A renda proporcionada pelo petróleo na
Venezuela, gerida através do ente petrolífero - que é a PDVSA - a partir de Hugo
Chávez passa a ter a famigerada destinação política desse recurso que
constitui a parte do leão nos recursos estatais, recursos esses que são em
grande parte desviados da PDVSA para fins de toda sorte, a maior parte escusa.
Se durante a fase de Hugo Chávez ainda exista a utilização da riqueza desse
recurso, para fins de interesse da Nação e de seu Povo, com o passar do tempo
cresce a ênfase em posições de poder da Venezuela, que utiliza as possibilidades da riqueza do ouro negro, e tampouco excluir-se
possa a corrupção nua e crua, já com o advento de Nicolás Maduro e sua
quadrilha, os usos escusos do petróleo extraído pela PDVSA passam a prevalecer
sobre todos os demais, assumindo a nova administração o caráter desenfreado de
uma rapina do principal bem de exportação nacional.
Dessarte,
se, durante o período de mando de Hugo Chávez, ainda subsista algum interesse
em valer-se do ouro negro como recurso político, através de colocação desse bem
a preços preferenciais (notadamente Cuba e, secundariamente, Nicarágua), com o
advento do nefasto governo de Nicolás Maduro, se o subsídio não é de todo
abandonado, a vertente criminal do tráfico do ouro negro passa a ter brutal preponderância.
Assim, entra em
cena a estranha figura de Tarek El-Aissami,
vice-presidente da Venezuela, por artes não se sabe de quem, mas com muita
influência no tráfico de drogas. Foi por isso, que em fevereiro de 2017 o
Departamento do Tesouro americano congelou os ativos desse venezuelano, senhor
Tarek El-Aissami, por ter tido um "papel significativo no tráfico
internacional de drogas". Por outro lado, "centenas de milhões em
ativos" associados a laranjas foram descobertos e congelados nos Estados
Unidos.
Ainda não está esclarecido de onde
saíu essa patibular figura, de que documentos apontam como Sua Excelência El Aissami, que também foi ministro do
Interior e da Justiça, "facilitou" o embarque de drogas para o
exterior. O processo incluía até controle sobre aviões que deixavam bases aéreas
venezuelanas. Este senhor El Aissami é acusado ainda de ser dono de partes de
carregamentos de mais de uma tonelada de drogas que saíam da Venezuela para o
México e os EUA.
Mas não pára aí a
"contribuição" dessa figura, provavelmente de origem árabe, que enriqueceria o plantel da Venezuela
chavista. Segundo a investigação, esse ativismo teria ocorrido em
"múltiplas ocasiões". El Aissami teria ainda recebido suborno por ter
ajudado a embarcar drogas do traficante Walid Makled García, além de auxiliar
na coordenação das rotas de narcóticos
para os cartéis do México e Colômbia.
Vários órgãos do governo
americano estudam, de forma conjunta,
quais sanções poderiam ser adotadas contra o governo de Nicolás Maduro, antes das eleições de abril p.f. As investigações seriam usadas para indicar
o rumo das medidas a serem tomadas e contra quais funcionários do regime.
Nesse contexto, deve-se ter
presente que Diosdado Cabello é outro elemento do alto escalão chavista
sobre quem recaem amiúde suspicácias de ligação à mala vita e ao cartel de drogas, tendo sido inclusive contemplado
nas sanções da União Europeia contra o regime de Maduro.
O secretário-geral da OEA, o
uruguaio Luis Almagro, tem
percorrido diversos países para tentar estabelecer um acordo para impor sanções
contra dois setores na Venezuela, que são chave para que se controle as
transações criminosas naquele país: petróleo
e finanças. Para Almagro, apenas fechando a possibilidade de lavagem de
dinheiro no setor de energia que "o regime poderá ser colocado de
joelhos."
Numa reunião realizada em
Genebra, na corrente semana, Almagro indicou que não vale a pena aplicar
sanções econômicas e financeiras enquanto laranjas ou parentes de integrantes
do governo movimentarem recursos no
exterior. "Precisamos ir atrás dos testas de ferro dessa corrupção",
disse o uruguaio, lembrando do caso de mulheres de dirigentes que passaram a comprar
mansões na Espanha nos últimos meses.
Outro personagem nesse dúbio
elenco do chavismo, tanto sub Chávez, quanto no esquema de Maduro, é o
ex-presidente da petrolífera PDVSA Rafael Ramírez (e, portanto, hoje um miliardário) e, em seguida, embaixador da
Venezuela nas Nações Unidas. Ele é acusado de ter feito parte de esquema de
corrupção com subornos, em troca de contratos com empresas. Homem forte no
governo de Hugo Chávez, passou a ser investigado pelo governo de Nicolás
Maduro, pelo desvio de US$ 4 bilhões, entre
2009 e 2017 na citada PDVSA.
Ramírez também é alvo da
Justiça americana. Nesse sentido, a empresa Natural
Resources acusa o ex-aliado do governo chavista de cobrar propinas para
autorizar qualquer tipo de negócio dentro da aludida estatal. Dessarte, a empresa
assinala que em 2012 fora chamada a pagar US$ 10 milhões a um
intermediário na Flórida. O dinheiro se
destinaria ao próprio Ramírez, que também foi Ministro do Petróleo da
Venezuela.
A Harvest havia fechado uma joint venture com a PDVSA e queria
vender sua participação na estatal de Caracas. A empresa alega que estava sendo
obrigada a pagar suborno. Ramírez nega qualquer irregularidade e denuncia
"perseguição política", eis que tem sido alvo do Ministério Público
da Venezuela.
Os americanos conseguiram abandonar o
projeto com a PDVSA só quando Ramírez deixou a estatal, em 2016. Mas a empresa Harvest acredita que a venda ocorreu por
US$ 470 milhões, menos de o que poderia ter sido obtido em 2012 ou 2013.
