recebeu de anteriores secretários de estado, quanto às insídias do uso de um computador particular para atender ao enorme volume da correspondência digital da principal autoridade do Departamento de Estado, Hillary, talvez pela própria confiante atitude na respectiva capacidade, ignorou esse monitum que não poucos colegas anteriores seus em Foggy Bottom lhe fizeram.
                     Tenho a quase certeza de que, após toda a provação experimentada, Hillary Clinton não reincidiria em tal erro. Por toda a exploração feita a respeito, vê-se claramente o caráter adjetivo desse equívoco.
                      Até mesmo uma pessoa como o republicano James B. Comey Jr, diretor do Federal Bureau of  Investigations não ousaria pronunciar-lhe qualquer falta mais grave por acaso cometida por causa desse impensado gesto.
                       Barack Obama,  sem o saber decerto, seria instrumento em cortar-lhe o crescimento da candidatura nas semanas finais da campanha, que se verificava notadamente na Carolina do Norte, estado que dava sinais bastante fortes de que voltaria ao aprisco democrata.
                       A súbita intervenção do sucessor de John Edgar Hoover, o diretor James Comey, com a sua declaração sobre a intempestiva reabertura da investigação sobre eventuais responsabilidades  de Hillary Clinton na questão do servidor privado, às vésperas da eleição, teve o condão de golpear  o     então crescimento da candidatura democrata em vários estados ainda indefinidos. Apesar de estigmatizada por boa parte do mundo político, Comey daria forte golpe no crescente apoio popular à  democrata, jogando confusão e incerteza  em um ambiente antes livre de tais dúvidas. Tudo isso estranhamente foi feito à revelia de seus superiores, que discordaram de sua atitude, e o que é mais grave, contra a tradição e as disposições da legislação que vedam tais posturas.
                           Como à intervenção de Comey nada correspondeu de concreto,  fica muito mais do que um ressaibo, e sim forte suspicácia de que a postura do Chefe do FBI - que mesmo antes de levantar fantasmas que depois não se   confirmariam - terá seguido ao estranhíssimo escopo que foi o de levantar um fantasma, às vésperas da eleição. Ao agir dessa maneira,  Mr James Comey assegura o próprio ingresso nos anais da política americana, de maneira tal que ironicamente supera os eventuais efeitos negativos da principal divindade do Federal Bureal of Investigations.
                             O que começara como parte da caminhada da mulher Hillary, e da afirmação do respectivo sexo depois de um tão longo predomínio do preconceito, termina quase em farsa, com a elevação ao mais alto posto da República a quem já deu sobejas mostras de não estar   à altura desse desafio.
                             Lamentavelmente a República americana parece colaborar para que  o antes chamado    declínio possa breve transformar-se em imagem bastante mais forte,  infelizmente dentro da lógica das civilizações, como o indica, nos seus doze volumes hoje talvez esquecidos, a magna obra do historiador inglês Arnold Toynbee.             
                                                                        

(Fontes: The New York Times, A Decadência do Ocidente, de Oswald Spengler, e A Study of History, de  Arnold Toynbee)                                                                  

domingo, 27 de novembro de 2016

Colcha de Retalhos D 48

                    

