Desde o início das
manifestações palestinas, as forças militares de Israel têm tratado a gente de
Gaza com se representassem perigosa ameaça para os destacamentos israelenses.
De forma brutal, que não encontra
exemplo na eventual reação a manifestações populares que defendem o sagrado
direito de levar a verdade a todas as partes, ao invés a soldadesca israelense emprega munição viva
contra os demonstrantes. E não são sequer balas de borracha - que é o recurso
usual de polícia que se confronte com manifestantes porventura violentos.
Pois para Israel, ao que parece, inexistiriam
tais recursos de tropa civilizada para lidar com manifestações contrárias. Não. Para Netanyahu e seus acólitos, quem se manifesta
politicamente contra Israel, merece balas de verdade.
Nas diversas manifestações em que as
multidões árabes, amontoadas no inferno de Gaza, revelam a própria contestação
contra a violência institucional do Estado israelense, os palestinos não se servem de live ammunition (a munição viva que traz a
morte), ao contrário das tropas israelenses. Pois os palestinos marcham com a
verdade e por isso abominam tal violência. Atirar contra manifestantes que não
portam armas, e sim desfraldam o pavilhão da verdade, em que terra estamos?
Matar estúpida, boçal e cruelmente um jovem ou um velho que caminha, em paz e desarmado, sob
a nobre toada das belas e sofridas causas,
a que preço se comete tal abominação ?
Ao praticarem tais crimes, a que objetivo se lança a
soldadesca? Eles repetem o arcaico incômodo
daqueles a quem a verdade é presença inoportuna e desconfortável, e que por
isso, apesar de manifestamente não terem meios e modos de golpear, ferir ou mesmo matar
os adversários, partem para a crua, física ameaça de quem ouse contestar-lhe as
supostas verdades !
Assim, apesar de não encontrarem
igreja que pregue a sua aniquilação física,
pulsões inconfessáveis os levam a ameaçar a parte adversária. Mas lá, no
Meio Oriente, ignoram qualquer respeito para com essa gente que sai do inferno
de Gaza. Não há cinismo maior que o de querer exterminar quem marcha pelo direito
de manifestar o próprio pensamento.
A tropa militar
vira escumalha, não quando se posta para conter eventuais distúrbios, mas ao
ser enviada para matar seus semelhantes,
que ousam manifestar-se por um mundo e terra melhores.
E é exatamente esse procedimento
inumano, cruel e fora de qualquer limite de respeito ao manifestante que não
apresenta perigo algum efetivo para as forças israelenses, que hoje semelha
estar fora das usanças das tropas encarregadas da segurança, na Terra Santa.
Dois exemplos para indicar esse crime
militar, esse desrespeito façanhudo às leis que presidem a segurança das
manifestações. O governo israelense e
seus prepostos não respeitam nenhuma norma
de direito que se aplique à contenção de manifestações.
Além das tropas de
Israel utilizarem a live ammunition,
tudo indica que as instruções que recebem de seus chefes é de que não se
conformem nem respeitem a qualquer norma civilizada, que discipline o eventual
controle de manifestações.
Tudo leva a crer, ao
invés, que esses novos janízaros de
Israel - que muitos pensaram houvessem desaparecido com o Califa daqueles tempos - têm instruções específicas
para desrespeitar os direitos humanos dos manifestantes desarmados. Tal é comprovado pela fuzilaria que dirigem
contra a imprensa árabe, apesar de que os repórteres de órgãos de países arabes
portem as indicações de usança para que a soldadesca israelense os distinga
como representantes da imprensa, que ali estão para documentar a manifestação.
Qualquer pessoa, por mais ignara que seja, sabe que os repórteres têm o básico,
fundamental direito de documentarem a ocorrência, e que o fazem com meios
pacíficos.
Que tais
pessoas, que apenas cumprem o seu dever de informar, também sejam alvejadas por essa tropa - que ignora até as suas sinalizadas
funções de imprensa - como se poderia descrever tão covarde ação, senão como acinte ao direito humano de
informar, além de mostrar o caráter
fascistóide dessa força armada que sequer respeita o direito de informar?
O povo
árabe-palestino faz jus a todo o humano respeito. A maneira com que a tropa de Israel é
empregada, com extrema violência que busca reprimir manifestações desarmadas, do
Povo da Palestina, configura o modo mais arrogante de um regime, que não se
peja de imitar as práticas mais repugnantes do nazi-fascismo.
Levar bandeira ou estandarte
palestino não é crime em parte alguma. Se o gabinete Netanyahu não trepida em
abater manifestantes desarmados, ele está apenas reeditando as perseguições e
violências que, em outras épocas, sofrera o Povo Judeu.
A opinião pública mundial e mesmo
aquela estadunidense não será enganada por essa torpe repressão, que mata
jovens, mulheres e até jornalistas. E por mais repugnante que seja a prática de
fuzilar o demonstrante que é culpado de antemão por reivindicar a justiça não da
manada, nem dos bandoleiros, mas aquela que deveria unir os homens, então é
mais do que hora de respeitar todos os direitos humanos, a começar por aquele
de manifestar.
Não há nada mais
repulsivo, senão fingir que tudo corra
no melhor dos mundos. No momento em que as ordens em Israel se voltam para
dizimar os grupos corajosos que protestam contra a injustiça, de onde ela venha,
algo de muito sério está acontecendo com a brava gente israelense, e, sobretudo,
com sua atual liderança.
O poder de um Povo, que apenas
reivindica Justiça, não cessará de crescer, à medida que a nova dos crimes do
exército de Israel contra os direitos humanos se espalhe por esse mundo, vasto
mundo, que sabe distinguir o opróbrio do gesto
de quem respeita o direito do próximo de manifestar-se.
Para uma gente que tanto sofreu
sob o tacão e o fuzil de terríveis, miseráveis
ditaduras, não se escondam atrás dos discursos enganosos que têm o
despudor de considerar mentiras aquelas verdades que matam os corajosos manifestantes.
A
mentira, não importa a tribuna em que seja dita, não prevalecerá. Se já no passado, sem os meios de comunicação
hodiernos, a sua vida costumava ser curta, o que dizer de hoje, em que o
direito de informar paira acima dos tiranetes de ocasião?
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, CNN )
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