quinta-feira, 31 de maio de 2018

Arkadi Babchenko


                                                 
        
           Ontem, o blog  se ocupou do senhor acima, que exerce a arriscada atividade de desafeto de Vladimir Putin. Agora, cumpre completar a estória, que não me pareceu então suficientemente articulada,  sobretudo  na cena da 'morte' de Babchenko na entrada de sua atual residência em Kiev.
           O chefe do serviço de segurança da Ucrânia, Vasili Gritsak, informou que a agência encenara a morte de Babchenko justamente para capturar suspeitos que planejariam realmente matá-lo. Segundo Gritsak, os detetives localizaram um cidadão ucraniano que teria recebido  US$ 40 mil do serviço de segurança russo para planejar o assassinato. Assim,  o tal indivíduo teria contratado uma segunda pessoa para fazer o "serviço".
            Ao tomar conhecimento da falsa morte de Babchenko, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou estar "feliz" com a notícia de que Babchenko estivesse vivo. Acrescentou que a história fora usada como "propaganda", dizendo que o caso constituía provocação anti-Rússia.
            A existência de Babchenko está recheada de imprevistos. Soldado, escritor, correspondente de guerra e jornalista opositor de Vladimir Putin - decerto a mais arriscada de suas ocupações.
             Ficou conhecido pelos seus despachos nas duas guerras da Tchetchênia, de que participara como soldado convocado na primeira, e como voluntário, na segunda.  Depois de seu desengajamento como soldado, e com diploma de direito internacional  passou a atuar como correspondente de guerra para os meios de comunicação russos. Cobriu o conflito com a Geórgia em 2008, e o levante da praça Maidan, em Kiev (2013/14), e a guerra com os chamados separatistas pro-Rússia, na Ucrânia oriental.
                 Babchenko foi uma das vozes  que denunciaram o Kremlin como fomentador dos rebeldes,  o que Moscou, ainda que pro-forma,sempre negou.   Por esse tempo, escapou uma vez mais da morte:  um general ucraniano impediu que Babchenko  embarcasse em um helicóptero em princípios da guerra contra os chamados "separatistas" no leste. O helicóptero foi derrubado e catorze pessoas morreram.  "Fui sortudo", disse ele.
                   Devido às ameaças, Babchenko  fugiu da Rússia em 2017. A princípio, esteve na República Tcheca. Depois, instalou-se em Israel e mais tarde se transferiu para Kiev, assim como outros desafetos de Putin.   Babchenko  afirma ter recebido "milhares" de ameaças.  Quando lhe chegou aos ouvidos que estava de novo na lista, armou a própria morte com ajuda do serviço secreto ucraniano.
                   "Tive sorte de novo",  afirmou ontem.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )       

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