Ganhos ilegais de prefeitos               

        Mais do que triste, é inadmissível que prefeitos do interior de um Nordeste paupérrimo se locupletem com salários em níveis estratosféricos, que chegam a superar os R$ 30 mil para o próximo mandato.
        A concessão de tais vencimentos só pode ser explicada pela mistura da canalhice e da exploração descarada de uma população em geral analfabeta e miserável.
         O Globo, em sua oportuna reportagem, identificou  cidades em pelo menos quatro estados (Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul), cujas Câmaras Municipais estão dando "reajustes" aos Prefeitos  de até 66% , fazendo com que os vencimentos superem os R$ 30 mil!
        Para que tal descaramento seja possível, deve-se imaginar o nível da população, que será na maioria analfabeta, e sem qualquer conexão com a realidade brasileira.
        Pois, por mais descarada que seja a exploração da população local por esses indivíduos, verdadeiros parasitas da corrupção desvairada, é difícil de imaginar que aí prevaleçam condições que recordam a antiga Índia, em termos de disparidades acintosas de renda.
        É preciso que os poderes estaduais dessas unidades federativas - se lhes resta vergonha na cara - tomem providências severas para cortar com essa acintosa e deslavada exploração do camponês pelas otoridades municipais. Porque um salário desses, aprovado pelos edis reunidos, não sai do nada. Ele pressupõe doses cavalares de conivência com essa corrupção explícita, em que se explora cínica e afrontosamente comunidade miserável, que deveria merecer melhor sorte.
As Isenções do Cabral
          Os investimentos do Estado do Rio de Janeiro em segurança, saúde, educação e assistência social, de  2009 a 2015 (período de Sérgio Cabral na governança do Estado), ficaram muito aquém dos incentivos fiscais, de acordo com o Tribunal de Contas e o Ministério Público estaduais.
           Não foi por acaso que se maquinou essa estranhíssima política de isenções com que as empresas deixassem de recolher R$ 166,7 bilhões de ICMS aos cofres estaduais.
           Nos quatro setores essenciais, os gastos totalizaram R$ 117,7 bilhões. Segundo o Governo estadual, a renúncia teria sido de R$ 46,5 bilhões.
           Que ela foi altamente lesiva para os cofres do Estado, não há a menor dúvida. Que as entidades corporativas favorecidas venham com loas a esse tipo de política antifiscal (pelo descalabro fiscal que determina) tampouco deve surpreender.
             Essa matéria já foi de forma bastante exaustiva analisada pelo  blog, com o que contou com os trabalhos acurados do Ministério Público estadual, que apontam o que o Estado deixou estranhamente de ganhar, assim como a falta de contra-partidas para essa estranhíssima anti-política fiscal.

Centenário do Samba

            Comemora-se agora o centenário do Samba, lançado nos fonógrafos da época com a composição Pelo Telefone, que é tratada no segundo Caderno do jornal O Globo de hoje, e na Ilustrada, da Folha de S.Paulo.
           A história desse ritmo tão brasileiro e carioca quanto o samba será contada pelo biógrafo de Getúlio Vargas, Lira Neto, que deverá lançar o primeiro dos três volumes sobre a aventura do ritmo, pela Companhia das Letras.


( Fontes:  O Globo,  Folha de S. Paulo )       

Ainda a travessia do CRVG...

                              
        Somente agora, depois da expectativa da última rodada da série B, em que, por circunstâncias fora de meu controle, não pude assistir em direto o jogo no Maracanã entre o Vasco da Gama e o Ceará (que começou mal e acabou bem), é que logrei inteirar-me da reação da torcida no que tange tanto ao CRVG, mas sobretudo quanto ao Sr. Eurico Miranda, reação essa a que me associo de muito bom grado.
         Provocou não só revolta, mas também indignação, o virtual abandono a que foi consignada a equipe cruz-maltina, de parte da direção do clube da Colina, e, em especial, do senhor Eurico Miranda.
          Que uma equipe com a torcida e as tradições do Vasco da Gama venha a ser forçada, dentro de período relativamente curto, a cair por três vezes na Segundona, criou mais do que revolta, indignação, dessa torcida generosa e empenhada.
          Tudo isso se refletiu na partida de ontem, começada de forma desastrosa, como se o Ceará fosse a equipe da casa, e não a visitante, e que toda aquela gente que acorrera ao velho Maraca estivesse ali por acaso.
           Recordo-me muito bem da primeira vez em que o Vasco teve de padecer na Segunda Divisão. Ao invés desta feita, a partida final, se foi igualmente no Maracanã, podia ter a faixa de campeão (por antecipação) do torneio da Série B, e nesta faixa já se registrava a denúncia da torcida contra o indefectível Eurico Miranda.
            Desta vez, as coisas foram ainda piores. O Vasco não adentrou o gramado nem como campeão da série B desta vez (quem  ganhou esse título foi outro time), e sobretudo sem a garantia de que sairia da Segundona.
            Ao final, por uma série feliz de outros resultados: o Noroeste, rubro-negro paulista escapou bem de uma queda na Terceira Divisão, vencendo com facilidade o Náutico no Recife, e com isso tirou deste último a capacidade de disputar a entrada na Série A;  assim como, o Vasco, graças a Tales, viraria o jogo, vencendo por dois a um.
             A grandes males, os pequenos remédios não bastam. A revolta, tanto da equipe vascaína, quanto da torcida, não poderia ser  exorcizada pela vitória a duras penas contra o Ceará.
             Por isso, jogadores e a massa vascaína já estão fartos com esse eterno ir e vir. Quem vê hoje a atuação do Vasco, lutando para conseguir ser incluído no último lugar do quarteto a ser promovido para a Série A, não pode senão ficar revoltado com a queda na produção da equipe da Colina de São Januário, de tantas tradições, tradições essas que cada vez mais se afastam do dia-a-dia do clube.