Em um dos documentos do Tesouro americano, se
verifica que "instituições financeiras têm alertado suas suspeitas sobre
transações relacionadas com a corrupção na Venezuela, incluindo contratos
governamentais". "O governo venezuelano parece usar o controle sobre
grande parte da economia para gerar riqueza significativa para seus
representantes e para os executivos de estatais, suas famílias e seus
parceiros."
Por fim, chama a atenção
dos investigadores nos Estados Unidos o envolvimento da cúpula das Forças
Armadas em esquemas ilícitos. Desde janeiro, os americanos apuram o
envolvimento de quatro militares venezuelanos em corrupção. Dentre esses,
ressalta o papel do general Rodolfo Clemente Marco Torres, que
ocupou o cargo de governador de Aragua, foi diretor da PDVSA, presidente do
Banco da Venezuela e Ministro de Alimentos.
A acusação contra ele é a de ter estabelecido negócios ilícitos na
importação de alimentos. Como de hábito, não terá sido possível localizá-lo
para "comentar tal acusação".
Como se verifica pelas
descrições acima, no que tange às relações desvirtuadas entre a PDVSA e demais
entidades governamentais venezuelanas, e
os altos funcionários, eventuais imigrantes como Tarek el-Aissami, elas são tisnadas pela mais desbragada
corrupção, que já era patrocinada no período introduzido pelo carismático tenente-coronel
Hugo Chávez Frias (que entrou na
política na forma tornada comum em América Latina, seja através de uma
tentativa de golpe militar, quando o Presidente venezuelano civil, Carlos
Andrés Pérez, se achava ausente, em uma de suas múltiplas
viagens ao exterior - em 12 de fevereiro de 2012). Com esse ingresso à bruta na política, depois
de uma prisão breve, estava preparada para decolar a trajetória política do
militar Hugo Chávez, que conseguiria eleger-se, diante da manifesta
degringolada do poder civil na Venezuela - que fora há relativamente pouco
tempo - um dos dois fanais da democracia civil na América do Sul, então sob
regime castrense em grande extensão. O resto da estória é demasiado conhecido,
com a democracia venezuelana - também de modo conjunto - a ser erodida pelo
autoritarismo chavista, malgrado as penas constitucionais do instituto do
recall - que Chávez, seja escrito para sua honra - cumpriria à risca, coisa que
o sucessor Maduro iria contornar na forma consueta e canalha.
O dilúvio ético e político
do chavismo se acentua com a discutível vitória de Nicolás Maduro (ajudado,
segundo declarou) por um peculiar passarinho (faltou dizer que seria o espírito
de seu pai político Hugo Chávez...) sobre Henrique Capriles. Para que tal não
pudesse repetir-se, isto é, a ameaça de que Capriles lograsse vencer na
próxima, Maduro mandou que a dócil Justiça chavista inventasse algum pretexto
para proibir-lhe qualquer candidatura futura.
Como se há de verificar
pela penosa leitura de tantas negociatas e tratativas escusas do chavismo,
dificilmente a derrubada do regime corrupto chavista, instituído por Nicolás
Maduro, será .como parecer querer a OEA de Almagro por uma auto-imolação
aplicada pelo neo-chavista.
Tampouco me parece eficaz
que o Secretário-Geral da OEA, o uruguaio Almagro, busque derrubar o regime corrupto como o de Maduro,
ao tentar um método suasório de auto-correção. Semelha muito pouco provável que
o regime chavista se emende por própria iniciativa, ou por adesão a eventuais
métodos que venha a ser convencido a aplicar. A má-fé preside às opções do
chavismo. Mas mesmo nesse patético estado de coisas em que o regime
maduro-chavista se deixou manifestamente enlear, o seu comportamente pregresso
e a maneira com que provocou uma série de cruéis pragas similares às bíblicas,
com que tortura e mata lenta, mas seguramente uma população inteira que se vê
forçada ao pior castigo que aplicar-se possa a um povo, antes saudável e com
recursos similares aos países vizinhos, qual seja o auto-exílio, a que é
tangido pelas pragas não do Egito, mas de Maduro, que hoje incluem a fome, a
carência de recursos médicos, as doenças oportunistas que daí surgem, e toda a
coorte dos males da hiper-inflação, que em termos inegáveis lhes foram
aplicados com a crueldade extrema de quem seja pela desonestidade - ao desviar
os recursos do melhor petróleo do planeta para o próprio auto-enriquecimento,
seja pela olímpica indiferença de abandonar uma Nação à miséria da
hiper-inflação e ao deserto de todo tipo de recurso médico, e de todo tipo de
medicação, que somente lhes será acessível, se tomarem a estrada do exílio para
os países vizinhos.
Maduro foi longe demais, na própria
incapacidade, na sua improvidência, e na
maneira com que, seja por ignorância da arte de governar, seja por manifesta
incompetência veio a criar essa situação insustentável, tanto no plano do
bem-estar individual, quanto no respeito ao ser humano, ao aplicar a seus
co-nacionais um tratamento que não é compatível nem a animais, quanto menos
para os filhos de uma Nação antes próspera e saudável.
Por isso, nem a ele se pode
presumir condições de governar um povo, nem àqueles que o cercam, vivendo em ambiente
egoísta e verdadeiramente maldito, ao criarem no entorno dos próprios palácios
o artificialismo dos campos de concentração, em que sedulamente se preparava,
nas câmaras de gás a morte de um povo, que ministravam com o afinco maldito dos
carrascos algozes muito bem nutridos.
(Fontes: O Estado de S. Paulo e demais informações sobre o desastre do
regime de Maduro na Venezuela )