Ver a foto de
1973, publicada em O Globo desta
sexta-feira, do general Ernesto Geisel, futuro presidente da República,
acompanhado por quem o sucederia no poder, general João Figueiredo, transporta para aqueles tempos difíceis os
contemporâneos que viveram naqueles dias da ditadura militar de 1964 a 1985.
O pesquisador Matias Spektor localizou ontem o
documento secreto, feito pelo então diretor da CIA, William Colby, a onze de
abril de 1974, e dirigido ao Secretário de Estado Henry Kissinger. No entender
de Spektor, o memorandum é evidência direta do envolvimento dos presidentes
militares Emilio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo com a
diretiva de assassinatos de opositores da ditadura militar.
Na comunicação, William Colby
descreve reunião realizada em 30 de março de 1974, quinze dias após a posse de
Geisel. Na presença do presidente, ali estavam três generais encarregados do
combate aos opositores: Milton Tavares de Souza, Confúcio Dantas de Paula
Avelino e o que sucederia mais tarde a Geisel, João Baptista Figueiredo.
Tavares
enfatizou na reunião que o Brasil não poderia ignorar a ameaça subversiva e
terrorista, e por isso recomendou que métodos extralegais deveriam continuar a
ser empregados contra subversivos perigosos. Nesse teor, o general Milton disse
que cerca de 104 pessoas nessa categoria foram sumariamente executadas pelo CIE
(Centro de Inteligência do Exército) durante cerca de um ano (1973). Por sua
vez, Figueiredo apoiou essa 'política' e insistiu na sua continuidade.
Geisel, após ouvir as observações,
pediu para pensar durante o fim de semana sobre a continuidade da
"política". A esse propósito, o memorandum da CIA informa que em 1º
de abril o presidente disse ao general Figueiredo que a "política deveria
continuar". No entanto, Geisel acrescentou que apenas subversivos
perigosos fossem executados.
Ambos
concordaram que a "política deveria continuar" e
também determinou que "todas as execuções deveriam ser então aprovadas
pelo então chefe do SNI, Figueiredo.
Passou
a haver uma subordinação de fato da CIE ao SNI de Figueiredo. Para completar o
reforço da autoridade do SNI e, por conseguinte, do general Figueiredo - que,
de resto, o sucederia em 1979 - Geisel
determinou (com a anuência de Figueiredo) que a CIE deveria dedicar quase todo o
seu esforço à subversão interna. Completando o controle institucional da
CIE, esse esforço geral da CIE seria coordenado pelo general Figueiredo.
O Exército informa que os documentos sigilosos, relativos
ao período em questão e que eventualmente pudessem comprovar a veracidade dos
fatos narrados, foram destruídos, de acordo com as normas existentes à época -
Regulamento da Salvaguarda de Assuntos Sigilosos (RSAS)".
Na longa reportagem
"Execuções Oficiais" há dois outros parágrafos que se deveria
ressaltar: "Entre 1972 e 1973, a Comissão Nacional da Verdade identificou
138 vítimas, 69 em cada ano. Esse número inclui tanto mortos ditos oficiais
como os chamados desaparecidos políticos, que, depois do governo Geisel,
chegaram a um total de 53 só em 1974. Ao todo, durante os 21[1]
anos da ditadura as vítimas fatais chegaram a 434, sendo 208 desaparecidos.
Por fim a estranha figura do
Cabo Anselmo. José Anselmo dos Santos,
que denunciou, na sua qualidade de agente duplo, um grupo de seis da Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR), e que provocou a "chacina da chácara de São
Bento" com a execução do grupo.
O
cabo Anselmo, que configura o personagem do delator, levava tão a sério a
própria atividade, que chegou a dar informações até sobre a sua então
companheira Soledad Barret Viedma ...
(
Fonte: O Globo - Execuções Oficiais ).
[1]
é de notar-se que o fascismo de Benito Mussolini dura 22 anos,e termina com a
morte do Duce na praça Rieti,
justiçado pelos partigiani, e pendurado com a amante Clara Petacci, na cerca de
arame.
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