Dois
meses transcorridos da eleição italiana, a Itália continua não só sem um novo
gabinete, mas também sem aparente perspectiva
de que se forme breve um outro ministério.
O movimento Cinco Estrelas, de Luigi
di Maio, vem a público pedir para que os
eleitores votem de novo, a 24 de junho.
Além disso, a liderança afirma que seu partido não vai formar um gabinete de
consenso, e tampouco participará de reforma eleitoral.
A circunstância de que o Cinco
Estrelas tenha sido o partido mais votado a quatro de março, parece levar seu
líder Luigi di Maio a rejeitar um acordão, e também o leva a apostar em uma
nova eleição.
Que os Cinco Estrelas haja sido o
partido mais votado nas eleições de quatro de março, não está garantido que venha
a acreditar no seu eventual plano de dar um salto dos 33% de sufrágios obtidos,
para uma tentativa de um novo pleito, em que obteria, sabe-se lá como, um pouco
mais dos 40%, o que lhe abriria as portas do governo.
Por outro lado, o povo italiano pode
errar, mas será que o Cinco Estrelas,
que é crítico do sistema político italiano, e, não obstante, é contrário
também à União Europeia, que maioria é essa que pretende estabelecer?
Não é o fato de ser contrário ao
europeismo. Será que o seu líder
desconhe-ce o que a Europa significa para a Itália? Parece difícil, mas essa negação da rea-lidade
da Itália como parte da Europa - e esta parte se inicia não ontem, nem a dez
anos atrás - é resultado da presença de líderes italianos exponenciais como foi
Alcide De Gasperi.
A Itália não pode negar a realidade
da Europa e da União Europeia. Ela está ali presente desde a formação da CEE -
comunidade econômica europeia - e não como simples adereço. Saída do desastre
da guerra fascista, políticos italianos como de Gasperi e tantos outros
lideraram o movimento europeu junto com França e Alemanha, en la Comunità dei
Sei.
Para quem não conheceu a miséria
da aventura fascista, será fácil quiçá pensar que a Italia possa fare da sola. Talvez fosse requerido que políticos con tale mancanza di visione deveriam
fazer um curso de história contemporânea, porque neste caso a ignorância se
torna não apenas um handicap , mas
um desafio sério para qualquer governante. A presença da Europa na existência
da Itália está aí para demonstrar a quem tem inteligência per capire que Roma e a Itália não são um simples personagem no
grande drama da História. Sem o povo italiano, o que se poderia pensar da
aventura européia?
Como país formador do sonho
europeu, e com a participação do povo italiano, negar o sonho de uma Europa
unida sarebbe un pò sciocco, se os
meus leitores permitam essa liberdade de quem, como diplomata brasileiro, teve
tanto prazer de conviver com um Povo que, além de ser mestre de história, tem
tais laços com a gente brasileira, como
eu e meus filhos tivemos a sorte e a oportunidade, seja de vivenciar, quanto de conhecer um
pouco mais, não só a boa terra, a sua realidade hodierna, e non per último, a
generosidade e a simpatia dessa gente italiana, que nos é tão próxima, desde la
Lombardia di Sotto il Monte, di Pappa Giovanni, até a Sicília, com as suas
maravilhas de tantas civilizações que lá deixaram marcas de sua glória e arte. Roma
é de um certo modo a síntese da Botta italiana.
Que os leitores italianos que
me honram com sua atenção, relevem oa eventuais erros que o passar do tempo
haja trazido para essa minha memoria di Italia. Mas como a vivência da Itália é
uma experiência única, eu posso como diplomata brasileiro escrever com enorme
prazer, porque como pude verificar na Cidade de Roma, ao percorrer-lhe as ruas,
le piazze - de que não há mais belas -
que la Città Eterna não tem paragone, neanche per chi ha comminciato la sua
esperienza diplomàtica a Parigi.
(
Fontes: Folha de S. Paulo, vita diplomatica (Roma, Santa Sede, Parigi)
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