( Fonte: O  Globo )

Anistia ao Caixa 2 ?

                                
         Como persiste o movimento no Congresso de anistia ao chamado Caixa Dois - que se trata de ajuda eleitoral que não era declarada à Receita Federal -  o Presidente Michel Temer, e os dois presidentes no Ramo Legislativo, com vistas a abafar a crise do caso Geddel, i.e., Rodrigo Maia, da Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros, do Senado Federal, darão entrevista conjunta com o escopo precípuo de negar qualquer apoio a projeto que dê anistia ao crime de Caixa Dois.
          O escopo precípuo dessa manifestação conjunta do Poder Executivo e do Poder Legislativo é o de mostrar que os dois Poderes estão unidos e que, por conseguinte, haverá esforço para aprovar projetos que envidam retirar o país da atual crise financeira.
          A declaração em apreço, adotada em um dia de domingo, normalmente reservado ao descanso, visa a enfatizar o empenho tanto presidencial, quanto das lideranças legislativas, no sentido de que se aprovem projetos que visem a retirar o país da crise financeira. Assinale-se que o Ministro Geddel Vieira Lima era o principal responsável pela articulação política no Congresso.
          Como não funcionou a tentativa de blindagem do Ministro Geddel, em face das acusações do ex-Ministro Calero, da Cultura, essa declaração conjunta de Temer,  Maia e Renan ora visa a desfazer quaisquer dúvidas que subsistam no mercado.
          Há também no Congresso a disposição de votar proposta de punição para magistrados e procuradores, como defende, sob a bandeira da isonomia, boa parte dos partidos.
          Não faz nenhum sentido que a corrupção de magistrados e procuradores só possa ser punida com a aposentadoria, ao contrário dos demais servidores do Estado. O PDT já dispõe de emenda pronta para incluir tal previsão de punição (aplicável também a magistrados e procuradores ) no projeto que está prestes a ser votado em plenário.


( Fonte:  O Globo )    

Teori Zavascki e a Lava-Jato

                       

       Segundo reportagem de O Globo, o ministro Teori Zavascki tem sob sua relatoria 13 ações penais e 67 inquéritos, sendo que desses, duas ações penais e 42 inquéritos são da Operação Lava-Jato.
        Dada a enorme quantidade de trabalho, Teori teve de recorrer à ajuda de 28 servidores, além de três magistrados. Assinale-se que, em 2015, o acervo do STF como um todo tem aumentado bastante.  Em dezembro de 2015, havia 53.690 processos em todo o tribunal.
        O gabinete mais lotado de processos na Corte é o de Marco Aurélio Mello, que tem um passivo de 8.051 ações.  Tal se deve, sobretudo, à recusa de Marco Aurélio de contratar juízes auxiliares.
        No entanto, o gabinete de Teori acumula um grande número de ações por causa em especial da Lava-Jato. Uma situação semelhante arrostada em passado recente foi a do Ministro Joaquim Barbosa, quando ele se tornou relator do processo do Mensalão (a ação penal pública 470), que na época constituíu o maior caso de corrupção julgado até então pelo STF. Lamentou-se a aposentadoria antecipada do Ministro Barbosa, por motivos até hoje nunca bem esclarecidos, dada a sua irreprochável atuação, enquanto Presidente da Corte e relator da referida Ação Penal.
          Atualmente,  o ministro Zavascki tem 13 ações penais e 67 inquéritos sob sua relatoria (desses, 42 inquéritos e duas ações penais são da Lava-Jato ). Para dar conta de toda essa margem extra de trabalho, Ministro Teori conta com o auxílio extra acima descrito, i.e., os aludidos três magistrados e 28 servidores extra.
            Teori é igualmente prezado pelos seus colegas.  Em junho, na jornada em que o Supremo aceitou a denúncia contra o então Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o Ministro Luis Roberto Barroso fez especial elogio para o trabalho de Zavascki, assinalando que o Brasil tem sorte por ele conduzir a Lava-Jato. Sorrindo, o colega respondeu:
             -Quem não teve sorte fui eu.
              Um dos juízes que Teori convocou para o Supremo a fim de ajudá-lo no acúmulo de serviço da Lava-Jato, foi o juiz Paulo Marcos de Farias.  A precípua razão de sua seleção se deve à sua grande contribuição à melhoria da situação de decisões pendentes no Tribunal do Júri de Florianópolis. Quando Paulo Marcos assumira a vara, o backlog (acúmulo)  era de seiscentos (três anos antes). Já em abril de 2014 havia apenas 220 processos aguardando julgamento... Como juiz criminal, Farias  tem por hábito aplicar penas severas, mais sempre dentro do contexto jurídico, como é lógico.                                                                                                                                                                     

( Fonte: O Globo)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        



sábado, 26 de novembro de 2016

A recontagem é p'ra valer?

