quarta-feira, 16 de maio de 2018

O escândalo da matança em Gaza


                        

       Desde o início das manifestações palestinas, as forças militares de Israel têm tratado a gente de Gaza com se representassem perigosa ameaça para os destacamentos israelenses.
       De forma brutal, que não encontra exemplo na eventual reação a manifestações populares que defendem o sagrado direito de levar a verdade a todas as partes, ao invés  a soldadesca israelense emprega munição viva contra os demonstrantes. E não são sequer balas de borracha - que é o recurso usual de polícia que se confronte com manifestantes porventura violentos.
      Pois para Israel, ao que parece, inexistiriam tais recursos de tropa civilizada para lidar com manifestações contrárias.  Não. Para Netanyahu e seus acólitos, quem se manifesta politicamente contra Israel, merece balas de verdade.
      Nas diversas manifestações em que as multidões árabes, amontoadas no inferno de Gaza, revelam a própria contestação contra a violência institucional do Estado israelense,  os palestinos não se servem de live ammunition (a munição viva que traz a morte), ao contrário das tropas israelenses. Pois os palestinos marcham com a verdade e por isso abominam tal violência. Atirar contra manifestantes que não portam armas, e sim desfraldam o pavilhão da verdade, em que terra estamos?          
            Matar estúpida, boçal e cruelmente  um jovem ou  um velho que caminha, em paz e desarmado, sob a nobre toada das belas e  sofridas causas, a que preço se comete tal abominação ? 
             Ao praticarem  tais crimes, a que objetivo se lança a soldadesca?  Eles repetem o arcaico incômodo daqueles a quem a verdade é presença inoportuna e desconfortável, e que por isso, apesar de manifestamente não terem  meios e modos de golpear, ferir ou mesmo matar os adversários, partem para a crua, física ameaça de quem ouse contestar-lhe as supostas verdades !
             Assim, apesar de não encontrarem igreja que pregue a sua aniquilação física,  pulsões inconfessáveis os levam a ameaçar a parte adversária. Mas lá, no Meio Oriente, ignoram qualquer respeito para com essa gente que sai do inferno de Gaza. Não há cinismo maior que o de querer exterminar quem marcha pelo direito  de manifestar o próprio pensamento.
             A tropa militar vira escumalha, não quando se posta para conter eventuais distúrbios, mas ao ser enviada para matar  seus semelhantes, que ousam manifestar-se por um mundo e terra melhores.


        E é exatamente esse procedimento inumano, cruel e fora de qualquer limite de respeito ao manifestante que não apresenta perigo algum efetivo para as forças israelenses, que hoje semelha estar fora das usanças das tropas encarregadas da segurança, na Terra Santa.
        Dois exemplos para indicar esse crime militar, esse desrespeito façanhudo às leis que presidem a segurança das manifestações.  O governo israelense e seus prepostos não respeitam  nenhuma norma de direito que se aplique à contenção de manifestações.
        Além das tropas de Israel utilizarem a live ammunition, tudo indica que as instruções que recebem de seus chefes é de que não se conformem nem respeitem a qualquer norma civilizada, que discipline o eventual controle de manifestações.
        Tudo leva a crer, ao invés,  que esses novos janízaros de Israel - que muitos pensaram houvessem desaparecido com o Califa  daqueles tempos - têm instruções específicas para desrespeitar os direitos humanos dos manifestantes desarmados.  Tal é comprovado pela fuzilaria que dirigem contra a imprensa árabe, apesar de que os repórteres de órgãos de países arabes portem as indicações de usança para que a soldadesca israelense os distinga como representantes da imprensa, que ali estão para documentar a manifestação. Qualquer pessoa, por mais ignara que seja, sabe que os repórteres têm o básico, fundamental direito de documentarem a ocorrência, e que o fazem com meios pacíficos.
            Que tais pessoas, que apenas cumprem o seu dever de informar, também sejam alvejadas por essa tropa - que ignora até as suas sinalizadas funções de imprensa -   como se poderia descrever tão covarde  ação,  senão como acinte ao direito humano de informar,  além de mostrar o caráter fascistóide dessa força armada que sequer respeita o direito de informar?
            O povo árabe-palestino faz jus a todo o humano respeito.  A maneira com que a tropa de Israel é empregada, com extrema violência que busca reprimir manifestações desarmadas, do Povo da Palestina, configura o modo mais arrogante de um regime, que não se peja de imitar as práticas mais repugnantes do nazi-fascismo. 
            Levar bandeira ou estandarte palestino não é crime em parte alguma. Se o gabinete Netanyahu não trepida em abater manifestantes desarmados, ele está apenas reeditando as perseguições e violências que, em outras épocas, sofrera o Povo Judeu.
            A opinião pública mundial e mesmo aquela estadunidense não será enganada por essa torpe repressão, que mata jovens, mulheres e até jornalistas. E por mais repugnante que seja a prática de fuzilar o demonstrante que é culpado de antemão por reivindicar a justiça não da manada, nem dos bandoleiros, mas aquela que deveria unir os homens, então é mais do que hora de respeitar todos os direitos humanos, a começar por aquele de manifestar.
          Não há nada mais repulsivo, senão  fingir que tudo corra no melhor dos mundos. No momento em que as ordens em Israel se voltam para dizimar os grupos corajosos que protestam contra a injustiça, de onde ela venha, algo de muito sério está acontecendo com a brava gente israelense, e, sobretudo, com sua atual liderança.

             O poder de um Povo, que apenas reivindica Justiça, não cessará de crescer, à medida que a nova dos crimes do exército de Israel contra os direitos humanos se espalhe por esse mundo, vasto mundo, que sabe distinguir o opróbrio do gesto  de quem respeita o direito do próximo de manifestar-se.
              Para uma gente que tanto sofreu sob o tacão e o fuzil de terríveis, miseráveis  ditaduras, não se escondam atrás dos discursos enganosos que têm o despudor de considerar mentiras aquelas verdades que matam os corajosos manifestantes.
                A mentira, não importa a tribuna em que seja dita, não prevalecerá.  Se já no passado, sem os meios de comunicação hodiernos, a sua vida costumava ser curta, o que dizer de hoje, em que o direito de informar paira acima dos tiranetes de ocasião?

( Fontes: O Estado de S. Paulo, CNN )  

Nenhum comentário: