Verdade, meu caro Presidente - e,
creia-me, não é deboche. O senhor foi um grande presidente desse conflituoso
cenáculo que é o Supremo. Com muita coragem, estudo e determinação o senhor
soube contornar as dificuldades criadas pelo revisor, e levar a bom termo
aquilo que a grande maioria brasileira, ainda ignara de tantas coisas que o
porvir não tão longínquo iria proporcionar, já desejava como sinal de tempos
melhores um Brasil mais justo, em que ricos e pobres recebam a mesma atenção e
as mesmas equânimes sentenças, para que a cegueira da Justiça não esteja apenas
nos pátios dos grandes e austeros Palácios, onde o Povo soberano colha as
normas e as determinações que lhes encha de satisfação, eis que ela só é
encontrada em Leis que para todos sejam iguais.
Foi pensando na sua
atuação como Presidente, que ousei imaginar que o Senhor além de competir, com
firmeza e peito aberto, como é seu feitio,
o Senhor nos faria o favor de trazer para o Povo brasileiro a esperança
de alguém que, a par de sair de um passado tão digno quanto honesto, e que para
a alegria de muitos entretinha o projeto de trazer um pouco mais da própria
experiência e de seu caráter para o Palácio do Planalto.
Não sei do motivo que o
demoveu deste grande projeto, que o Senhor trataria também de fazê-lo do Povo,
de todo o Povo, mas em especial dos mais humildes, porque grande é a lição que pode ser dada por
personalidades como o Senhor, em que coragem, firmeza, estudo e retidão caminham juntos.
Mas o repensar é humano, e ninguém
poderá dizer que nunca hesitou, ou se deteve um momento para reexaminar, menos
a perspectiva de galgar os altos páramos do Poder, e, sobretudo, a visão de futuro melhor, de país mais justo,
de pátria mais aberta a todos os seus filhos, e nessa senda que a muito poucos
é concedida, e ainda menos, dentre esses privilegiados, quais realmente fazem
jus, não apenas a uma promessa de tempos melhores, mais equos, mais justos, mas
um Brasil que cresça na verdadeira justiça, nas oportunidades para os seus
filhos e - não por último - encareceria ao Senhor que uma vez na vida
reconsidere uma resolução, e troque o dúbio pelo certo, o fácil pelo
difícil, o descanso pelo trabalho, e reunir o ânimo indispensável para acolher o
repto, esse desafio, e conceder a Nós brasileiros a oportunidade de ter de
volta ao Palácio do Planalto, alguém que ao invés de prometer-nos a Lua e as
Estrelas, trabalhe com a sua honestidade,persistência
e seriedade por esse imenso Brasil, que está muito necessitado, creia-me de
gente como Vossa Excelência.
Não nos decepcione, Senhor Joaquim Barbosa.
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