                              

        Já é fato estabelecido que Hillary Clinton venceu a Donald Trump na contagem númerica geral. Ainda não foi estabelecido o eventual total dessa vitória na  votação popular.
        No entanto, em três estados - Wisconsin, Pennsylvania e Michigan - a calculada vantagem numérica poderia  refletir-se nos totais dos estados respectivos. Se tal corresponder à realidade, essa tríade estadual deveria ter os votos eleitorais computados não mais em favor do candidato republicano e sim da democrata.
       Ainda é cedo para determinar se procede tal premissa.  De qualquer forma, a extrema parcimônia em termos de vantagens numéricas dos totais obtidos por Trump constituem estimulos importantes para determinar quem realmente ganhou nessas unidades federativas. E o resultado  do colégio eleitoral poderia, nesse caso, ser outro que o atualmente reputado como vencedor.
       O approach da  coalizão democrata será eventualmente o seguinte: de início,a equipe do Partido Democrata se unirá às turmas do terceiro partido em Wisconsin para apoiar a recontagem geral e averiguar quem foi o verdadeiro ganhador neste Estado. Se for determinado que   Hillary Clinton é a verdadeira vencedora naquele estado nortista, se passará a recontar  a votação dos dois outros Estados (Pennsylvania e Michigan), para verificar se ela procede com os totais já publicados (e que deram a vitória a Trump), ou se o cômputo refeito favorece à candidata Hillary.
         Há outro aspecto importante que tem contribuído para aumentar a preocupação do estado-maior democrata. Trata-se da alegada penetração através da internet, dos hackers, notadamente russos (embora não se limitem a esta nacionalidade) para tentar subverter os totais na contagem dos sufrágios.
           Dada a simpatia de Donald Trump pelo presidente russo, Vladimir Putin, e a participação de outros agentes na internet como o Wiki-Leak, inclusive com a tentativa de gerar confusão na apuração, não se pode excluir que os esforços do campo estrangeiro que favoreceria o republicano tenham realmente ido muito além daquilo que ostensivamente foi publicado, em termos de penetração nas mensagens digitais - inclusive em diálogo interno -   do campo democrata. Somente uma análise mais ampla e abrangente poderia chegar a conclusões quanto a uma eventual interferência ainda mais radical, que se relacionaria com os respectivos cômputos eleitorais, que hoje permanecem meras - mas sérias - suposições e hipóteses de trabalho. É preciso rasgar não essa cortina de ferro, mas sim esses véus cibernéticos, que podem estar intentando vender à sociedade literalmente gato por lebre.
               Não é momento de subestimar a capacidade de penetração dos hackers, e, por consequência, a condição  de atingir resultados, que normalmente não são sequer pensados por quem está habituado a atuar dentro de parâmetros analógicos... 

( Fonte: The New York Times )
    

 A 

Termina a Série B

                                   
             A última rodada da Segundona começou com um susto para o Vasco da Gama, eis que a partida contra o Ceará logo se assinalou por um gol a favor deste último.
              Não sei se o Maracanã estava lotado, mas de qualquer forma o sofrimento do torcedor vascaíno se estenderia por algum tempo, até que Tales empatou, e mais além, desempatou.
              Como assinalado nos jornais,  desta feita Eurico Miranda, o presidente do clube da Cruz de Malta, guardara reserva bastante fora do comum, se tivermos presente o seu habitual comportamento em ocasiões de decisão enfrentadas no passado pela equipe cruzmaltina.
              Antes do jogo, não fez os habituais comentários, guardando prudente silêncio.  Interpretou-se que a nova atitude seria  de cautela com a torcida, pois um eventual otimismo contrariado pelo resultado no campo, poderia resultar-lhe muito negativo, nas próximas eleições para a presidência...

               Seria, no entanto, de todo interesse que essa gangorra do CRVG com a Segundona afinal termine, pois o Vasco, na última década, tem baixado demasiadas vezes para a Série B, contrariando a sua tradição de grande equipe.
       
