Com a sua louvável preocupação
de objetividade, a colunista Míriam Leitão traça um retrato - na verdade, dois
retratos - do Governo de Michel Temer.
Em maio, o presidente Michel Temer
completou dois anos de governo. Neste mesmo mês, segundo a colunista, faz um
ano desde que sua administraçao perdeu
o rumo.
Para Míriam, ele acertou em alguns
pontos na economia e errou em várias outras áreas.
De início, ele suspende a construção
da hidrelétrica de Tapajós: será que entendeu o perigo de usinas agressivas ao
meio ambiente, como Belo Monte, exigem precaução? Mas, em seguida, reduz a área
de proteção da floresta de Jamanxin.
Para Míriam, não houve na primeira decisão sobre Tapajós um pingo de
consciência ambiental - seria só oportunismo pela vinculação de Dilma a
polêmicos projetos de hidrelétricas.
Elogios para a sua escolha de novo
presidente da Petrobrás. O resultado positivo dessa medida não carece de
exemplos. A tais encômios, Míriam
faz alguns reparos, que embora procedam, dão a impressão de que a
colunista achou boa a sua ideia dicotômica sobre a presidência Temer e a quer
aplicar de qualquer modo.
Segue-se o grande erro de Temer: a
audiência noturna no Jaburu a Joesley Batista... A consequente delação
desfiguraria o Governo Temer. Venceria a
duras penas as duas denúncias do então Procurador-Geral da República... e quem
pagou a conta foi a Nação brasileira.
No final, Miriam se deixa levar pela
retórica, e pelo esquema do artigo. Se muito o que diz está certo (liberou R$
40 bilhões para os donos de conta do INSS, combateu fraudes no Bolsa Família,
no auxílio-doença; blindou a Petrobrás, deu autonomia ao Banco Central e defendeu
a austeridade fiscal), a campeã se deixa arrastar pelo molde antagônico: Defensora do pêndulo, e sem deter-se no efeito
positivo das medidas referidas, com um olé
parte com grande afã, mas sem importar-se um iota com a lógica, faz tétrica previsão sobre o futuro de Temer,
sempre consoante o constritor modelo da historiadora Míriam: "Dividido entre os dois lados de si mesmo, e entre os dois
tempos políticos, ora médico, ora monstro, Temer viverá seus últimos meses acuado no Palácio, cercado
por um mar de impopularidade."
Nem tanto ao mar, nem tanto a
terra, doutora Míriam. Os fins de
mandato sóem ser amargos, mas se me permite um conselho, a severidade é decerto
importante, e ela tenderá a crescer mais, se Minerva estiver a seu lado.
(
Fonte: artigo de Míriam Leitão - Dois em um, em O Globo )
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