Só o futuro poderá desenhar com traços
reais o quanto decaíu a produção de alimentos na Venezuela na década passada.
Tal se deve às intervenções desastradas tanto de Hugo Chávez, quanto de seu
pupilo, Nicolás Maduro.
Dessarte, em dez anos, a Venezuela
perde mais da metade de sua capacidade
de abastecer-se. Assim, se em 2008 o
país produzia 70% dos alimentos necessários para a nutrição de seus 28 milhões
de habitantes, a previsão para 2018 é de produzir apenas 20% do necessário para
sustentar os 31 milhões que teria hoje.
Segundo as estatísticas da Federação
Nacional de Pecuaristas da Venezuela, em 2017, o venezuelano come cerca de 4,7
kg de carne vermelha, seis vezes menos
do que em 2012. Com o frango, é ainda pior:
de 42 kg anuais por pessoa em 2012, o consumo passa para 11 kg em 2017.
A orientação, tanto dos governos de
Chávez, quanto de Maduro, foi de rara inépcia e total falta de programação.
Assim se refere Carlos Albornoz, presidente da Fedenaga (pecuaristas):
"Houve um superavit, eis que os
valores do petróleo subiram muito - de US$ 40.00 o barril,em 2003, passaram
para US$ 110.00, em 2011.O país tinha a alternativa: (a) fomentar, construir e
estruturar uma economia sólida; ou (b) usar o populismo em subsídios. Além
disso, produtos importados passaram a
ser adquiridos com mais facilidade, e a produção local foi desestimulada".
Por outro lado, o rebanho bovino
caíu de 14 milhões de cabeças para pouco mais de 8 milhões em dez anos. Hoje,
segundo o presidente da Fedeagro, Aquiles Hopkins, o setor pecuário tem
dificuldades de comprar insumos, renovar a frota de equipamentos agrícolas e
adquirir novas tecnologias.
A situação do setor na Venezuela é
hoje calamitosa. 85% da maquinária agrícola está obsoleta. Para ele, a Venezuela precisa de liberdade para
investir em novas tecnologias. A única maneira de confrontar a crise no
abastecimento será através da agropecuária.
Segundo pesquisa de 2017, 87% das famílias venezuelanas foram
consideradas pobres, senão miseráveis. E
a situação piora: entre 2014 e 2017, a pobreza cresceu 38%.
A lenda de que Hugo Chávez era, apesar
de tudo, um bom governante, não resiste a qualquer análise mais séria. Na verdade, o desabastecimento
já existia na Venezuela muito antes que o câncer matasse a el Comandante. Toda a dinheirama que gastou subsidiando a
ilha dos Castro, com a cessão de petróleo e etc. apressaria a inflação e o
desabastecimento na Venezuela.
Por sua vez, com Nicolás Maduro não
só aumenta a participação do narco-tráfico na economia venezuelana, como o pupilo logra
superar em incompetência e incapacidade a seu protetor.
E as levas de venezuelanos que
fogem - por falta de qualquer outra opção - da Venezuela, só tendem a
acentuar-se até que raie o sol afinal e caia o regime corrupto do chavismo, que,
sob Maduro, só tem tornado ainda pior e mais grave o estado geral da economia, como o demonstra sobejamente a migração forçada dos venezuelanos, tangidos pela fome, a falta de trabalho, e a desesperança que fogem para Roraima ao sul, e a Colômbia ao norte.
(Fonte: O Estado de S. Paulo )
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