De
repente, o céu azul se enfarruscou, e os preparativos para a cúpula entre o presidente Donald Trump e Kim Jong-un
tiveram uma parada.
A
reação do líder norte-coreano foi
motivada pela realização de manobras
militares conjuntas entre Seul e
Washington. Tais manobras, tão próximas
do eventual encontro entre os dois líderes, terão parecido uma provocação para a Coréia do Norte. Segundo o regime
norte-coreano, os exercícios vão "na contramão da retomada dos laços"
e ameaçam a cúpula com o presidente americano, Donald Trump, marcada para doze
de junho".
Por
outro lado, as declarações do novo assessor de Trump, de segurança
nacional, John Bolton, foram havidas
como uma provocação. Com efeito, Bolton
declarou que a Coreia do Norte deveria desnuclearizar-se, dentro do modelo
seguido por Muamar Kaddafi, na Líbia.
Relembrar Kaddafi como modelo de
"desnuclearização" é algo
vizinho da provocação, pois não se desconhece o que ocorreu com o líder
líbico, depois que renunciou ao armamento atômico.
Não
obstante, apesar da ameaça norte-coreana, os Estados Unidos afirmaram que os
preparativos para a reunião entre os líderes, em Cingapura, não serão
interrompidos. "Seguimos avançando (nos preparativos da cúpula)",
afirmou Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Ela disse
igualmente que o governo americano não foi "notificado" da
advertência norte-coreana.
Aumentando a pressão sobre Washington, a
KCNA (agência oficial norte-coreana) chamou a "Max Thunder",
nome oficial das manobras aéreas entre Seul e Washington que envolveriam
bombardeiros B-52 de "provocação" e disse que Pyongyang não tem outra
escolha a não ser suspender as conversas com o Sul.
No entanto, especialistas na região
acham pouco provável que a Coreia do Norte cancele a cúpula entre Trump e
Kim. " A Coreia do Norte esperou o
momento exato das manobras militares para se manifestar", escreveu no seu site Ankit Panda, especialista em Asia
no Council on Foreign Relations,
Segundo Panda, as autoridades norte-coreanas sabiam dos exercícios há pelo
menos dois meses, mas só decidiram reclamar agora, poucas horas antes de uma
reunião planejada há quase um mês com a Coreia do Sul na fronteira
intercoreana.
Com efeito, um encontro com um presidente dos Estados Unidos é desejo
acalentado há anos por Pyongyang, uma manobra para legitimizar um regime havido
como pária pelo Ocidente. "É duvidoso que Pyongyang jogue tudo fora menos
de um mês antes de realizar um sonho de décadas", afirmou ao site Vox Jeffrey Lewis, especialista em Coreia do Norte do
Instituto Middlebury de Estudos Internacionais.
Para Lewis,apesar de a Coreia do Norte estar tão perto de conseguir um
encontro com Trump, não significa que não existam preocupações legítimas de
Kim.
"Eles não vão matar a cúpula, mas claramente algo está acontecendo,
alguma coisa desagradou ao regime e, com certeza, será usada na cúpula com
Trump", disse o expert Lewis.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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