Os
Estados Unidos por força de sua condição auto-atribuída de protetores de Israel tem evidenciado,
sob a presidência Trump, um viés excessivo na defesa desse estado. Muitos de
tais excessos podem ser considerados efeitos de visão rudimentar da realidade
no Meio Oriente. A esse respeito, a atual representante estadunidense no
Conselho de Segurança das Nações Unidas, Nikki Haley, não se pejou de afirmar
que a atitude de Israel durante os últimos confrontos entre a população de Gaza
e o exército israelense tinha sido de moderação.
Moderação
? Se matar demonstrantes desarmados -
i.e., aqueles palestinos que protestam,
de forma pacífica e desarmada junto à barreira de arame farpado que separa a área ocupada por Israel da Faixa de Gaza, e
que são alvejados por balas pelas tropas israelenses (chegaram a matar sessenta
desta feita só pelo fato de se manifestarem pelo direito dos palestinos de ter
acesso às suas terras) não é prova de moderação, mas sim do contrário.
A esse respeito, me parece
oportuno citar parte de artigo do filósofo Vladimir Safatle, publicado na Folha de sexta-feira, dezoito de
maio:
"Segundo a ONU e suas
resoluções, não há nada de complexo na situação palestina. O governo de Israel
ocupa ilegalmente território palestino, constrói ilegalmente colônias que ele
nunca saberá como desmantelar sem ter de lidar com colonos armados revoltados
contra seu próprio governo, constrói ilegalmente muros em territórios que não
são seus, submete populações a um sistema em vários pontos similar a um
apartheid e não há nenhuma força que esteja disposta a pará-lo." (...)
"Ele não pode simplesmente anexar os
territórios, o que lhe obrigaria a fornecer cidadania a milhões de palestinos e
fazer de um Estado étnico um Estado plurinacional. Ele também não pode devolver
os territórios, já que teria de lidar com 400 mil colonos furiosos e armados.
Por muito menos, um colono judeu matou seu próprio primeiro-ministro, Yitzhak
Rabin.
"Israel só pode tentar
normalizar uma situação de completa exceção. Enquanto isso, matar um palestino vai-se transformando
em um procedimento normal de governo."
(Fonte: artigo "Matando um
Palestino" de Vladimir Safatle,
Folha, 18.V.2018")
Nenhum comentário:
Postar um comentário