                   Não se deve exagerar nas doses de humildade que o team adquire toda vez que baixa à Segunda Divisão. Se penso que em certas oportunidades, a ida para a Segundona pode resultar como um redespertar para a equipe, é evidente que o Time da colina está exagerando nessas permanências na Série B... Pode ser até relevante para um time tomar consciência desse desafio pelo menos uma vez ou duas. No caso, o Vasco está exagerando...  Creio, no entanto, que uma eventual permanência de nosso eterno rival na Segunda Divisão, poderia até ajudar a popular equipe rubro-negra...

                   No que tange ao CRVG,  ele só se manterá na série A se se desfizer de sua postura de Segundona. Ao contrário de vender os melhores valores do time, é necessário conservá-los, além de partir para a renovação de jogadores que habilite   o antigo gigante da Colina a ficar entre os melhores. Não basta vencer o campeonato carioca, como aconteceu no ano passado. Temos que ter plantel digno de série A e que, ainda que de longe, nos recorde dos tempos da equipe cruzmaltina quando foi um dos principais  times do Rio de Janeiro, tendo vencido vários campeonatos cariocas de forma invicta.

Morre Fidel Castro

                                   

        Com noventa anos de idade e longa permanência no poder - só a Rainha Elizabeth II tem formalmente maior duração - faleceu Fidel Castro.      O seu irmão, Raul Castro já o sucedera e a relevância  de Fidel é mais a da revolução cubana, e o que significou para a história da América Latina.    

        Tangido pelos anos e as enfermidades, Castro decidira, faz tempo, afastar-se formalmente de sua posição. Sucedeu-o seu irmão mais moço, Raul Castro. Embora seu desaparecimento pouco altere na situação formal da estrutura hierárquica cubana, abre-se o vazio do respectivo carisma, e o tempo determinará sua eventual relevância ou não, na manutenção do statu quo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Últimas do Rio e Brasília

                               

         O Governo Michel Temer acaba de completar seis meses, mas dá a aparência de um desgaste bem superior.
         Com esse meio-aniversário, foi-se mais um ministro e havido como poderoso, de quem, a princípio, o Presidente sequer pensara em desfazer-se!
          Quem vai lamentá-lo, e com lágrimas de crocodilo, são os chefes de  redação, que brincam com a formatação da primeira página, e o próprio Geddel,  todo-poderoso ministro da presidência que era, acabou tendo de pedir demissão!
           E o tal  ex-Ministro Calero, a quem menosprezaram gregos e troianos, para sair-se com muitas supostas petulâncias, inclusive a de gravar conversas presidenciais?
           Como fica, de resto, La Vue, o tal disforme edifício da velha Bahia de todos os Santos, manchando até a cupidez imobiliária ? O exemplo, como sempre, vem do Rio de Janeiro, com o gabarito da Vieira Souto mandado à breca pela conivência das otoridades!
           E por falar em desrespeito, já viram o tal prédião que ao lado da Igreja Santa Therezinha e por tràs de um shopping, não é que tem a audácia de ultrapassar a altura do cordão de montanhas que ladeia Copacabana-Leme, e que hoje é visível, espiando o mar aberto, contra toda a normativa concernente a gabarito,  da antiga Princezinha do Mar !
             Quem ousou autorizar tal monstrengo, desrespeitando toda e qualquer norma urbanística?  Esse espigão, de que pouco se fala, é o maior monumento à flamante aliança entre subdesenvolvimento e corrupção!


( Fontes:  sites da Folha e do Globo )                             

Doenças de Terceiro Mundo

                              

