O governo saíu em defesa das Forças
Armadas e reagiu, ontem, com desconfiança, ao memorando divulgado pelo Estadão, e que foi referido por este blog.
Em tal sentido,
assim se manifestou o presidente Michel
Temer: "Nesses tempos de delações, de disse-que-disse, aprendi que é preciso ter muito cuidado com
informações dessa natureza". Acrescentou Temer que, ao receber a informação,
"achou a história muito estranha", e declarou ter-lhe chamado a atenção o fato de as revelações virem de fora do País. "Os documentos não são nacionais, são da
CIA, uma entidade estrangeira. Nem
tudo o que a CIA diz é
necessariamente verdade, é uma verdade absoluta."
Nesse quadro, o presidente Temer
também levou em conta que "não há um só documento, um só registro, um só
depoimento dos envolvidos", que venha a corroborar a versão da CIA, que agora vem a público pelo
pesquisador da FGV, Mathias Spector.
Em seguida, Temer acrescentou:
"E a gente sabe como é... Essas coisas sempre acabam sendo faladas. Como
nunca foram faladas aqui no Brasil até agora?"
Temer afirmou, igualmente, que,
pela sua própria experiência no cargo, ele tem consciência que
"presidentes não conseguem acompanhar tudo o que acontece lá embaixo, no
governo". Por isso, ele indaga: " Será mesmo que o general Geisel saberia disso, teria
autorizado isso?" Nesse contexto, citou inclusive sua versão sobre a frase
atribuída ao então vice-presidente da República, Pedro Aleixo, ao discordar da aplicação do AI-5 em 1968 e tentar
substituí-lo pelo instrumento do estado de sítio: "Não tenho medo do AI-5, tenho medo do que o guarda da esquina irá fazer
com esse ato".
Além de manifestar dúvidas
quanto à veracidade da informação que chegou à CIA, Temer também tentou fazer
uma defesa subjetiva do ex-presidente Geisel, o penúltimo presidente do regime
militar: "Isso não combina com o legado do presidente, conhecido pelo
empenho em promover a abertura política, a volta à democracia".
Por sua vez, em cerimônia na
Esplanada dos Ministérios, o Ministro Raul
Jungmann, da Segurança Pública,
afirmou que a divulgação dos documentos da CIA não afeta o
"prestígio" das Forças Armadas. Ex-Ministro da Defesa, Jungmann
asseverou que o Governo ainda não teve acesso ao documento em tela de forma
oficial, mas afirmou que alguma medida deve ser tomada.
"O governo não tem
conhecimento desses documentos, não estamos desconsiderando (o citado papel da
CIA), mas precisamos de ter acesso de forma oficial. O prestígio das Forças
Armadas permanece nos mesmos níveis. As Forças são um ativo democrático, isso
não é tocado por uma reportagem", afirmou o Ministro da Segurança Pública,
em cerimônia na Esplanada dos Ministérios..
Jungmann
foi evasivo, sem embargo, quando questionado sobre quais ações efetivamente devem ser tomadas pelo Governo
brasileiro.
"Não tivemos acesso a
documentos oficiais. Não é minha área, não é decisão minha. Alguma medida deve
ser tomada, mas não é da minha área. Não sou mais ministro da Defesa, quem deve
tomar essa decisão são os responsáveis pela área", aduziu o ministro da
Segurança Pública.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário