sábado, 19 de maio de 2018

As mortes palestinas


                                      

         Os Estados Unidos por força de sua condição auto-atribuída de protetores de Israel tem evidenciado, sob a presidência Trump, um viés excessivo na defesa desse estado. Muitos de tais excessos podem ser considerados efeitos de visão rudimentar da realidade no Meio Oriente. A esse respeito, a atual representante estadunidense no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Nikki Haley, não se pejou de afirmar que a atitude de Israel durante os últimos confrontos entre a população de Gaza e o exército israelense tinha sido de moderação.  
           Moderação ?  Se matar demonstrantes desarmados - i.e.,  aqueles palestinos que protestam, de forma pacífica e desarmada junto à barreira  de arame farpado que separa  a área ocupada por Israel da Faixa de Gaza, e que são alvejados por balas pelas tropas israelenses (chegaram a matar sessenta desta feita só pelo fato de se manifestarem pelo direito dos palestinos de ter acesso às suas terras) não é prova de moderação, mas sim do contrário.
             A esse respeito, me parece oportuno citar parte de artigo do filósofo Vladimir Safatle, publicado  na Folha de sexta-feira, dezoito de maio: 
             "Segundo a ONU e suas resoluções, não há nada de complexo na situação palestina. O governo de Israel ocupa ilegalmente território palestino, constrói ilegalmente colônias que ele nunca saberá como desmantelar sem ter de lidar com colonos armados revoltados contra seu próprio governo, constrói ilegalmente muros em territórios que não são seus, submete populações a um sistema em vários pontos similar a um apartheid e não há nenhuma força que esteja disposta a pará-lo." (...)             
             "Ele não pode simplesmente anexar os territórios, o que lhe obrigaria a fornecer cidadania a milhões de palestinos e fazer de um Estado étnico um Estado plurinacional. Ele também não pode devolver os territórios, já que teria de lidar com 400 mil colonos furiosos e armados. Por muito menos, um colono judeu matou seu próprio primeiro-ministro, Yitzhak Rabin.
                   "Israel só pode tentar normalizar uma situação de completa exceção. Enquanto  isso, matar um palestino vai-se transformando em um procedimento normal de governo."  

(Fonte: artigo "Matando um Palestino" de Vladimir Safatle,  Folha, 18.V.2018")

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