        A dengue ainda ataca - e como não o faria, dada a falta de saneamento básico? - mas agora surge mais uma doença séria carregada pelo conhecido Aedes aegypti, esse mosquito malhado de preto e branco, que é o vetor maldito de tantas doenças tropicais.
        Esses países tropicais podem ser cantados em prosa e verso, mas pela falta de saneamento básico que tristemente os caracteriza  proporcionam no verão preocupante incidência de doenças.
        Veja-se, por exemplo, a incidência no Estado do Rio:  em 2015, 105 registros de chicungunha no estado, sem mortes. Já em 2016, passou o refresco: 15.149 comunicados até dezesseis de novembro corrente. Um senhor crescimento: 14 mil %! E dez pacientes morreram.
         É enfermidade da incúria e, sobretudo, do subdesenvolvimento. Por isso, a maior parte  dos óbitos ocorreu  no Nordeste: Pernambuco, 54; Paraíba, 31; e Rio Grande do Norte, 19.
         Se tivéssemos governantes sérios e responsáveis - eles decerto existem, mas são a exceção! - as campanhas seriam mais amplas e mais didáticas, pois é fundamental a conscientização (que precede os trabalhos de luta contra a difusão da doença, vale dizer do tal mosquitinho botafoguense), se houvesse menos demagogia e mais empenho dos governantes, que devem ser, eles também, patrulhados, para que a gente pobre acorde!
           Vejam o quadro da chicungunha: pelo menos 30% dos pacientes podem involuir  para a fase crônica, em que as dores nas articulações duram  mais de três meses. E há casos em que as dores articulares permanecem por até um ano. Já os pacientes com mais de quarenta anos, do sexo feminino, e com  doenças prévias em articulações estão mais expostos a tal risco.
            Lembram-se que no tempo de JK a dengue fora declarada extinta no Brasil? Depois ela voltou, dizem que pelo Norte. Com a negligência acoplada com a estupidez de alguns dos luminares eleitos, nada foi feito de efetivo (um que ainda anda por aí chegou a pedir que se rezasse para que o Aedes voasse para o mar...), as epidemias de dengue se foram agravando, com a entrada em cena da dengue hemorrágica.  Hoje, a lista de serviço desse coveiro em potencial que é o Aedes aegypti (que gosta mesmo é de poças d'água, de muitos vasinhos com flores, senão até de sujeira e lixo jogado para o lado do vizinho - olhem que o Aedes não respeita cercas, nem muros altos...)  
              Vejam  a estória carioca! Não é que o aedes, essa praga da sujeira, da falta de higiene e da ignorância,  está muito feliz em Pindorama? Depois da dengue, ele tem progredido, com outras doenças ainda mais sérias, piores até que a dengue hemorrágica. O aedes, esse mosquitinho do diabo, agradece sempre a cooperação que recebe não só dos governos - sobretudo os locais! - mas de todos que, mais por ignorância do que burrice, lhe abrem o caminho, com todo o sofrimento que essa grande empresa chamada Aedes aegypti tem proporcionado a tanta gente no Brasil, com o zika (transformando os bebês em mortos vivos, porque não têm mais cérebro), essa chicungunha (com a sua doença reumática das articulações), sem falar na velha dengue que, se descurada, leva o paciente para a terrinha dos pé-juntos...


( Fontes: O Globo, e vivências estivas em terra carioca.)

Presidência Republicana?

                             

        Gastão, aquele personagem do Henfil que, com ele desapareceu, deveria andar por essas bandas, pois o nível está baixando por demais, e muito além da Taprobana.
         Vejam, ilustres passageiros, do bonde Brasil, como as coisas chegaram no atual governo pós-impeachment!
          Ora, os senhores ministros vão armados de petrechos policiais para as audiências com o Presidente? Se o nível de confiança - e de respeito - está nesses baixios, o caso seria de perguntar: que governo é esse, minha gente, em que excelências não têm sequer respeito pelo chefe do Governo?
           Ou, como foi este quem escolheu aqueles, como é que ficamos? Pois as coisas podem ir em rumo tal que providências drásticas carecem de ser tomadas.
            Se estamos nesses páramos - ou se neles despencamos - um mínimo de respeito deve ser restabelecido. Se o nível é este, no entanto, ao diabo a hipocrisia!
             Se não há confiança do auxiliar para com o chefe, o nível policial deve ser restaurado!
              No meu entendimento, audiência presidencial não é oportunidade para gravar inconfidências do chefe! Não se está tratando com o il capo di tutti i capi[1], na siciliana linguagem daquela velha sociedade, mas com a autoridade máxima da República. Se se age como a máfia, as coisas andam mal em Pindorama, porque desde que me entendo por gente me dizem que o respeito vem de cima e tudo condiciona!
             Agora, que me relevem, pois devo estar assaz desatualizado. No meu pobre entender, é a autoridade do Chefe - que ali não está por acaso - que deve fazer-se respeitar, e isto começa na hora de escolher a própria equipe...

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )



[1] o chefe de todos os chefes

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Recontagem em Wisconsin, Michigan e Pensylvania?

