domingo, 20 de maio de 2018

A Visão de Míriam


                                   
        Com a sua louvável preocupação de objetividade, a colunista Míriam Leitão traça um retrato - na verdade, dois retratos - do Governo de Michel Temer.
        Em maio, o presidente Michel Temer completou dois anos de governo. Neste mesmo mês, segundo a colunista, faz um ano desde que sua administraçao perdeu o rumo.
        Para Míriam, ele acertou em alguns pontos na economia e errou em várias outras áreas.
         De início, ele suspende a construção da hidrelétrica de Tapajós: será que entendeu o perigo de usinas agressivas ao meio ambiente, como Belo Monte, exigem precaução? Mas, em seguida, reduz a área de proteção da floresta de Jamanxin.  Para Míriam, não houve na primeira decisão sobre Tapajós um pingo de consciência ambiental - seria só oportunismo pela vinculação de Dilma a polêmicos projetos de hidrelétricas.
          Elogios para a sua escolha de novo presidente da Petrobrás. O resultado positivo dessa medida não carece de exemplos.  A  tais encômios,  Míriam  faz alguns reparos, que embora procedam, dão a impressão de que a colunista achou boa a sua ideia dicotômica sobre a presidência Temer e a quer aplicar de qualquer modo.
         Segue-se o grande erro de Temer: a audiência noturna no Jaburu a Joesley Batista... A consequente delação desfiguraria o Governo Temer.  Venceria a duras penas as duas denúncias do então Procurador-Geral da República... e quem pagou a conta foi a Nação brasileira.
           No final, Miriam se deixa levar pela retórica, e pelo esquema do artigo. Se muito o que diz está certo (liberou R$ 40 bilhões para os donos de conta do INSS, combateu fraudes no Bolsa Família, no auxílio-doença; blindou a Petrobrás, deu autonomia ao Banco Central e defendeu a austeridade fiscal), a campeã se deixa arrastar pelo molde antagônico:  Defensora do pêndulo, e sem deter-se no efeito positivo das medidas referidas, com um olé parte com grande afã, mas sem importar-se um iota com a lógica, faz tétrica previsão sobre o futuro de Temer, sempre consoante o constritor modelo da historiadora Míriam: "Dividido entre os dois lados de si mesmo, e entre os dois tempos políticos, ora médico, ora monstro, Temer viverá  seus últimos meses acuado no Palácio, cercado por um mar de impopularidade."
             Nem tanto ao mar, nem tanto a terra, doutora Míriam.  Os fins de mandato sóem ser amargos, mas se me permite um conselho, a severidade é decerto importante, e ela tenderá a crescer mais, se Minerva estiver a seu lado.
( Fonte: artigo de Míriam Leitão - Dois em um, em O Globo ) 

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