Ontem, o blog
se ocupou do senhor acima, que exerce a arriscada atividade de desafeto
de Vladimir Putin. Agora, cumpre completar a estória, que não me pareceu então suficientemente
articulada, sobretudo na cena da 'morte' de Babchenko na entrada de
sua atual residência em Kiev.
O
chefe do serviço de segurança da Ucrânia, Vasili Gritsak, informou que a
agência encenara a morte de Babchenko justamente para capturar suspeitos que
planejariam realmente matá-lo. Segundo Gritsak, os detetives localizaram um
cidadão ucraniano que teria recebido
US$ 40 mil do serviço de segurança russo para planejar o assassinato.
Assim, o tal indivíduo teria contratado
uma segunda pessoa para fazer o "serviço".
Ao
tomar conhecimento da falsa morte de Babchenko, o porta-voz do Ministério dos
Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou estar "feliz" com a notícia
de que Babchenko estivesse vivo. Acrescentou que a história fora usada como
"propaganda", dizendo que o caso constituía provocação anti-Rússia.
A existência de Babchenko está
recheada de imprevistos. Soldado, escritor, correspondente de guerra e
jornalista opositor de Vladimir Putin - decerto a mais arriscada de suas
ocupações.
Ficou conhecido pelos seus despachos nas duas guerras da Tchetchênia, de
que participara como soldado convocado na primeira, e como voluntário, na
segunda. Depois de seu desengajamento
como soldado, e com diploma de direito internacional passou a atuar como correspondente de guerra
para os meios de comunicação russos. Cobriu o conflito com a Geórgia em 2008, e
o levante da praça Maidan, em Kiev (2013/14), e a guerra com os chamados
separatistas pro-Rússia, na Ucrânia oriental.
Babchenko foi uma das vozes que
denunciaram o Kremlin como fomentador dos rebeldes, o que Moscou, ainda que pro-forma,sempre negou. Por
esse tempo, escapou uma vez mais da morte: um general ucraniano impediu que Babchenko embarcasse em um helicóptero em princípios da
guerra contra os chamados "separatistas" no leste. O helicóptero foi
derrubado e catorze pessoas morreram.
"Fui sortudo", disse ele.
Devido às ameaças, Babchenko
fugiu da Rússia em 2017. A princípio, esteve na República Tcheca.
Depois, instalou-se em Israel e mais tarde se transferiu para Kiev, assim como
outros desafetos de Putin.
Babchenko afirma ter recebido
"milhares" de ameaças. Quando lhe
chegou aos ouvidos que estava de novo na lista, armou a própria morte com ajuda
do serviço secreto ucraniano.
"Tive sorte de novo", afirmou ontem.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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