                                     

        Enquanto Donald Trump faz o circuito que caracteriza o vencedor, não cabem por ora à candidata perdedora, Hillary Clinton, as famosas batatas.
        Trump, com a aura do vencedor, colhe os cumprimentos da vez, inclusive em sedes que, além de não apoiá-lo, verberaram o seu comportamento por mais de vez. Tal ocorreu, por exemplo, na sua visita à sede do New York Times, o maior jornal do planeta, e por si só uma verdadeira instituição do establishment liberal da Costa Leste.
         Sem embargo, ainda sem os destaques reservados ao ganhador, os apoiadores da candidata democrata Hillary Clinton examinam a votação, e vêem com grande interesse três estados, v.g., Wisconsin, Michigan e Pensilvania, em que o pleito foi bastante apertado.
          Dessarte, segundo noticia o Estadão, um grande número de acadêmicos, ativistas e eleitores estão pressionando  autoridades americanas para que façam a recontagem dos votos  das eleições presidenciais em alguns dos estados-chave.
           Nada menos que o jornal britânico The Guardian, paladino de tantas exitosas campanhas liberais, noticia que para muitos integrantes da campanha democrata, o resultado final pode ter sido afetado por ataques de hackers estrangeiros.
             A ampla coalizão que apoiou Hillary encarece que a campanha da candidata democrata à presidência também entre na briga.  Nesse sentido, estão preparando relatório pormenorizado com os tópicos que mais colhem preocupação.  O objetivo é que o documento seja entregue a uma comissão parlamentar assim como autoridades federais no início da próxima semana.
              Como assinalado acima, as preocupações mais sérias recaem  nos resultados de três Estados: Michigan, Pensilvania e Wisconsin.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )
      


Avança a cláusula de barreira

                              

           O Senado Federal aprovou por 63 votos a nove  a proposta de emenda à Constituição (PEC), que estabelece cláusula de barreira para os partidos que vão disputar as eleições de 2018.  Igual fim será dado às coligações proporcionais a partir de 2022.
           Assinale-se que o mecanismo permite que deputados sejam 'puxados' pelos votos da coligação. 
            A proposta em apreço, de fácil aprovação na Câmara Alta - apenas representantes de pequenos partidos (PCdoB, Rede e PV, e dissidentes votaram contra) - vai agora para a Câmara de Deputados, onde a situação muda radicalmente.
             Segundo o texto aprovado a 23 do corrente mês,  os partidos terão de obter, no mínimo, 2% dos votos válidos para a Câmara, em catorze unidades da Federação, para terem representatividade no Congresso e acesso ao fundo partidário e ao programa gratuito  de rádio e TV. O percentual de desempenho sobe par 3% em 2022.
              Malgrado o bom desempenho no Senado Federal e os esforços  de articulação do relator Aécio Neves (PSDB-MG) com a Câmara, lá existe pouca aceitação da PEC. As razões são várias: pletora de partidos nanicos, com escassa representação. A par disso, só 36 dos 513 deputados foram eleitos com votos próprios.
               Será muito difícil, a seguir-se tal procedimento, que a Câmara venha a votar favoravelmente à PEC. Quem estaria pronto para ratificar a extinção do respectivo partido, que ora lhe assegura a representação?
               Se ocorrer conforme previsto, a negativa do Supremo em sete de dezembro de 2006 à primeira proposta com cláusula de barreira - que de alguma forma lograra ultrapassar o obstáculo da Câmara - pesará ainda mais, dada a calinada então cometida pelos Ministros do STF. Sem saber, o Brasil estava perdendo uma grande oportunidade de ver-se livre da ridicularia de hipertrofia do número de partidos políticos registrados. Agora com a sua presença reforçada na Câmara, tal obstáculo semelha quase intransponível. Sem querê-lo, a situação ficou muito mais difícil.



 ( Fonte: O Estado de S. Paulo )           

A lei será igual para todos?

                              

          Teremos boa oportunidade de determinar, se as normas do direito são iguais para todos.
           Pois, até aqui os fatos são os seguintes: nove anos transcorridos após o início das investigações sobre Renan Calheiros (PMDB-AL), no âmbito do Supremo Tribunal Federal, o primeiro julgamento de denúncia contra o presidente do Senado foi marcado para a próxima quinta-feira, dia 1° de  dezembro. O plenário do Supremo decidirá se aceita a denúncia contra Renan. Em  caso positivo, a aceitação da denúncia o faria réu pela primeira vez. Ele é acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. A acusação foi formalizada em 2013.
            Consoante inquérito remetido pela Procuradoria-Geral da República, que será analisado pelo Supremo,  o Senador Renan Calheiros recebeu propina da construtora Mendes Júnior para apresentar emendas que beneficiariam a empreiteira. Em troca, o peemedebista teria as despesas pessoais  da jornalista Monica Veloso, com quem mantinha relacionamento extra-conjugal, pagas pela empresa.
              Na época, Renan apresentou ao Conselho de Ética do Senado recibos de venda de gado em Alagoas, para comprovar um ganho de R$1,9 milhão, mas os documentos são considerados notas frias pelos investigadores.  O peemedebista chegou a renunciar à presidência do Senado quando o escândalo veio à tona.
              O inquérito em questão, de número 2593 e relatoria do ministro Edson Fachin, é um dos doze  sobre Renan no Supremo.
               Em nota, a assessoria da presidência do Senado afirma que Renan "pediu oficialmente essa investigação ao Ministério Público no ano de 2007 e é o maior interessado nesse julgamento". A defesa do senador esclarece ainda que o Ministério Público não o denunciou por, supostamente, ter contas pessoais pagas por uma empresa. Essa acusação, que perdurou por dez anos, sequer consta da denúncia", diz o texto.


( Fonte: Estado de S. Paulo )

PT agora contra Caixa 2

                              

       Surpreenderá alguém que o PT seja hoje contra o Caixa 2? Não é preciso maçar o eleitor com a lista das irregularidades cometidas pelo Partido dos Trabalhadores, quando Lula e Dilma empolgaram - e como! - o poder.
       Hoje, depois do percalço do impeachment (ou do golpe, como a turma passou a chamá-lo), a lição involuntariamente ministrada pelo partido de Lula - e não mais de Hélio Bicudo e de tantos outros militantes que preferiram seguir outra via - repete, na verdade, muitas outras. Falta-lhe a originalidade. Não se pode ter uma ética para os anos  fora do poder e outra,  para o período, seja curto ou logo, dentro do poder.
       Infelizmente, o exemplo dado pelo partido dos Trabalhadores mostra quão relativos são os propósitos e as promessas fora do poder.
       E, de um certo modo, a corruptibilidade das instâncias partidárias, quando submetidas aos benefícios do mando, é um fato que apequena aos operadores políticos pela sua incidência. As promessas grandiloquentes quando fora costumam ser, no silêncio dos gabinetes, contrariadas e desmentidas, como se nada fora.
        Na verdade, os agentes políticos agem usualmente sob o império da contingência.  Quanto estão fora de qualquer abrigo são partidários zelosos da etica e da moralidade. Se mudam as condições, costumam não trepidar muito em assumir outras posturas.
        Vejam hoje o exemplo do PT. Promete batalhar contra o Caixa 2. Quantas mostras deu do contrário, quando estava empoleirado nos postos do poder?  Examinem a profusão de exemplos das práticas ora abominadas, que foram alacremente abraçadas por essa sigla.
       A corrupção de Adhemar de Barros e tantos outros anti-paradigmas do passado pode comparar-se ao figurino lulo-petista?
        Não estranha, portanto, que o diabo vire ermitão no inverno, sobretudo aquele despojado de qualquer abrigo sob  as benesses do poder.

( Fonte:  O Globo )

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Visões do Planalto

                              
Foto Primeira Página de O Globo

        Das colunas do frontispício do Globo,  cobre sete a foto de Geddel, focalizado, e dos sorridentes deputados desfocados, esses todos rindo a bandeiras despregadas, e o Ministro da Secretaria de Governo, o indispensável da vez, Geddel Vieira Lima, em econômico meio-sorriso.
        Estampada assim, essa primeira página é uma lição de quanto o coronelismo goza de ótima saúde em Pindorama, fato que, de resto, não escapa aos inúmeros amigos de circunstância que ladeiam Sua Excelência.
        Para quem alimenta dúvidas, estão as letras recheadas da coluna lateral: Planalto e aliados blindam Geddel.
        Por isso, a caricatura de Chico Caruso é apenas tolerada. Mostra um Geddel diverso (aquele com a mão na ratoeira). O restante é mandado para uma página interna, com Temer que espia por entre os dedos da própria mão estatelada a situação invejável do indispensável ministro.

Supremo corta as asas de poderes estaduais

           Devido à crise financeira do Rio de Janeiro, o Supremo autorizou o Governador do Estado do Rio  a fazer repasses  aos demais poderes  com base na receita real. O corte será de 19,6% na verba do Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria.  E agora só o Supremo Tribunal Federal pode fazer arrestos (apreensão judicial de bens de devedor) nas contas.

Calamidade no Rio Grande do Sul
             O governador Ivo Sartori decretou calamidade financeira do estado. Na verdade, desde fevereiro de 2016, esta é situação que se repete, eis que os  salários vem sendo pagos com quinze dias de atraso.
             Por outro lado, o decreto prevê a  demissão de 1.100 servidores. Em Brasília, Sartori disse que precisa de ajuda da União. De certa forma, essa declaração não surpreende, pois são muito poucos os governadores que se calam nessa questão...

( Fonte:  O  Globo )